Lançamento do livro “Os cavalos adoram Maçãs” de Ozias Filho

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3 de Março
18h00
Casa da América Latina

No próximo dia 3 de março, será lançado na Casa da América Latina o livro Os cavalos adoram Maçãs, de Ozias Filho, com a presença do autor, do editor da Urutau, Wladimir Vaz, e apresentação de Ronaldo Cagiano.

Sobre o livro

Escritor, fotógrafo e editor de livros, Ozias Filho aprimorou a sua carreira artística e profissional em Portugal, país em que reside há mais de três décadas. Durante esse período, inclusive, o autor de Páginas despidas e Poemas do dilúvio tem desempenhado também a função extra oficial de embaixador da poesia brasileira em terras lusitanas.

Como poeta, antes de Os cavalos adoram maçãs, Ozias Filho tivera apenas dois de seus livros editados no Brasil: Insulares e O relógio avariado de Deus. É importante salientar que ambos foram originalmente publicados em Portugal. Portanto, este Os cavalos adoram maçãs já salta da prensa com o mérito de ser a única obra do escritor, até o momento, cuja primeira edição se dá no país em que “Vinicius escreveu um poema/ para Teresa, mãe de Leonor” e para onde se volta, numa página pungente, a sua “finestra di memoria”.

Embora a memória funcione como um leimotiv em diversas passagens deste livro — acendendo até mesmo “o aroma da saudade” ou “a bossa/sempre nova” de Tom Jobim e João Gilberto —, há espaço também para a crítica político-social e para aguda certeza de que “nenhuma palavra pode nos salvar”. A “tecla minimalista do silêncio” serve de contraponto à precisão momentânea da realização poética, exposta ao “esquecimento para continuar/a escrever coisas novas/mesmo que seja para bater/às mesmas portas”.

Até mesmo a dicção confessional jamais se entrega ao leitor, aqui, sem a tradicional sagacidade do ofício: “para não dizer que não falhei às flores”; “desconfio que deus é a minha mãe//quando diz/come e cala-te”; “troco de pele todos os dias/no evangelho de destruir o planeta”; “tu não verás os meus cabelos brancos/a tua face heterónima (…) não verás morrer a ficção que criaste”. Este último excerto insere-se num núcleo simbólico no qual a lembrança paterna domina a cena e, aos poucos, adere ao próprio eu lírico, num processo de radical identificação: “mais anos de calendário/do que o meu pai/entanto o espelho insiste/em devolver-me/a sua imagem”.

O título desta coletânea rebrilha numa peça premida pela imagem de “um cavalo branco morto/estendido sobre a linha férrea que liga/a Praia das Maçãs a Sintra”. Uma imagem que, como um poliedro, reflete em suas faces tanto o “calmo azul/por sobre/a cidade/que perece” quanto a “noite de posses ancestrais”. Captar tais nuances é o destino das grandes leituras. Oxalá o presente livro se entregue por inteiro a este destino.

Ozias Filho (Rio de Janeiro/1962). É poeta, fotógrafo e editor. Autor de Poemas do dilúvio, Insulares, Páginas despidas e O relógio avariado de Deus. Como fotógrafo tem vários livros publicados, e exposições, onde se destaca Ar de Arestas, no Museu de Arte Moderna Murilo Mendes, no Brasil; e integrou a iniciativa Passado e Presente – Lisboa Capital Ibero-americana da Cultura 2017, na Casa da América Latina, com o ensaio Quasinvisível. Publicou em 2022 o seu primeiro livro infantil Confinados (com ilustrações de Nuno Azevedo). Vive em Portugal desde 1991. É editor nas Edições Pasárgada. Assina a coluna Quem, eu vejo quando leio, para o Jornal Rascunho.

Sobre o apresentador

Ronaldo Cagiano nasceu em Cataguases (MG), em 1961. Formou-se em Direito, viveu em Brasília e São Paulo e está radicado em Portugal. Estreou com Palavra engajada (poesia, 1989) e dentre as obras publicadas, destacam-se: Dezembro indigesto (contos – Prémio Brasília 2001), Dicionário de pequenas solidões (contos, 2006), O sol nas feridas (poesia, 2013), Eles não moram mais aqui (contos, 2015 – Prémio Jabuti), O mundo sem explicação (poesia, 2019) e Cartografia do abismo (poesia, 2020).

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