Entrevista a Andrea Valencia sobre ‘Sonho Coletivo’

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Andrea Valencia é uma artista colombiana cuja exposição Sonho Coletivo está patente até 22 de Maio no Studio Teambox, na LxFactory. A Casa da América Latina entrevistou-a por e-mail:

Sonho Coletivo é uma exposição com muita cor, que parece procurar retratar o quotidiano dos latino-americanos. As múltiplas cores são uma forma de evidenciar a diversidade de culturas e vivências na América Latina?

O Sonho Coletivo é constituída por uma série de pinturas feitas na sua totalidade em Portugal, durante os períodos do Outono, do Inverno e da Primavera quando o tempo está mais frio. Tive curiosidade de saber como surgiria esta paleta com tonalidades quentes, que estão presentes nesta colecção. Com certeza, está relacionada com uma forma de recordar e de vivenciar o quotidiano na América Latina, mas também entendi que neste processo estou à procura de estabelecer leituras mais profundas da vivência no hemisfério sul. Muitas destas obras aludem a estados alterados de percepção atingidos em práticas rituais indígenas sul-americanas e acho que é esse universo mágico e misterioso que evidencio com estas cores.

A sua formação, com uma passagem pela antropologia e interesse pela política, faz de Sonho Coletivo uma exposição também com um cunho político? Se sim, que mensagem quer transmitir?

A minha prática artística está relacionada há já algum tempo com os interesses sociais e políticos do feminismo. Tenho essa consciência desde então e tento transmitir esses conteúdos; a minha pesquisa é baseada numa forte necessidade que sinto de mudança dos paradigmas actuais do poder. A arte contemporânea oferece-me uma forma de participação política através da minha realidade. A mensagem da exibição de O Sonho Coletivo, é a de ter a possibilidade de provocar confrontos íntimos nos indivíduos, de forma a que participem no contexto social e político de uma maneira mais sincera e efectiva.

Que pontos em comum traçaria entre a realidade latino-americana e a portuguesa, ou de modo mais abrangente a ibérica?

São muitas as semelhanças entre os nossos povos. A infinita criatividade das pessoas é um dos pontos que mais me surpreendeu. Entendo esta característica como uma semente de mudança que as pessoas desejam; mas por outro lado, há também um sistema político caduco que oferece a ideia de “desesperança” através da chamada crise, que não é apenas o reflexo de uma má governação. Neste ponto a necessidade de uma democracia participativa é uma urgência que nos identifica na América do Sul assim como no mundo ibérico.

A que tipo de público se dirige esta exposição?

O Sonho Coletivo está aberto ao público em geral. É feito com imagens de pessoas na rua, na praia, durante conversas de todo o tipo e cor. Fala da importância dos encontros de saberes como prática social da contemporaneidade.

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