CAL expõe obras de Matta na Galeria Millennium

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16 de outubro a 31 de dezembro
Rua Augusta, nº 96, Lisboa

A Casa da América Latina e a Câmara Municipal de Lisboa apresentam entre 16 de outubro e 31 de dezembro um conjunto de 23 obras do chileno Matta, o último representante do movimento surrealista e um dos mais importantes artistas latino-americanos, cujo centenário do nascimento está a ser comemorado.

Entre as 17 pinturas e 6 esculturas de Matta, pertencentes à coleção da sua viúva Germana Matta, contam-se “Les juges partent en guerre” (1967), “Le secret du poète” (1990), “La poésie du ciel” (1991), “La poesia stimola il pensare” (1992) e “Sogno un sogno (Je rêve un rêve)” (1993), no que respeita às pinturas, bem como “Ergonauta” (1991), “Mater nostrum” (1993) e “Kabal” (1993), entre as esculturas.

A exposição, que conta com o apoio da Embaixada do Chile em Portugal, da Fundação Millennium bcp, da União das Cidades Capitais Ibero-Americanas (UCCI) e da Feirexpo, enquadra-se na realização da XV Assembleia Plenária da UCCI, que terá lugar em Lisboa nos dias 15 e 16 de outubro.

Matta nasceu em Santiago do Chile no dia 11/11/1911, data com a qual brincaria o resto da sua vida. Depois de se graduar em arquitetura na Universidade Católica do Chile partiu para Paris, onde iniciou uma série de viagens pela Europa, incluindo Portugal. Nas palavras de Matta: “Passeava a pé, passava o tempo nos museus a tomar apontamentos. Não tinha contacto com ninguém. Talvez fosse arquiteto, mas dei-me conta de que nada sabia. Com 21 anos, começava a aprender tudo. Passei um verão em Itália a desenhar os quadros que me interessavam. Estava sempre só, sem saber porquê”.

Aderiu ao surrealismo após conhecer e tornar-se próximo de Federico Garcia Llorca, Salvador Dali, René Magritte e André Breton. Após o início da Segunda Guerra Mundial exilou-se em Nova Iorque e rompeu com o Movimento Surrealista. O seu ‘expressionismo abstrato’ influenciou artistas emergentes norte-americanos, entre os quais Jackson Pollock e Marc Rothko.

Matta recebeu em 1990 o Prémio Nacional de Arte do Chile. Em 1992 foi-lhe atribuído oPrémio Príncipe de Astúrias de las Artes (Espanha) e em 1995 obteve o Praemium Imperiale na categoria de pintura (Japão). Portugal recebeu, para a Expo’98, uma composição em azulejos baseada num original de Matta. A obra, realizada pelos chilenos Francisco Ariztía e C. Olivares, pode ser vista no Parque das Nações junto à Torre Vasco da Gama.

Quando Matta faleceu, em 2002, foram declarados três dias de luto nacional no Chile.

“Matta definiu se sempre como arquiteto e nunca como pintor, escultor, desenhador, escritor, poeta ou pensador. Creio que foi todas essas coisas ao mesmo tempo e que há um universo de ideias e mensagens nos seus escritos e nos seus poemas, tão importantes como pode ser a sua pintura infinita”
– Fernando Ayala, Embaixador do Chile em Portugal

“Os pintores têm o estranho poder, a que se dá o nome de poético, de incarnar as ideias que os escritores preferem em geral derramar nos seus escritos: ele era a liberdade feita homem, o perfeito vagabundo, o espírito surrealista incarnado”
– Régis Debray

“Apesar de ser jovem, Matta é o pintor mais profundo da sua geração”
– Marcel Duchamp

“Matta nunca relê o que escreve, não olha demasiado para os seus quadros, mal os termina enrola-os, sai para passear pela vida e colocara si próprio outras interrogações. É uma nascente sempre nova e não nos podemos banhar duas vezes no mesmo Matta”
– Germana Matta

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