Livro de Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, torna-se fenómeno de vendas após partilha no Tik Tok

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A tradução para inglês do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, do escritor brasileiro Machado de Assis (1839-1908), tornou-se um fenómeno de vendas no Estados Unidos da América, tendo atingido o top de vendas da Amazon na categoria de literatura caribenha e latino-americana, depois de um vídeo partilhado no Tik Tok a elogiar o romance, feito por Courtney Henning Nocak, uma professora norte-americana.

Esta subida repentina para o primeiro lugar do ranking da Amazon deu lugar a uma peça da CNN Brasil, que pode visionar aqui.

Sobre esta curiosidade, Lauro Moreira, Embaixador brasileiro aposentado e divulgador de cultura brasileira, escreveu o texto que se segue:

MACHADO: um clássico universal

O que acontece hoje no campo das redes sociais é estonteante. Exemplo: há quatro ou cinco dias não se fala de outra coisa senão sobre a venda recordista na Amazon da mais recente tradução do Brás Cubas. Tudo a partir de um comentário entusiasmado (muito justamente) de uma escritora americana no Tik Tok. Mas é bom lembrar que essa é a quinta tradução do Brás Cubas para o inglês ao longo de 70 anos!.. Enfim, o importante é que o nosso insuperável Machadinho, até agora presente muito mais no âmbito acadêmico, começa a frequentar as plateias leigas americanas.
A verdade é que nosso gênio está se tornando cada dia mais universal.
No mundo anglo-saxão, os estudiosos e admiradores de Machado de Assis vão de Susan Sontag a Woody Allen, de Helen Caldwell a John Updike, de Michel Wood a Harold Blooom e o inglês John Gledson. Na América Latina, basta lembrar o nome dos mexicanos Juan Rulfo, Carlos Fuentes e da argentina Marta Spagnuolo. Em Portugal hoje eu citaria o Professor Abel Baptista, para quem Machado é o maior escritor da Língua Portuguesa. Ou seja, apesar de ter nascido e vivido numa cidade e num país bastante periféricos àquela época, Machado de Assis vai pouco a pouco conquistando o mundo da grande literatura ocidental. Sua reflexão permanente é sobre a alma humana, e essa é a mesma em qualquer latitude do planeta. Daí a universalidade de sua obra.
E tudo isso porque, além de ser um clássico em termos literários e um incrível inovador da própria estética do romance em nossa língua, o autor de D. Casmurro sempre evidenciou menos preocupaçāo com o fato e mais com a reflexāo sobre ele; menos com a ação que com a análise psicológica dos personagens; menos com a aparência e mais com a essência, menos com o adjetivo e mais com o substantivo; menos com a Natureza e mais com o Homem.

Lauro Moreira

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