O restaurante peruano que fica a Caminho do Castelo

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Para quem sabe ao que vai ou para quem está simplesmente de passagem, o restaurante Caminho do Castelo é um recanto delicioso mesmo ali por trás da Sé de Lisboa, onde começa, precisamente, a subida que leva ao castelo. Gerido por uma jovem empreendedora peruana (Zurire Peche), que vive já há 19 anos em Portugal, e sob a égide do chefe Marcos Falconi, possuí um menu abrangente que junta pratos tradicionais peruanos, fusões com a gastronomia portuguesa, opções vegetarianas e uma carta de vinhos portugueses de fazer inveja.

Dois percursos que se cruzam

Nascida de uma família de comerciantes de joias e artesanato, Zurire veio com 13 anos para Portugal com a mãe, que se apaixonou por este país “à beira mar plantado”. A primeira loja de bijuteria e decoração que abriu foi no centro comercial Floresta, na Tapada das Mercês – um dos primeiros da zona. Já aí Zurire e as duas irmãs (uma delas sócia do restaurante) se adaptavam ao ambiente de negócios, algo que “nasceu naturalmente” nelas com o passar dos anos.

O gosto pela restauração “é algo mais do foro pessoal”, e o projeto do restaurante iniciou um ramo completamente novo para as irmãs, que decidiram reestruturar o espaço de uma antiga loja de bijuteria, tendo em vista um local de passagem, onde se pudessem comer tapas de influência portuguesa e peruana.

O conceito cresceu com a associação do chefe Marcos ao projeto. Marcos veio para Portugal com 19 anos, com uma banda de músicas dançantes na qual toca flauta. A mãe foi uma grande influência na cozinha: “dizia que quando me fosse embora teria de saber fazer muitas coisas sozinho e, por isso, já estava ambientado à cozinha quando vim com a banda”, explica o chefe, que, antes de vir para Portugal fez uma digressão pela Europa. “O último país que encontramos foi Portugal e ficámos. Estávamos a pensar viajar apenas seis meses e ficámos até hoje”, conta o chefe Marcos, que permanece em solo nacional 27 anos depois, e que, por trás da personalidade reservada, esconde uma carreira vastíssima.

Começou como chefe de cozinha naquele que é o atual hotel Radisson, no Campo Grande, e foi passando por várias casas, “para poder aprender várias coisas diferentes”. Trabalhou no Casino do Estoril, Centro Cultural de Belém, com o chefe Vítor Sobral e outros grandes chefes portugueses que foi conhecendo. “Em todas as casas que trabalhei cozinhei sempre algo peruano. Eles provavam, gostavam, e às vezes englobavam esse prato no menu”, afirma. A paixão pela gastronomia é agora equilibrada com a música.

“A cozinha peruana deu um salto muito grande nos últimos anos”, refere Zurire, garantindo que o sucesso do restaurante “deve-se muito ao trabalho do nosso chefe”. Conheceram-se em Lisboa, nas festas da comunidade peruana, onde se reúnem amigos comuns, e de uma amizade surgiu um novo negócio.

Um menu que une o tradicional à fusão

O menu do Caminho do Castelo é composto por brunches e pequenos-almoços (onde se incluem tostas, ovos mexidos, iogurte), entradas (mistos de queijo e enchidos, farinheira, sopa), “Causas do Caminho” (onde podemos encontrar uma grande variedade de opções deste prato tradicional peruano), empanadas caseiras com diversos recheios, pratos mais “pesados” como a “Espetada Antichutera” (de coração de boi e batatas à murro) ou a “Salchituga” (linguiça grelhada com batata frita), ceviches e seafood.

Desde o clássico peruano até à fusão com a gastronomia portuguesa, o Caminho do Castelo oferece um menu no qual se incluem escolhas para todos os gostos, com o cuidado de incluir sempre opções vegetarianas (“Tosta Vegetariana” com abacate, tomate a manjericão, “Causa Veggie” com quinoa e legumes salteados, “Ceviche Veggie”, com cogumelos frescos, “Quinotto de Legumes”), sem glúten (“Menu sem Glúten”, entre outras opções), ou mesmo adaptações portuguesas dos pratos peruanos (como é o caso da “Tosta Portuguesa” com presunto e queijo, “Causa à Portuguesa”, com recheio de bacalhau, “Ceviche Luso” com polvo, gambas e corvina à portuguesa).

O menu de wine tasting com vinhos portugueses do restaurante acentua a intenção de ligar as tradições dos dois países. “Os pratos de carne casam muito bem com os vinhos tintos portugueses e os pratos frescos vão muito bem com os vinhos brancos, especialmente se tiverem lima vicentina”, garante Zurire. Quer isto dizer que “também para os peruanos pode ser uma surpresa vir a este restaurante. Muitos daqueles que aqui passam já conhecem a comida da América Latina, mas ficam fascinados com os vinhos”, conta.

Quanto aos vinhos licorosos, são uma surpresa na carta, como complemento das sobremesas, que não deixam nada a desejar e representam bem a grande variedade dos doces peruanos. O “Semi-frio de Lúcuma”, em base de chocolate, é de comer e chorar por mais, mas os típicos “Alfajorzitos” de bolacha de maisena recheada com creme de leite e a “Tarde de Amêndoas” sem glúten não ficam aquém.

O restaurante faz serviço de take-away e está aberto a partir das 10h00 todos os dias, fechando às 18h30 às segundas, terças e domingos, às 23h00 às quartas e quintas e às 24h00 às sextas e sábados.

Zurire e Marcos afirmam já não se sentir estrangeiros em Portugal. “Já pensamos e falamos em português, também não nos sentimos 100% peruanos, pois, no meu caso, já estou aqui há mais de metade da minha vida. Uma luso-peruana portanto!”, afirma Zurire, nascida na região norte do Peru – conhecida por ser das melhores em termos gastronómicos. “Muitos dos pratos tradicionais do Peru vêm de lá, onde também se cultiva muito, e existe muita comida orgânica, o arroz é espetacular. Também recomendo Lima, mas esta é uma região que vale a pena conhecer”. Apesar das saudades da família, estes peruanos pretendem continuar em Portugal, investindo na ligação que une os dois países, e que não se pode descurar: a paixão pela comida.

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