Tomas Canosa: “Na Argentina, mais de 50% do emprego registado está nas MPME’s”

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No âmbito do V Fórum Ibero-americano das PMEs, a Casa da América Latina conversou com Tomas Canosa, Subsecretário das PME’s do Ministério da Economia da Argentina

Qual é a importância de encontros como este para as PME’s da Argentina?

Para nós, a agenda das PME’s é prioritária. 29,5% das empresas argentinas são PME’s e a importância deste tipo de encontros radica em conhecer quais são as estratégias, iniciativas que se estão a promover a nível global para potenciar o setor das PME’s, e simultaneamente aprender com essas experiências. Ao mesmo podemos transmitir e contribuir para este encontro contando o que fazemos no Ministério da Economia, em particular a subsecretaria das PME’s, para potenciar a produção das micro, pequenas e médias empresas.

De que setores são estas PME’s da Argentina?

De todos os setores: Indústria, comércio, serviços, agro. A Argentina conta com o terceiro quadro industrial mais profundo da América Latina, atrás do Brasil e do México. A presença das PME’s é transversal, está em todos os setores, indumentaria, calçado, brinquedos, metalúrgica, alimentos…

E emprega quantas pessoas mais ou menos?

Na Argentina, mais de 50% do emprego registado está nas micro, pequenas e médias empresas.

Sabemos que um dos temas deste encontro foi o comércio inter-regional, e creio que daí possam explorar oportunidades de negócio.

Para nós é um dos vetores centrais, aquilo que fazemos potenciar as exportações das empresas argentinas. Na Argentina temos um pouco menos de 9000 micro, pequenas e médias empresas exportadoras, que é menos de 1,5% das empresas do país, que querem atravessar a fronteira para aceder a outros mercados. O desafio claramente é aumentar estes rácios. Há uma década tínhamos mais de 15000 empresas exportadoras. O desafio é contribuir para que cada vez mais empresas queiram atravessar as fronteiras, sabendo que é um trabalho árduo que requer muito tempo, mas que, ao mesmo tempo, é o que o país necessita.

Mas acredita que neste fórum, nas conversas que surgem, podem aparecer novas oportunidades de negócios para as PME’s da Argentina?

Sim, ao falar com os colegas, tanto do setor público como também com os representantes do setor privado, partilhamos iniciativas, ideias, que apontam para ações sobre como conseguir aumentar as exportações, e ficamos a saber para onde exportam as PME’s nos diversos países. No caso concreto da Argentina, a maioria das PME’s exporta para os países vizinhos, onde estão as maiores oportunidades, e daí a importância deste tipo de encontros.

E há alguma novidade, algum país com que possam começar a trabalhar?

Sim, haverá iniciativas interessantes de outros países. Estávamos agora a falar com colegas de outros países, e o objetivo é continuar a trabalhar nesse sentido e abrir novos mercados para as empresas argentinas.

Como está a ser a recuperação, que imagino seja necessária para todas as empresas, pós-pandemia?

É verdade que quando vemos os números, a economia na Argentina recuperou de uma maneira muito marcada pós-pandemia, com níveis de atividade que superaram até os cenários mais otimistas. Mas isto não significa que não tenhamos mais desafios daqui para a frente, que temos, e temos uma agenda muito ativa nesse sentido. Um dos vetores centrais em que estamos a trabalhar neste momento tem a ver com o financiamento, que é dos pontos-chave pendentes da nossa economia. Na rede de produção, quando fazemos crédito solicitamos um empréstimo ao setor privado financeiro. A Argentina tem um dos rácios mais baixos da América Latina, e estamos a desenvolver esforços para aumentar o crédito para as micro, pequenas e médias empresas do país.


Entrevista realizada por Raquel Marinho

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