‘Rayuela’ discutida em ‘Encontro com Cortázar’
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___________________________________________________________________________________À sepultura de Julio Cortázar no cemitério do Montparnasse, em Paris, raramente faltam presentes deixados por leitores do argentino. Entre eles “cigarros e garrafas de vinho”, de que alguns transeuntes se apropriam, contou Carles Álvarez Garriga, filólogo e co-editor da obra de Cortázar em Espanha. Garriga falava na Biblioteca Nacional de Portugal, no dia 22 de Setembro, onde esteve a convite da CAL e da Fundação José Saramago, para um Encontro com Cortázar.
Garriga contou também um episódio da sua vida, em que a viúva de Cortázar lhe mostrou, a poucos dias do Natal, cinco caixas repletas de inéditos do autor de Rayuela. Eram cerca de 3000 páginas, o equivalente aos cinco volumes já planeados de edição da obra póstuma de Cortázar.
Para além de tabaco e vinho, muitos leitores de Cortázar também lhe deixam cartas manuscritas. Nelas os temas mais presentes são Maga, a personagem feminina de Rayuela, e cronópio, a categoria da personalidade humana que Cortázar inventou. “Muitas pessoas julgam-se cronópios”, disse ter descoberto Garriga.
O poeta português Nuno Júdice, também convidado para a sessão, acredita que um leitor comum poderá ter dificuldade em compreender Rayuela, por a obra estar repleta de citações de erudição incomum.
Para o também professor de literatura, Rayuela é uma obra interessante também por lhe permitir sentir-se a deambular pelas ruas de Paris, onde residiu, ainda que se na obra de Cortázar haja um enfoque particular na vida de exilados e imigrantes na capital francesa.
Dulce María Zuñiga, a Directora da Cátedra Julio Cortázar da Universidade de Guadalajara, no México, considerou que o “grande sentido de humor” e a “pirotecnia da linguagem” são distintivos de Cortázar, um “contador de histórias extraordinário”.
A iniciativa, que contou com a moderação do jornalista e editor Carlos Vaz Marques, incluiu ainda um apontamento musical e a leitura de excertos de Rayuela, a cargo da Presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Río, e de José Rui Martins, da ACERT.