Portugal Exportador: América Latina, que desafios?
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___________________________________________________________________________________América Latina, que desafios? Pablo Garrido Araúz, Embaixador do Panamá em Portugal e Vice-presidente da CAL, Paulo Dalla Nora Macedo, economista, especialista em Relações Governamentais e cofundador do Instituto Política Viva (Brasil) e Cristina Valério, Coordenadora Económica da Casa da América Latina, tentaram responder a esta pergunta, numa conversa que ocorreu no Palco Mundo, a 19 de outubro, durante o certame Portugal Exportador, organizado pela Fundação AIP e AICEP.
A CEPAL – Comissão Económica para América Latina e Caraíbas refere, no seu mais recente estudo, que os países da região continuarão a enfrentar um cenário económico de baixo crescimento. Espera-se que o produto interno bruto (PIB) regional cresça 1,5% em 2024, ligeiramente abaixo dos 1,7% estimados para o presente ano.
Para 2023, a CEPAL projeta ainda que todas as sub-regiões apresentarão um crescimento menor em relação a 2022: a América do Sul crescerá 1,2% (3,7% em 2022), o grupo formado por América Central e México crescerá 3,0% (3,4% em 2022) e as Caribas (excluindo a Guiana) crescerá 4,2% (6,3% em 2022).
“Por isso, o Panamá é sem dúvida um dos países a eleger pelas empresas portuguesas. Um país que cresce mais de 4% ao ano, num contexto de crise global é o país certo para investir” salientou Pablo Garrido Araúz, Embaixador do Panamá em Portugal, na sua intervenção, onde destacou ainda Panamá como Hub para a região.
Por outro lado, Cristina Valério referiu as áreas que devem ser consideradas para exportação ou investimento na América Latina, como, a título de exemplo, a transição energética, a eletromobilidade, a economia circular, a bioeconomia, a reacomodação geográfica da produção, a indústria farmacêutica e de ciências da vida, a indústria de dispositivos médicos, a exportação de serviços modernos habilitados pelas tecnologias da informação e comunicação (TIC), a fabricação avançada, a igualdade de gênero e a sociedade do cuidado, a gestão sustentável da água, o turismo sustentável, o governo digital e a segurança alimentar.
“Atualmente a União Europeia tem acordos comerciais vigentes com 25 países da América Latina e do Caribe, número que se ampliaria para 29 países ao concretizar-se a assinatura e entrada em vigor do acordo alcançado com o MERCOSUL em 2019. Isso converte a União Europeia no parceiro extraregional com a maior rede de acordos na região. Acordos que oferecem não só oportunidades de exportação, mas também um abastecimento confiável de produtos essenciais” continuou. “Porém, uma região com grandes reservas de recursos naturais e com elevado potencial no setor agroalimentar, terá de considerar os efeitos negativos dos choques climáticos, como um fator de desaceleramento económico, se não forem feitos investimentos em adaptação e mitigação das mudanças climáticas” alertou.
“No entanto, tanto a União Europeia como a América Latina enfrentam um cenário internacional turbulento, marcado pelas tensões entre os Estados Unidos e a China, a deficiência do sistema multilateral de comércio e as perturbações nas cadeias mundiais de abastecimento provocadas pela pandemia de COVID-19, pela guerra na Ucrânia e no médio oriente. Por isso, ambas as regiões terão tudo a ganhar em unir esforços e criar sinergias para, juntas, ultrapassar este mau momento à escala global” referiu Paulo Dalla Nora Macedo, economista, especialista em Relações Governamentais e cofundador do Instituto Política Viva, dando o exemplo positivo do esforço das empresas brasileiras e portuguesas, no estabelecimento de parcerias e projetos comuns que cumpram esse desígnio transatlântico, destacando Aveiro, e a parceria com a Universidade como um exemplo a seguir”