Autores falaram da violência na Colômbia
Etiquetas: Colômbia, Hernán Vargas Carreño, Jorge Eliécer Pardo, Lauren Mendinueta, Nuno Júdice
___________________________________________________________________________________O poeta Hernán Vargas Carreño e o romancista Jorge Eliécer Pardo estiveram na Casa da América Latina, no dia 8 de Outubro de 2014, para uma conversa sobre as suas obras, com tempo também para leituras de poemas e um conto. Considerados “dois grandes autores colombianos” por Lauren Mendinueta, a moderadora da sessão, Vargas Carreño e Eliécer Pardo revelaram a influência central que a violência na sociedade colombiana tem tido sobre as suas obras.
Eliécer Pardo referiu o Bogotazo, a que se seguiu nos anos 50 o longo período de La violencia, com cerca de 300 mil mortos na Colômbia. Essa “guerra entre partidos” afectou a sua literatura, “ligada intimamente à violência”. Na sua obra, acrescentou, é sempre apresentado o ponto de vista das mulheres (que “deveriam governar-nos”), bem como o amor e o erotismo.
Vítima de migração forçada devida à guerra, afirmou ter escrito El pianista que llegó de Hamburgo porque o fascinou a história de um pianista alemão que escapou da Segunda Guerra Mundial para a Colômbia, onde presenciou mais conflitos sangrentos. Los velos de la memoria, livro que apresentou e onde se incluem contos e fotografias suas de mulheres com véu, é também “sobre a guerra em que perdemos tudo”. Eliécer Pardo sublinhou, no entanto, que acredita no processo de paz encetado pelo governo de Juan Manuel Santos.
Vargas Carreño disse-se também “filho da violência”, tendo visto “vários episódios violentos em criança”, que o marcaram. O especialista de Emily Dickinson e Edgar Lee Masters, autores que traduziu, afirmou-se surpreendido pela segurança que sentiu em Lisboa e Madrid, cidades que visitou pela primeira vez, em comparação com Bogotá.
Na sessão foram lidos por Vargas Carreño e Nuno Júdice (que os traduziu para língua portuguesa) os poemas Infancia e Trenes, incluídos no livro En viaje (Ediciones Exilio, 2014). Eliécer Pardo leu Minelia, um conto incluído em Los velos de la memoria (Vericuetos, 2014).