Entregue Prémio Científico CAL/Santander Totta
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___________________________________________________________________________________Alexandre Mascarenhas, Cristina Pereira Pedro e Francismar Lopes de Carvalho receberam ontem, dia 18 de Dezembro, o Prémio Científico Casa da América Latina/Banco Santander Totta 2014. A cerimónia realizou-se no edifício-sede do Banco Santander Totta, em Lisboa, e contou com a presença e intervenções de Fernando Medina, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lisboa (em representação de António Costa, Presidente da CML e da Casa da América Latina), de Luís Bento dos Santos, Administrador do Banco Santander Totta e Vice-Presidente da CAL, e de Manuela Júdice, Secretária-Geral da CAL.
Bento dos Santos começou por anunciar a futura designação do prémio: Prémio Científico Mário Quartin Graça, em homenagem ao ex-Secretário Geral e, depois, consultor da CAL, a pessoa que primeiro pensou o prémio e que percebeu a importância da ligação ao mundo académico e uma “pessoa querida de todos nós”.
O Administrador do banco referiu as 86 candidaturas desta edição do prémio e afirmou que o prémio “consolida-se todos os anos”, desde que foi instituído. O Prémio Científico Casa da América Latina/Santander Totta visa distinguir dissertações de doutoramento realizadas por candidatos latino-americanos ou portugueses, que desenvolveram trabalhos científicos de interesse mútuo para Portugal e a América Latina. Cada vencedor recebe um prémio pecuniário de 5.000 euros.
Fernando Medina, que sublinhou o papel importante que a CAL vem desenvolvendo como “espaço de diálogo” entre Portugal e a América Latina, passou a palavra a Manuela Júdice, que leu os pareceres do júri em relação às teses dos premiados.
Os premiados
Alexandre Mascarenhas, de nacionalidade brasileira, foi o premiado na categoria de Tecnologias e Ciências Naturais, com a tese Moldes e moldagens: instrumentos de protecção, preservação e perpetuação da obra de Antonio Francisco Lisboa, defendida na Universidade Federal de Minas Gerais. A tese é dedicada a apresentar moldes em gesso realizados por António Francisco Lisboa, O Aleijadinho, expoente máximo da escultura barroca em Minas Gerais.
O professor João Guerreiro, jurado nesta categoria, refere no seu parecer que Mascarenhas “analisou as patologias e os processos de restauração dos estuques ornamentais e estruturais em edificações históricas e estudou as técnicas de moldagem, as oficinas do gesso, o processo escultório e as técnicas de reprodução de esculturas na perspetiva de proteção, preservação e perpetuação. Este trabalho baseou-se abundantemente na obra de António Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814), considerado o maior expoente da arte barroca colonial no Brasil.”
Na sua intervenção de agradecimento, Mascarenhas disse-se “muito bem recebido em Portugal” e referiu que a feitura de uma tese de doutoramento “é um período muito solitário”. O autor congratulou-se com o prémio, sublinhando que em 2014 se assinalam 200 anos da morte d’o Aleijadinho.
Na categoria de Ciências Económicas e Empresariais destacou-se Cristina Pereira Pedro, de nacionalidade portuguesa, pelo trabalho Estudos sobre a solidez do sistema bancário da OCDE: Crises bancárias, endividamento e incumprimento no período 1991 a 2009, apresentada na Universidade de Évora. A tese estuda a probabilidade de ocorrência de crises bancárias na OCDE, do endividamento dos bancos e do incumprimento verificado no crédito que concedem.
O professor João Proença, responsável pelo prémio nesta categoria, escreveu que a tese “apresenta uma investigação sobre a ocorrência de crises bancárias na OCDE relacionando essas crises com o endividamento dos bancos, com o incumprimento verificado no crédito e com o contexto económico. A investigação discute ainda o contágio das crises e os efeitos da regulamentação e supervisão, o que se afigura particularmente oportuno e útil face ao momento actual e às crises financeiras que têm ocorrido por todo mundo.”
A autora deu nota do seu “muito orgulho” com a distinção e, tal como Mascarenhas, destacou as “dificuldades” que se lhe afiguraram com o “trabalho muito solitário” da tese. Cristina Pereira disse-se também “feliz” por “ter escolhido vários países e bancos – entre eles o Banco Santander Totta” para a amostra da sua investigação.
Na categoria de Ciências Sociais e Humanas foi distinguido Francismar Lopes de Carvalho, de nacionalidade brasileira, pela tese intitulada Lealdades Negociadas: Povos Indígenas e a expansão dos Impérios Ibéricos nas Regiões Centrais da América do Sul (segunda metade do século XVIII), apresentada na Universidade de São Paulo. A tese analisa a expansão dos impérios ibéricos às regiões centrais da América do Sul, concretamente sobre os vales dos rios Guaporé e Paraguai, acelerada a partir das indefinições do Tratado de Madrid de 1750. A tese analisa ainda a participação visível e activa que os indígenas tiveram no processo de colonização, comprovando ainda a sua interacção com as autoridades portuguesas e espanholas.
No seu parecer, o professor Pedro Cardim, jurado nesta categoria, enaltece a tese pelo “contributo muito inovador para a história da colonização portuguesa e espanhola na América do Sul. Baseado numa investigação exaustiva em arquivos portugueses, espanhóis e de diversos países latino-americanos, este trabalho abre uma nova fase nos estudos sobre a história colonial da América do Sul, em especial do Brasil, pois aposta numa análise fortemente comparativa e interactiva entre os dois impérios ibéricos. Além disso, e não menos importante, no trabalho de Francismar de Carvalho é bem visível que os indígenas tiveram uma participação bastante activa no processo de colonização, comprovando-se, também, que a sua interacção com as autoridades portuguesas e espanholas envolveu, sempre, muita negociação. Em suma, trata-se de um trabalho muito importante para se compreender os fundamentos dos dois impérios ibéricos na América”.
Francismar Carvalho agradeceu o parecer de Pedro Cardim e confirmou que, com a tese, procurou “olhar de forma diferente a expansão dos portugueses na América do Sul”, tendo descoberto que, apesar da violência da colonização, houve um “processo de negociação com os colonos e os indígenas”, que participaram das decisões.
Os vencedores foram escolhidos por um Júri constituído por Luís Bento dos Santos, Administrador do Banco Santander Totta; Manuela Júdice, Secretária-Geral da Casa da América Latina; João Guerreiro, Professor e Ex-Reitor da Universidade do Algarve; João Proença, Director da Faculdade de Economia da Universidade do Porto; e Pedro Cardim, Professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
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