Restaurante Epá!Boarepa: a alma venezuelana numa arepa

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Andrea Pereira nasceu em Caracas, na Venezuela, mas desde cedo se habituou a visitar Portugal, país de onde os seus pais são naturais. Formada em Direito no país natal, decidiu fazer vida deste lado do Atlântico há sete anos, mas só há dois anos teve a ideia de abrir um espaço venezuelano, que unisse o conceito de café-bar ao de restaurante.

A vontade por trás do espaço Epá!Boarepa é, por um lado, a de unir a comunidade venezuelana e latino-americana em torno da gastronomia, e, por outro, mostrar aos portugueses o que de melhor se come na Venezuela. Em 2015, não existia ainda nenhum restaurante venezuelano em Lisboa, apesar da grande comunidade de imigrantes que se ia formando. Depois de uma primeira tentativa de abrir na capital, acabou por se estabelecer em Parede.

O gosto de Andrea Pereira pela comida venezuelana foi decisivo na hora de querer mostrar a “enorme variedade de pratos típicos”. No Epá!Boarepa a oferta limita-se à arepa, à cachapa e aos tequeños – pratos “mais rápidos”. Mas também fazem serviço de restaurante no espaço de eventos anexo, com pratos mais elaborados para grupos, que incluem o pabellón ou o asado negro.

Porém, o que para um português desatento pode parecer um “lanche”, é uma refeição digna do nome na gastronomia venezuelana. Andrea explica que o recheio define a refeição, se for comida ao lanche, a arepa pode levar queijo, fiambre… ao almoço e jantar: carne, frango, abacate, feijão preto… A diversidade é grande e estas misturas eficazes podem ser consumidas a qualquer hora do dia.

Quando questionada sobre como aprendeu a cozinhar, Andrea explica que confecionar a massa da arepa é um hábito diário na Venezuela, tal como para os portugueses é natural o uso do pão. Quanto à carne, pode ser de vaca ou frango desfiado, com um refogado típico, feito de pimentos, tomate, cebola… onde se pode incluir o abacate ou outras combinações.

A arepa esconde em si uma receita muito simples, à base de farinha, milho branco sem glúten, água e um mínimo de óleo e sal. A técnica para a massa é o mais complicado, na opinião de Andrea. Este é um talento “que depende de cada um”, mas, na prática, faz-se uma esfera que, de seguida, é espalmada até ficar com o formato circular achatado. Para a ajudar, tem na cozinha uma funcionária venezuelana, com quem faz também serviço de catering, que inclui os mesmos pratos em pequeno formato. À venda no espaço tem ainda produtos tradicionais, importados a partir de uma distribuidora em Madrid.

Andrea conta que, quando a situação política se tornou mais hostil no país, muitas pessoas começaram a vir para Portugal, por terem cá família. “Gostava de ter um espaço que recebesse bem as pessoas que se identificam com a cultura ibero-americana, que falam a mesma língua, e que tivesse também festas latinas, como aliás já organizei”, explica.

Apesar disso, os seus clientes mais frequentes são portugueses. Por isso mesmo, criou uma arepa “tuga”, confecionada com queijo da serra e chouriço. A preferida, no entanto, é a de abacate e frango, bem como a cachapa (uma espécie de crepe de milho amarelo, cujos recheios mais tradicionais são os queijos telita ou de mano). “Há muitas pessoas que só conhecem o espaço pelo «passa a palavra» de outras pessoas que provaram os meus tequeños – que podem ter bacon, doce de goiaba e queijo”, acrescenta ainda.

Quanto às bebidas, a frescolita é o refrigerante cujo sabor “não se compara a nenhum outro”, uma espécie de “pastilha elástica tutti frutti e morango”, bem como a la chicha, uma bebida feita com base de arroz. Existe ainda a cerveja típica Polar, e o rum. As sobremesas incluem o doce três leches, feito à base de biscoito “molhadinho” com três tipos de leite, o quesillo (doce parecido ao toucinho do céu) e la marquesa (com bolacha Maria, leite condensado e chocolate).

Onde fica:
R. Machado dos Santos 482B, 2775-239 Parede
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