Poesia em concerto: Três epopeias brasileiras por Lauro Moreira

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31 de Outubro
21h30
Casa da América Latina

Lauro Moreira, Embaixador brasileiro, é o responsável por este projeto que pretende divulgar o olhar dos poetas para a história do Brasil, que necessariamente se cruza com a história de Portugal.

O ponto de partida para este recital centrado em três epopeias de autores brasileiros é a origem da formação do Brasil, através da miscigenação provocada pela colonização portuguesa. “O branco europeu, o indígena nativo e o negro africano misturaram-se de modo tão intenso que nas veias do povo brasileiro corre hoje um sangue que claramente o distingue de outras nacionalidades e etnias”, explica o Embaixador Lauro Moreira na apresentação do espetáculo.

São três epopeias que remetem para esse período e essa transformação social e cultural do Brasil.

1 – A Escravidão
Recordando que a miscigenação não se deu de forma pacífica e harmoniosa, Lauro Moreira escolhe um poema épico de Antônio Frederico de Castro Alves, também conhecido como “poeta dos escravos”, chamado “O Navio Negreiro: Tragédia no Mar”. Trata-se de poema que conta a viagem trágica de um dos navios de escravos.

2 – Os Bandeirantes
Um forte movimento de penetração do território colonial brasileiro tem início em 1580, a partir da União Ibérica, que acabará por ditar uma reconfiguração das fronteiras coloniais. Neste movimento, as expedições que partiam do pequeno vilarejo de Itapetininga (atual cidade de São Paulo) em busca de ouro, pedras preciosas e da captura dos índios, eram denominadas de Bandeiras. A mais conhecida de todas dava pelo nome de Bandeira das Esmeraldas, contava com mais de 400 homens, e foi organizada pelo paulista Fernão Dias Pais Leme, a pedido da corte portuguesa, para tentar encontrar as lendárias “pedras verdes” no sertão de Minas Gerais. Esta epopeia está contada no poema narrativo de Olavo Bilac, “O Caçador de Esmeraldas”.

3 – Os Indígenas
Calcula-se que aquando da chegada dos portugueses à terra que acabaria por se chamar Brasil, a população nativa rondaria os 4 milhões e meio de indígenas. Atualmente, são cerca de 900 mil pessoas de várias tribos, falantes de quase 250 línguas e dialetos. Um dos grupos maiores era o dos Tupis, da família linguística tupi-guarani, que viviam espalhados pela costa atlântica. A língua falada pelos Tupis foi apreendida pelos missionários e pelos colonos portugueses, estreitando assim o contacto entre as duas culturas. Por causa disso, a língua portuguesa no Brasil está impregnada de palavras e expressões do idioma Tupi, o que contribuiu para tornar a fonética brasileira mais suave e aberta. O poeta Gonçalves Dias é o autor de um poema denominado Y-Juca Pirama (na língua Tupi “aquele que há-de morrer”). É um poema que narra o drama de um guerreiro Tupi, último descendente da sua tribo em extinção, feito prisioneiro de guerra e condenado ao sacrifício fatal pela temível nação dos Timbiras.

Lauro Moreira nasceu em Goiás, Brasil, em 1940 e, ao longo da sua longa carreira diplomática, passou por vários países como Argentina, Suíça, Estados Unidos da América, Marrocos ou Portugal.

A par da sua atividade profissional de diplomata de carreira, desenvolveu sempre uma militância da cauda cultural e artística, dedicando-se às artes cénicas (como ator, encenador e autor), ao cinema (como documentarista), e à fotografia, que lhe valeu alguns prémios no Brasil.

Neste recital, vai estar acompanhado por Paula Castelar. Nascida em Lisboa, passou a infância em Angola onde aprendeu a falar crioulo de Cabo Verde. Foi jornalista de imprensa, rádio e televisão e atualmente mantém um programa na rádio Antena 2 chamado “No Tempo das Dálias” onde divulga mulheres excepcionais dos países lusófonos. Tem-se empenhado, ao longo dos anos, em dar a conhecer as diferentes culturas dos países lusófonos.

São, portanto, três propostas poéticas intimamente relacionadas com a história da formação do Brasil, das suas origens e da sua cultura.

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