Cinema latino-americano em Veneza: o cinema latino-americano volta a brilhar em Veneza

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O cinema latino-americano tem-se destacado nos últimos cinco anos da Mostra de Veneza e já conquistou três Leões de Ouro, sequência que nesta edição poderá continuar com as propostas de Lorenzo Vigas, Pablo Larraín, Michel Franco e Mariano Cohn e Gastón Duprat.

A categoria principal do 78º Festival de Veneza tem um total de vinte e um filmes, incluindo o último de Pedro Almodóvar, e um quinto de cineastas latino-americanos.

É mais um exemplo do interesse que o festival internacional mais antigo do mundo concede ao continente, ainda maior já que em 2015 o venezuelano Lorenzo Vigas tornou-se no primeiro latino a conquistar o seu maior prémio com “Desde allá”.

Abriu-se então uma sequência que destacou o cinema latino-americano em Veneza e alcançou dois outros momentos estelares, o Leão de Ouro de “The Shape of Water” (2017) do mexicano Guillermo del Toro e “Roma” (2018), de seu compatriota Alfonso Cuaron. 

O retorno de Lorenzo Vigas
O venezuelano Lorenzo Vigas (Mérida, 1967) vai competir em Veneza com a sua segunda longa-metragem, “La Caja”, a história de um jovem mexicano que procura um pai que acredita estar morto e que tenta reconstruir a partir dos ossos que lhe entregam dentro de um pacote.

É novamente o tema da paternidade tão presente no seu mundo e em que mergulhou no documentário “O Vendedor de Orquídeas”, sobre a vida do seu próprio pai, o muralista Oswaldo Vigas, estreado fora de competição na Mostra 2016.

Mas o realizador regressa agora à competição veneziana para mais uma vez disputar o Leão de Ouro, seis anos depois do seu grande triunfo: “Demorou um ano devido à sua extrema meticulosidade”, resumiu o diretor do concurso, Alberto Barbera.

Pablo Larraín tenta a fortuna
O chileno Pablo Larraín (Santiago do Chile, 1976) vai competir com o tão esperado biopic sobre Diana de Gales, “Spencer”, justamente no sexagésimo aniversário do nascimento da princesa, que será interpretada por Kristen Stewart.

O filme, como Barbera avançou, centra-se num fim de semana específico em que Lady Di “decide divorciar-se de uma família que não aguenta mais”.
Larraín vai tentar a sorte novamente num festival que o valoriza, mas ainda não o coroou com o Leão de Ouro, nem mesmo por alguns dos seus filmes mais importantes, como “Post Mortem” (2010), a sua biografia da viúva Kennedy, “Jackie” (2016), que foi o Melhor Guião, e “Ema” (2019).

O regresso da surpresa
Michel Franco (Cidade do México, 1979) aspira ao Leão de Ouro com o seu filme “Sundown”, a história de uma família inglesa que vê as suas férias interrompidas por um telefonema inesperado, estrelado por Tim Roth, com quem já trabalhou em “Chronic” ( 2015).

Barbera não quis adiantar nada “para não estragar a surpresa de um filme que contém muitas”, mas garantiu que mais uma vez revela “a visão inquieta do mundo” do mexicano.

O cineasta, tradicionalmente ligado a Cannes, estreou-se na realização em Veneza no ano passado com “Nova Ordem”, crónica apocalíptica de uma sociedade em chamas e que lhe rendeu o Prémio Leão de Prata do Grande Júri.

Uma dupla argentina
Gastón Duprat (Bahía Blanca, 1969) e Mariano Cohn (Villa Ballester, 1975) competirão com “Concurso Oficial”, que conta com um elenco “em estado de graça”, formado entre outros por Penélope Cruz, Antonio Banderas e o seu ator, Óscar Martinez. É, segundo Barbera, um “retrato cáustico e irónico do narcisismo irreprimível” do mundo do cinema, com um roteiro “brilhante” do irmão de Gastón, Andrés Duprat.

A dupla argentina regressa desta forma a Veneza depois de ter trazido o seu aclamado “Cidadão Ilustre” em 2016, pelo qual Óscar Martínez conquistou a Taça Volpi de Melhor Ator.

Este póquer de ases latino-americanos será visto na Seleção Oficial com outros grandes realizadores como o italiano Paolo Sorrentino, a neozelandesa Jane Campion ou os americanos Paul Schrader e Maggie Gyllenhaal.

Horizontes hispânicos
Também será falado em espanhol na categoria Horizontes, a segunda em importância do concurso e dedicada às novas correntes expressivas da Sétima Arte.

Na sua disputa estão o mexicano Joaquín del Paso com “El hoyo en la cerca”, o casal uruguaio Rodrigo Plá e Laura Santullo com “El otro Tom” e o boliviano Kiro Russo com “El gran movimiento”.

Entre as curtas-metragens que competem o espanhol Mikel Gurrea com “Heltzear” e os chilenos Critóbal León e Joaquín Cociña com “Los huesos”, enquanto a brasileira Bárbara Paz estreia a sua curta “Ato” fora de competição.

Por outro lado, a Bienal apresentará os projetos produzidos no seu programa “Biennale College” por jovens talentos, entre os quais “Nuestros días más felices”, do argentino Sol Berruezo Pichon-Rivière, e “Al Oriente”, do equatoriano José María Avilés.

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