Visita dos embaixadores e diplomatas da América Latina ao Porto de Sines
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___________________________________________________________________________________A 1 de fevereiro, numa organização conjunta entre a Casa da América Latina, a Embaixada do Panamá e a Administração do Porto de Sines e Algarve, teve lugar uma jornada de trabalho com os Embaixadores e Diplomatas da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, México, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Venezuela radicados em Portugal, ao Porto de Sines.
Bernardo Ivo Cruz, Secretário de Estado da Internacionalização, recebeu a delegação e enalteceu a relação de amizade entre Portugal e a América Latina, definindo-a como uma mais valia para enfrentar os novos e desafiantes problemas que o mundo enfrenta atualmente. “Choca-me que a relação entre a UE e a AL se tenha degradado nos últimos tempos, por isso vejo a realização de visitas como esta a Sines e a futura realização da Cimeira UE e CELAC – Comunidade dos Estados da América Latina e Caraíbas – como um bom recomeço na construção de uma base de um entendimento partilhado, Portugal, União Europeia, América Latina, mais alinhado em 2023”.
“Não trabalhamos sozinhos”. Foi esta é a primeira orientação estratégica defendida ao longo da apresentação por Duarte Lynce de Faria, administrador do Porto de Sines. Duarte Lynce de Faria referindo que as orientações principais dessa administração são “alcançar maior quota nos Portos Ibéricos, expandir a atividade das ZILS e ZAL- Zonas Industriais e Logísticas de Sines e liderar as satisfação dos stakeholders.” O administrador do Porto de Sines sublinhou ainda a ideia de que só em articulação se pode crescer de forma sustentável. Os cinco terminais portuários: de graneis líquidos, petroquímico, multipurpose, gás natural e contentores, operam 24h00/dia. Sines é o porto responsável por mais de 50% da carga movimentada em Portugal, perfazendo, por ano, mais 46,5 milhões de toneladas de mercadorias e 1, 8 milhões de TEU. Sem carvão e prevenindo possíveis mudanças nos tráfegos de produtos energéticos, Duarte Lynce de Faria referiu ainda que Sines aposta também no desenvolvimento de outros mercados, como serão os casos do agro-alimentar em ligação à América Latina, e do automotive, sendo que, contudo, a relação comercial com a América Latina deveria ser, obviamente, muito maior, uma vez que se trata de um porto de águas profundas imediatamente em linha reta com Panamá. “Ainda não é assim”, sublinhou, “apesar de se verificar já um considerável volume de negócio com esse país, Brasil, México e Chile, o que explica a importância da visita de todos os diplomatas aqui presentes.”
Filipe Costa, CEO da AICEP Global Parques, destacou as diferentes áreas de atuação no Porto de Sines – hub logístico, energia e indústria, hub de mercadorias -, mas também a aposta na transição energética, com perspectivas de grandes investimentos privados, na ordem de 14 mil milhões de investimento na indústria verde, e 6 mil milhões nas estações de amarrações de cabos e nos centros de processamento e armazenamento de dados, além de 12 mil milhões numa mistura de investimento privado e público, sobretudo na ampliação do porto e na melhoria das acessibilidades rodo-ferroviárias. Outro dado importante destacado foi o alinhamento estratégico entre o Porto de Sines e o aeroporto de Beja, reforçando o conceito de hub logístico, que já possibilitou um volume de transporte de mercadorias, equiparado ao tráfico de mercadorias existente no aeroporto do Porto. Filipe Costa reforçou ainda a importância de Sines para a transição digital, Sines TECH, recordando o Cabo Ella Link, que desde 1 de junho de 2021 liga Sines a Fortaleza, no Brasil, representando a primeira ligação direta de alta velocidade por cabo submarino entre a Europa e a América do Sul, uma infraestrutura essencial para a interconexão digital e a transmissão de dados entre os dois continentes.
“Vemos grande potencial na atração de novas cargas e na transformação de Sines num Hub para os países da América Latina na Europa” referiu o administrador Marcos Medeiros da PortSines, detentora do terminal multipurpose, uma empresa do Grupo ETE, com capital 100% português e que detém operações com mais de 10 anos, tanto no Uruguai como na Colômbia.
No final do almoço de trabalho que se seguiu, Alberto Laplaine Guimarães, Presidente da Comissão Executiva da Casa da América Latina, agradeceu a excelência das apresentações e o acolhimento à delegação, destacando a posição estratégica ocupada por Sines em relação à América Latina, as qualidades naturais de um porto único para toda a atividade marítima, e o papel que as informações de cada um dos diplomatas presentes nesta jornada de trabalho podem ter para o desenvolvimento deste espaço, com características únicas, e que, acredita, terá finalmente a atenção e o investimento que merece. “Que o Cabo Ella Link tenha sido só o pretexto para que se intensifique o bom trabalho aqui realizado. E contem com a Casa da América Latina para o que for útil, afim de se atingir os objetivos traçados para Sines”, referiu.
A importância e as boas dinâmicas que se devem criar entre as autoridades locais, autarquias e o Governo foi o mote da intervenção da Secretária de Estado das Pesca, Teresa Coelho, que salientou que “só se chega mais longe, bem acompanhado” a propósito também da presença de vereadora da Câmara Municipal de Sines, Filipa Faria, em representação dessa autarquia na delegação.
Após o almoço de trabalho, seguiu-se a visita aos terminais multipurpose, detido pelo Grupo ETE, ao terminal de contentores e depois a visita ao Centro de Informação e Inovação, onde foi apresentada a Janela Única Logística. Trata-se de uma plataforma eletrónica paperless que conecta todas as autoridades públicas e os operadores privados. “Algo de tal forma inovador que permite que as autorizações para entrar no Porto de Sines sejam concedidas 2,5 dias antes da chegada do navio”, salientou Duarte Lynce de Faria.
No final, o Embaixador do Panamá, Pablo Garrido Araúz, fez um balanço muito positivo da visita e destacou não só a inovação apresentada, como o caminho feito para a digitalização que aproximou verdadeiramente o Porto de Sines aos países da América Latina. E no caso particular do Panamá, ficou muito satisfeito por ver que em quase todas as intervenções surge o seu país, que joga esse papel estratégico de Hub para América Latina, tal como Sines está para Europa, Mediterrâneo e África.