Diogo Rutkowski – vencedor do Concurso de Fotografia BTL 2015
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___________________________________________________________________________________[Entrevista a Diogo Rutkowski, vencedor do Concurso de Fotografia “Eu fiz o Mochilão na América Latina” na Bolsa de Turismo de Lisboa 2015, organizado pela Casa da América Latina]
1. Como avalias a experiência de partilhar a tua viagem na BTL?
Poder partilhar a experiência vivida na América do Sul foi para mim muito importante, porque me proporcionou uma oportunidade para relembrar vários momentos vividos e dar a conhecer os sítios inesquecíveis por onde passei. Para aqueles que já conheciam, relembrei, e a quem nunca lá foi, aconselho a viagem. Mais do que a importância da viagem, descobrir e conhecer, é importante incentivar os outros a fazê-lo e mostrar que existem locais no mundo que precisam de ser vistos e experimentados. Lugares que fazem com que olhemos o mundo por outra lente com outros olhos.
2. A fotografia teve um papel especial nesta viagem?
Sem dúvida que cada fotografia não foi escolhida, nem tirada, ao acaso. Hoje em dia, comenta-se que as pessoas se preocupam mais em tirar uma fotografia do que apreciar a própria da paisagem, muitas alcançar o sucesso nas redes sociais. Não foi, nem é nisso que penso quando tiro fotografias.
Primeiro, aprecio a paisagem e, depois, tento capturar o que vejo, para nunca esquecer. Estamos a falar de paisagens cheias de cor, textura e luz, de povos completamente diferentes, com cores, culturas e expressões características, que cada um interpreta à sua maneira, com base nas suas experiências e no que considera importante. Uma fotografia nunca é um acaso, uma fotografia tem sempre um papel especial.
3. Tiveste eco do teu trabalho por parte de outras pessoas interessadas em fazer o mesmo?
Inesperadamente, tive bastante feedback após a publicação da fotografia. Não só de amigos mas também de desconhecidos! Não aconteceu só uma vez perguntarem como participar no concurso e qual foi o prémio que recebi.
4. Que tipo de conselhos poderias dar a quem quer fazer o ‘mochilão’?
De uma forma muito resumida, aconselho que, primeiro que tudo, organizem bem a viagem. Muitos partem para a aventura sem qualquer plano ou compromisso. Recomendo vivamente que planeiem onde querem ir. Normalmente (na minha idade, especialmente), o ‘mochilão’ dura 2/3 meses que, ao contrário do que parece, não é muito tempo. A América Latina é enorme e são milhares os sítios que merecem ser vistos.
É sempre útil viajar com um orçamento mais ou menos fixo para gastar na viagem. No geral, estes países são baratos e por isso é fácil poupar… mas é igualmente fácil gastar! Como tudo é mais barato, uma pessoa tende a comprar mais e, consequentemente, a gastar mais.
Formar um grupo em que toda a gente se dê bem é muito importante. Não convém que seja um grupo muito grande (3/4 pessoas parece-me o número ideal). A meu ver, se houver possibilidade, aconselho a formar um grupo com número ímpar de pessoas: é muito mais fácil para tomar decisões,evitam-se conflitos desnecessários.
Por outro lado, é importante estar sempre atento às mochilas e a outros pertences. Há muitos roubos. Adormecer no autocarro sem estar agarrado à mochila pode ser um grande problema. Recomendo as bolsinhas que se põem à volta da anca e debaixo da t-shirt para guardar passaporte,notas, etc. Eu tinha um cinto com um fecho por dentro: guardava o dinheiro lá dentro e, como andava sempre com ele, estive muito mais descansado a viagem inteira.
Por último, aproveitem para experimentar todo o tipo de comida e bebida. Não tenham nojo de comer ratos e medo de mastigar folhas de coca (muito habitual na Bolívia e Peru, devido à altitude). Uma das melhores formas de conhecer uma cultura é através da sua gastronomia.
5. Qual foi a repercussão de ganhar o concurso de Fotografia da BTL?
Foi poder ter uma reação muito positiva de todos aqueles que viram o meu trabalho, o que me incentivou a continuar a fotografar.
6. Viajaste pelo Chile, Peru, Bolívia, Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil. O que destacas em cada um destes países?
– Chile: De norte a sul. Parque Nacional de Lauca, Atacama, Torres del Paine, Santiago do Chile
– Peru: Cusco, Machu Picchu
– Bolívia: Salar de Uyuni, Death road
– Argentina: Buenos Aires
– Uruguai: Punta del Leste, Montevideo
– Paraguai: Laguna Blanca
– Brasil: Rio de Janeiro
Os sítios que mencionei não são os únicos que acho que vale a pena em cada país! Existem muitos locais que adoraria ter explorado mais, tais como a Argentina (o sul principalmente), Peru e Brasil. Acredito que, no que toca à América Latina (e ao mundo no geral), quanto mais viajamos, quanto mais conhecemos, mais queremos viajar e mais queremos conhecer.
7. Achas importante haver divulgação deste tipo de experiências?
Acho. É importante ajudar os outros a planear a sua viajem. Como referi anteriormente, a América Latina é muito extensa e, por esse motivo, é necessário planear estrategicamente todos os pontos que valem a pena. São tantos os sítios e o tempo tão escasso que qualquer ajuda deve ser bem recebida. E, sem qualquer dúvida, quem melhor nos pode dizer isso é quem já lá esteve! Para além de também poderem aconselhar sítios para dormir, para ter uma refeição, preços, visitas que recomendam, etc, de modo a tornar a experiência ainda mais inesquecível.
8. Tens planos de voltar à América Latina?
Planos para voltar não me faltam! Agora é só esperar que a vida o permita. Vivi no Chile durante vários meses e sinto Santiago como uma segunda casa. O Chile (e a América Latina no geral) proporcionou-me momentos que nunca vou esquecer e que do quais alegremente me recordo. Experimentar, mais uma vez, e outra, e outra, aquela cultura que ainda muito tem dos povos que as criaram, aquelas pessoas sempre sorridentes, bem-dispostas, aquelas paisagens cheias de cor é algo que não posso nunca recusar.