Paraguai abre as portas à internacionalização portuguesa no Mercosul
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___________________________________________________________________________________“Temos vindo a estabelecer um relacionamento cada vez mais intenso com o Paraguai do ponto de vista político. Pretendemos criar as melhores condições para que possamos trocar ideias e conhecimento, de modo a cooperarmos na troca de bens, serviços e investimentos. Este é um esforço que faremos em conjunto com as empresas”, afirmou o Secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, no seminário “Oportunidades de Negócio no Paraguai”, organizado pela AICEP, no passado dia 29 de setembro, e que contou com a presença do Ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Gustavo Leite.
O administrador Executivo da AICEP, João Dias, na abertura do encontro, referiu que “o Paraguai é uma pequena economia aberta, à semelhança de Portugal, que tem tido um crescimento muito grande, fruto, possivelmente, das reformas estruturais que têm sido introduzidas e que abre uma série de oportunidades de negócio que terão muito interesse para as empresas portuguesas”.
A economia portuguesa tem vindo a melhorar, bem como a respetiva competitividade. “Somos cada vez mais destino de investimentos de grandes multinacionais e de investimentos tecnológicos. Num recente ranking da competitividade do Fórum Económico Mundial, Portugal está na 46ª posição, em 138 países, e para esta posição contribuem aspetos como o talento, a qualidade dos nossos recursos humanos, bem como boas redes e estruturas, boas universidades e instituições de investigação e desenvolvimento”, salientou João Dias, fazendo ainda referência à posição geográfica nacional: “estamos próximos da América Latina e somos uma plataforma de acesso à União Europeia e aos países africanos”.
A Encarregada de Negócios da Embaixada do Paraguai em Lisboa, Ana Isabel Rodriguez, felicitou o “excelente relacionamento entre os países”, destacando o “interesse em fortalecer ainda mais esta relação e abrir as portas para um futuro próspero”.
Uma plataforma de acesso aos grandes mercados
“Portugal não é o maior país da Europa, tal como o Paraguai não é o maior país da América do Sul”, começou por dizer o Ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Gustavo Leite. Porém, “quando observamos as semelhanças das nossas economias, percebemos que já perdemos muito tempo ao não manter uma relação mais inteligente. Sendo difícil para nós fazer negócio com os grandes países, fazê-lo com um país de tamanho, relativamente semelhante, trará mais sucesso, porque compreendemos as escalas em que operamos”, explicou, lembrando a competitividade do seu país como plataforma de entrada em mercados como o Brasil e Argentina.
Afirmando que a intenção do governo paraguaio é apoiar o empresário, “que ganha dinheiro, que paga impostos, que contrata e dá condições de trabalho”, e que contribui para a “saúde da economia”, o ministro enumerou casos de sucesso, (como é o caso da Mota Engil, principal companhia de infraestruturas no Paraguai, que começou a sua atividade há apenas três anos).
Um caminho trilhado em conjunto com as empresas
“O que o Paraguai nos procura mostrar é a sua capacidade como plataforma dentro do Mercosul. Para produzir, trocar e vender no mercado do Paraguai, mas também manter uma boa base para investir noutros mercados”, garantiu Eurico Brilhante Dias. Esta integração, que funciona também em sentido inverso (Portugal – União Europeia), “tem depois de ter repercussões na ação dos empresários”. “Já vimos que algumas empresas se têm estabelecido no Paraguai, como é o caso da Mota Engil, mas também da Alves Ribeiro, e existem outros casos de pequenas e médias empresas que vão apostando neste mercado”, referiu.
A diretora da Portugal Foods, Deolinda Silva, partilhou a experiência de um cluster no setor do agroalimentar, que tem como objetivo reforçar a competitividade das empresas nesta mesma área, instruindo-as para a internacionalização, bem como estimulando a inovação e competitividade. A Portugal Foods representa uma variedade enorme de empresas, “desde a ostra ao caracol”, como afirma a diretora, estruturada em dois eixos: a Knowledge division (que promove o conhecimento e investigação) e a Market division (planos de internacionalização, através de feiras, missões empresariais e inversas, ações promocionais, entre outras iniciativas).
O diretor da Produtech, Pedro Rocha, apresentou esta rede inserida no setor metalomecânico e das tecnologias de produção (metalurgia, máquinas e equipamento, produto em metal, transporte, etc), que coloca o setor numa posição central da industria transformadora (que tem vindo a alavancar todos os outros setores). “Em Portugal estamos a falar de 15 mil empresas, e quase 15 mil milhões em exportações”, adianta Pedro Rocha, afirmando que “o país tem competências excelentes nestes domínios, empresas que se distinguem em relação a grandes grupos internacionais, uma grande flexibilidade, capacidade de criar soluções diferenciadas”. Esta mais valia, acredita, “pode ser relevante na nossa interação com o Paraguai”.
Expectativas para acordo UE – Mercosul em 2018
O Paraguai vai assumir a presidência pro tempore do Mercosul em janeiro de 2018, facto que pode criar as condições, segundo Gustavo Leite, para que Assunção se torne no “centro da atividade entre a Europa e o Mercosul nos próximos seis meses”. O convite à criação de uma iniciativa que reúna empresários portugueses na capital foi deixado em aberto. O Secretário de Estado da Internacionalização expressou um aval positivo para a criação de uma agenda que vá ao encontro das “expectativas de conclusão do acordo entre a União Europeia e o Mercosul na capital do Paraguai”, perspetiva essa, que afirma, “vai ganhando graus de plausibilidade” e que poderá permitir um novo enquadramento económico e de investimento neste país.
“Desenvolver um trabalho deste lado para que de uma forma sustentada e credível aproveitar aquilo que o Paraguai tem para nos oferecer”, é a proposta do Secretário de Estado da Internacionalização, face às oportunidades apresentadas pelo governo paraguaio. “Acredito que seremos capazes de construir uma agenda e um conjunto de prioridades interessantes durante as próximas semanas, para que fique assente esta ligação”, garantiu, mostrando-se disponível para auxiliar as associações e empresas neste processo.