Homenagem da CAL a Mário Quartin Graça
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___________________________________________________________________________________É com profundo pesar que nos despedimos de Mário Quartin Graça. Ex-consultor e ex-Secretário-Geral da Casa da América Latina, Mário Quartin Graça foi responsável ainda este ano pelo lançamento do Prémio Científico Casa da América Latina/Banco Santander Totta e pelo início da produção de uma antologia de poesia portuguesa. Para além de colaborador da Casa da América Latina, foi Conselheiro Cultural na Embaixada de Portugal em Madrid (1987-2000) e Brasília (1980-1987).
O texto seguinte foi escrito pela Secretária-Geral da Casa da América Latina, Manuela Júdice:
Querido Mário
A minha mais remota memória de ti reporta ao início dos anos 70. Um jovem casal, ambos de olhos azuis, que frequentava as mesmas sessões culturais que um outro ainda mais jovem casal. Não sabia os vossos nomes como, provavelmente, vocês também não sabiam quem nós éramos. Mas em cada sessão de cineclube, em cada evento literário, em cada peça de teatro onde íamos, lá estavam vocês: tu e a Bi.
Não sei se nos encontrámos depois disso. Tu andaste pelos Brasis, eu pela Suíça. Sei que no princípio dos anos 90, era eu responsável pela Casa Fernando Pessoa, me apareceste a oferecer um valioso espólio pessoano que coleccionaras durante a tua estadia no Brasil.
A vida voltou a cruzar-nos noutras ocasiões: Madrid (na exposição do Manuel Amado), Paris (iam visitar a vossa filha Mercês e passaram lá por casa), Lisboa (quando acolheste a minha nora Karla na Casa da América Latina).
Anos mais tarde, fui Vice Presidente da CAL. Eras tu o Secretário Geral. Desde então, e até chegar a minha vez de ocupar esse cargo, o nosso contacto foi regular e quase diário.
Há muito pouco tempo morreu a tua “velha mãe” como lhe chamavas. A partir daí, senti-te a perder forças. Era como se estivesses à espera que ela se fosse embora antes de ti para não lhe dares desgostos…
Deixaste-nos hoje. Se tiver que encontrar um adjectivo para te definir, ele será HONESTO. Eras de uma honestidade a toda a prova. Eras o Homem Bom que todos gostariam de cruzar.
Serei certamente egoísta, mas vais fazer-me muita falta. A tua erudição, a tua dedicação às tarefas que te estavam atribuídas, a tua atenção aos outros foram, para mim, um exemplo que não esquecerei.
Em tua memória levarei, até onde as forças me permitirem, a Antologia de poemas portugueses que estávamos a preparar com o Jerónimo Pizarro, e o Prémio Científico CAL/Santander Totta, a “menina dos teus olhos”.
Muito obrigada Mário.
Manuela Júdice
Mexilhoeira Grande, 19/4/2014