Cuba na FIA: “Esta iniciativa é importante para promover o intercâmbio cultural entre Cuba e Portugal”

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A Casa da América Latina conversou com Belkis Cruz Saragoza, do Fundo Cubano de Bens Culturais, sobre a participação de artesãos cubanos na Feira Internacional do Artesanato, em Lisboa.


O Fundo Cubano de Bens Culturais teve um papel importante para trazer este artesanato para a Feira Internacional do Artesanato. Como é que foi o processo?

O Fundo Cubano de Bens Culturais é uma empresa com mais de 45 anos de promoção das artes plásticas e aplicadas em Cuba, e estamos hoje aqui, após 15 anos de ausência nesta feira de artesanato, com 5 artesãos mas com obras de muitos criadores cubanos, representando todas as manifestações das artes aplicadas, do artesanato e das artes plásticas também.

E estamos a falar de que manifestações artísticas, especificamente?

Aqui temos a ourivesaria cubana, o artesanato, a cerâmica de artistas reconhecidos camagüeyanos. Temos também artesanato para o tabaco, temos outras pinturas de arte contemporânea, temos artesanato em madeira utilitária…

E este artesanato que trazem a Portugal é usado no dia-a-dia em Cuba?

É um artesanato com muita aceitação em Cuba. Temos também outras manifestações como a reciclagem: utiliza-se a fibra, o fio, e dá-se beleza a materiais que às vezes são inúteis e volta-se a dar-lhes beleza e utilidade.

Disse que trouxeram 5 artesãos e que há 15 anos que não vinham a esta feira, já é muito tempo. Esta iniciativa é importante para a economia cubana?

Esta iniciativa é importante primeiro, penso eu, para promover o intercâmbio cultural entre Cuba e Portugal, também porque nos pode ajudar na comercialização das obras dos criadores, e para a economia porque é parte da exportação do nosso país.

Estes 5 artesãos que estão aqui vieram de Cuba? Como é que os apresenta?

Eles vieram de Cuba através do Fundo Cubano de Bens Culturais, e cada um promove e comercializa as suas obras nestes stands. Podemos fazer intercâmbio com eles, podem mostrar-nos as suas obras como se vê feitas de pele, prata, reciclagem, madeira.

Eles costumam sair de Cuba para ir a outras feiras de artesanato?

Sim, todos foram a várias feiras internacionais. Muitos são Prémio FIAR, participaram na feira mais importante de Cuba, a FIAR, que se celebra todos os anos e que volta este ano, e oxalá que em algum momento também possa estar presente Portugal. Já viajaram por diferentes feiras em muitos países da Europa, da América…

Já estão habituados a mostrar o seu trabalho?

Sim!

Porque é que há 15 anos que não vinham participar na feira de Portugal?

Bem, por diferentes motivos. Estamos aqui a rever quais são as oportunidades, quais são os gostos, as preferências dos portugueses, de outros visitantes, para então depois podermos impulsionar e trazer de Cuba aqueles que também mais possam ser apreciados, cujos produtos possam ser mais úteis.

Foi o Fundo Cultural que organizou esta participação?

Sim, foi o Fundo Cubano de Bens Culturais que organizou esta participação com o apoio também da Embaixada de Cuba em Portugal. Além disso, o comité organizador daqui da Feira Internacional de Artesanato, faz questão que estejamos presentes como país convidado em 2023. Isso seria outra oportunidade, ou uma oportunidade mais representativa para nós mostrarmos o nosso artesanato, as artes visuais, também a música e a gastronomia.

Esta iniciativa representa também um investimento económico para o Fundo Cubano de Bens Culturais?

Sim. Primeiro damos prioridade à promoção dos valores culturais, mas claro que também temos a intenção de comercializar, e comercializar é um benefício económico também.

Imagino que em Cuba o artesanato seja uma parte importante para a economia por causa dos turistas. O turismo é muito importante para a economia cubana e os turistas compram artesanato. Temos noção de quantos artesãos há, qual é a importância do artesanato para a economia, algum número que possa partilhar connosco?

Não consigo precisar-lhe agora o número, mas o artesanato em Cuba tem mais protagonismo a cada dia. Não só o artesanato mas também as artes visuais. E não apenas para o turista mas também para a própria população cubana como esta minha equipa porque, como vê, é também artesanato utilitário, coisas para a cozinha, para a casa, para decorar. E sim, realmente, todos os anos vai crescendo e crescendo o impacto que tem o artesanato e as artes visuais na economia.

Mas não sabemos qual é a percentagem do artesanato na economia?

Não lhe consigo precisar, teria de consultar.

Já conhecia Portugal?

É a primeira vez que estou em Portugal.

Quais são as suas impressões?

Lisboa é uma cidade muito bonita, muito limpa, com um povo educado e que se identifica com Cuba, que aprecia a obra e o artesanato cubano. Estou muito encantada por estar em Portugal e espero que a experiência se volte a repetir.


Entrevista realizada por Raquel Marinho

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