PME Connect: Mota Engil, Pestana, EDP, Tekever e ISEG apresentam oportunidades de cooperação
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___________________________________________________________________________________“É necessário fazer o trabalho de casa prévio, mais estruturado, para baixar o risco do processo de internacionalização. O projecto PME Connect e o apoio destes grandes grupos empresariais que já estão internacionalizados e conhecem bem diferentes mercados, pode fazer a diferença na vida das PMEs seleccionadas e nas suas decisões futuras” destacou Manuel Caldeira Cabral, Ministro da Economia, na Sessão Pública de Apresentação do projeto PME Connect, realizada a 23 de maio, na AIP-CCI. Esta sessão contou com a presença dos administradores das grandes empresas que integram este projeto, onde apresentaram as suas estratégias de internacionalização e oportunidades de cooperação com as PME’s portuguesas.
José Theotónio, CEO do Grupo Pestana, explicou que este está presente em dezenas de países. Tendo sido fundado em 1972, na Madeira, teve a sua primeira expansão no Algarve 16 depois. Após estabelecer presença em território nacional, escolheu Moçambique (1998) para a primeira internacionalização, e logo de seguida o Brasil (1999). A primeira grande lição que apresenta é que “há países nos quais tudo parece semelhante, como é o caso dos países de língua portuguesa, mas onde tudo é diferente, tanto a própria língua, como a regulamentação e a mentalidade”. A segunda lição: “sem grandes bases em território nacional será sempre mais difícil a internacionalização”. O grupo Pestana tem levado empresas nacionais consigo para os mercados onde investe, nomeadamente na área hoteleira, nos serviços e tecnologia (cada vez mais importante no setor imobiliário), e essa a contribuição que pretende manter no âmbito do projeto PME Connect.
A Mota Engil é outra das grandes empresas do projeto, que está presente em 28 países. Por oposição às restantes parceiras nesta iniciativa, nasceu fora de Portugal, em Angola (1946). Estabeleceu-se em 1975 em território nacional, tendo mantido até hoje as bases em Angola, país onde, segundo António Mota, presidente do grupo, não é visto como um investimento estrangeiro. O presidente salientou o Brasil como “internacionalização mais difícil”, afirmando que o apoio a empresas exportadoras para países em desenvolvimento tem de ser reforçado, nomeadamente no que toca ao apoio para a estruturação de PME’s nos países africanos. Revelou ainda a preocupação do grupo em “incorporar sempre produtos portugueses”, bem como promover o acompanhamento dos seus parceiros ao novo mercado. Apesar disso, lembra às pequenas empresas presentes: “não podem pensar em apenas se limitar ao contrato com a empresa portuguesa no destino. É preciso aproveitar essa presença para criar novos contactos locais e se tornarem estáveis e autónomas do parceiro que as levou pela mão”.
O ISEG (Lisbon School of Economics & Management) é um dos representantes do universo académico a integrar este projeto, por contar com um vasto historial de relação com grandes empresas e formação de futuros administradores, tendo vindo a transformar, ao longo de 107 anos de existência, o Ensino Superior português num “ativo económico”, como explicou o presidente Manuel Mira Godinho. O ISEG tem sido procurado cada vez mais por alunos estrangeiros, “tendo uma presença internacional considerável, equivalente a 25% dos alunos inscritos em mestrado”, provenientes maioritariamente de países como o Brasil e a China, e da Europa no geral. “Para as universidades a internacionalização também deve ser um objectivo prioritário” salientou.
Ricardo Mendes, CEO da Tekever, resumiu as características que fazem desta empresa, de natureza bastante diferente das restantes que integram o projeto, ser um importante aliado à internacionalização das PME’s. Desde a criação, em 2001, a Tekever tem evoluído para novos mercados a um ritmo considerável: entre 2005 e 2007 abriram escritórios no Brasil, Estados Unidos e China, focando-se na área da tecnologia e como esta pode auxiliar à expansão de negócios. A estratégia de desenvolvimento adotada é a de acolher recursos humanos provenientes, na maioria, dos países de destino. Ricardo Mendes salientou a diferença entre “internacionalizar produtos ou serviços” quando se fala em levar parceiros: enquanto que os parceiros locais integrados na produção têm necessariamente de acompanhar a empresa ao mercado, essa gestão não é tão óbvia em termos de serviços. Lembrou ainda a relevância de criar conexões com universidades estrangeiras, que, apesar de não gerar exportações, “informa, prestigia e aconselha sobre as práticas do país. Impedindo, por vezes, de a empresa cometer certos erros que podem revelar-se fatais”.
A EDP Internacional nasceu após o 25 de abril de 1974, tendo vindo a crescer até ao princípio dos anos 90 em território nacional, e tendo-se internacionalizado para a América Latina nessa mesma década. Uma segunda vaga de internacionalizações surgiu em 2000, para Espanha, onde foi criada a EDP Renováveis, que se expandiu também nos Estados Unidos, e que está atualmente num momento de grande expansão. Também a EDP Eólica tem uma base espanhola, apesar de ser administrada por portugueses, tendo chegado a ser a 4ª empresa mais importante do setor no mundo, e contando, portanto, com uma vida própria. A EDP divide-se, assim, em quatro polos (Portugal, Espanha, Estados Unidos e Brasil), constituindo uma forte presença internacional, que pode ser modelo para as PME’s. O administrador Carlos Madeira confessou que “o esforço de acompanhamento de empresas portuguesas para os mercados não foi forte ao longo dos anos”, mas que este é um fator que importa reforçar na sua ação. As oportunidades que identifica no seio da atividade da EDP Internacional são sobretudo na área da consultadoria, valorizando a aposta em projetos de equipas multidisciplinares, que se enquadrem no programa Horizonte 2020.
A Casa da América Latina encerrou a sessão de apresentação do PME Connect, a 23 de maio, na voz do Embaixador Mário Lino da Silva, vice-presidente desta instituição. Salientou a importância da relação das empresas com a diáspora portuguesa, através do aparelho diplomático e consular instalado em cada mercado, bem como do tirar partido dos “esforços que têm vindo a ser feitos por parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros no apoio às empresas no exterior”.
PME Connect
Promovido pela AIP-CCI, o PME Connect “visa promover o crescimento e internacionalização de PMEs através da interação com grupos económicos já fortemente internacionalizados (GFI)”, relembrou Rui Leão Martinho, Bastonário da Ordem dos Economista.
O programa desenvolve-se em torno de 5 grandes empresas (GFI), a saber: EDP (energia), Mota-Engil (construção), Tekever (defesa/tecnologia), Sonae (retalho) e Pestana (turismo), apoiadas num Conselho Consultivo, constituído por: Universidade de Lisboa (ISEG), a Universidade Católica de Lisboa, AICEP, IAPMEI, AIP, COTEC, Ordem dos Economistas, Casa da América Latina e Deloitte.