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O Governo da Colômbia designou 2024 como o ano de La Vorágine, obra-prima da literatura colombiana e latino-americana do século XX, comemorando o 100º aniversário. Lançou programação nacional e internacional liderada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, que procura promover um maior conhecimento da obra em mais regiões da Colômbia, para que seja divulgada a novos públicos.

Seguindo o interesse e missão da Casa da América Latina em divulgar a cultura dos países latino-americanos… nasceu a exposição “Oh Selva…” presente pela primeira vez em Portugal.

Segundo o curador Francisco Arévalo a exposição “Oh Selva…” “não só homenageia La Vorágine como também utiliza a sua narrativa como plataforma para rever e criticar as realidades contemporâneas da Amazónia. A brutalidade e o conflito entre o homem e a natureza descritos por Rivera são recontextualizados nas obras dos artistas participantes para abordar problemas atuais como a desflorestação, a crise ambiental e a marginalização das comunidades indígenas.”

La Vorágine fala sobre a exploração da borracha na Amazónia Colombiana, nas cicatrizes da colonização e nas lutas persistentes pela preservação da memória ancestral e da identidade, num ambiente cada vez mais ameaçado por uma civilização que resiste à assimilação cultural. “A selva, neste caso, não é apenas o cenário natural da narrativa mas uma personagem central carregada de simbolismo que reflete sobre a paisagem física, as suas tensões históricas e o contexto ecológico e cultural, especificamente da região de Chorrera na Amazónia colombiana.

No seu conjunto, a exposição convida o espectador a questionar a sua relação com a natureza e a história, a compreender a selva como um lugar carregado de memória e resistência e a reconhecer as vozes que foram historicamente silenciadas. A floresta amazónica colombiana, neste caso, não é apenas um espaço físico, mas um símbolo da luta constante pela sobrevivência e dignidade num mundo que muitas vezes a vê como um recurso explorável.”

Curadoria de Galeria Elvira Moreno, de Bogotá e Francisco Arévalo com participação dos artistas de destaque Felipe Arturo (Bogotá 1979), o coletivo de filmes “La Vulcanizadora” María Rojas Arias e Andrés Jurado com direção de Ferney Lyokina e Vitilia Iyokina (La Chorrera) e Aimema Uai (La Chorrera 1996).

 

Elvira Moreno, Diretora da galeria, e Francisco Arévalo, Diretor Programático da galeria e Curador da exposição.

A Galería Elvira Moreno é um espaço dedicado à pesquisa, experimentação e pensamento progressista focado em exposições que exploram o significado da arte contemporânea, as influências históricas internacionais exercidas pela arte latino-americana e os movimentos modernistas e pós-modernistas internacionais do século XX.

 

Artistas:

Filipe Arturo 

Felipe Arturo, Bogotá, 1979, arquiteto e artista – a sua prática integra elementos do urbanismo, arquitectura e arte, em articulação com a política, história, geografia e economia. Os seus trabalhos e projetos materializam-se em escultura, instalação e vídeo partindo de conceitos como a estrutura, a sequência e a matéria. Licenciou-se na Universidad de los Andes, Bogotá, fez o mestrado em Nova Iorque (Columbia University) e o doutoramento na Universidade de Évora. Vive e trabalha em Lisboa.

Tem duas instalações nesta exposição:

Vorágine Materia Prima – esculturas feitas a partir de páginas entretecidas dos livros de La Vorágine – “La instalación intenta devolver las páginas y la arquitectura del libro a su origen natural como fibra, entrelazando el papel de un libro con otro hasta crear una especie de estructura natural: raíz, rama, liana, bejuco, ramificación o planta colgante (…) La obra esconde el contenido literario del libro, al tiempo que le devuelve al papel su sentido de fibra natural.”

La Vorágine por peso – esculturas constituídas por uma série de balanças que pesam edições diversas de La Vorágine, representando várias medidas utilizadas na exploração da borracha na Amazónia – “Estos pesos y medidas no solo representaron por casi medio siglo un siniestro valor de cambio, sino también la manifestación concreta del objeto de la economía extractiva. Muchas veces estas unidades fueron la razón de vida a la que fueron sometidos cientos de miles de personas que perecieron dentro de esta lógica económica.”

 

Aimema Uai,

Aimema Uai, 1996, nascido na Amazónia Colombiana, na região de Chorrera, é um artista indígena pertencente à etnia muruy muina, da Amazônia colombiana. Aimema pinta sobre tela com diferentes técnicas e pintou já mais de 300 quadros, todos inspirados na sua cultura e nas selvas da zona da Amazônia colombiana. O seu foco é a cultura, identidade, história, decolonialismo, território, ambiente, arte contemporânea e performance.

O artista colombiano construiu uma trajetória académica e artística bastante completa tendo começado na Universidade de Bogotá em 2020, passando pela feira de arte Feria del Millón, ARTBO, Museo de Memoria de Colombia em 2022, Galería Instituto de Visíon, chegando a Londres em 2023. Em 2024 esteve na 6oª Exposição Internacional de Arte de Veneza, Art Week Mahalla em Berlim, Consulado da Colômbia, World Museum e Academia de Arte em Viena de Aústria.

 

Na exposição “Oh Selva…” tem várias obras:

“Aimema utiliza a geometria ancestral, a iconografia mitológica e representações pictóricas que evocam o simbolismo e a estrutura cultural de la maloca, um espaço comunitário que no seu trabalho se traduz em representações pictóricas e instalações imersivas. As malocas, estruturas tradicionais das comunidades amazónicas, não são apenas casas, mas representações do universo onde se passam os acontecimentos mais importantes da vida social, política e religiosa. Na obra de Aimema, la maloca torna-se um microcosmos de resistência e continuidade cultural, um espaço onde passado e presente dialogam e de onde são transmitidas as reflexões espirituais, nucleares e históricas do seu povo.

A relação de Aimema com La Vorágine vai para além de uma referência literária, descontextualizando a memória da exploração e oferecendo uma visão pessoal, onde a memória se reflete através do olhar das comunidades violentadas em nome da civilização. No seu trabalho, a selva é um espaço colonizado e explorado, mas que continua a proteger de forma resiliente o conhecimento ancestral que permitiu ao seu povo prevalecer.”

 

Colectivo La Vulcanizadora

“O coletivo cinematográfico La Vulcanizadora, composto pelos cineastas María Rojas e Andrés Jurado, traz o diálogo entre a memória e a resistência para uma linguagem audiovisual contemporânea. O seu trabalho explora os efeitos persistentes do colonialismo, o arquivamento da memória histórica e as narrativas de revolução e resistência, tudo através de uma lente crítica que mistura ficção científica e documentário expandido.”

No contexto da exposição “Oh Selva…”, o coletivo apresenta dois filmes realizados por membros da etnia Okaina, originários da região amazónica.

 

Informações:

A exposição “Oh Selva…” estará pela primeira vez em Portugal, na Casa da América Latina – Casa das Galeotas (Av. da Índia, 110) até dia 28 de março de 2025. De segunda a sexta das 10h às 18h.

Consulte aqui o texto curatorial da exposição.

 

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Publicado: Janeiro, 2025.