Adélia prado vence Prémio Camões 2024 e Prémio Machado de Assis 2024

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A poeta brasileira Adélia Prado é a vencedora do Prémio Camões 2024, distinção que junta ao Prémio Machado de Assis, também atribuído este ano, ao Prémio Jabuti, ao canadiano Griffin, entre outros.

Adélia Prado nasceu em 1935 na pequena cidade de Divinópolis, no estado de Minas Gerais. Estreou-se com o livro “Bagagem” em 1976, obra apadrinhada por Carlos Drummond de Andrade, seu conterrâneo estadual assim como João Guimarães Rosa, que entregou os poemas dela ao seu editor dizendo que São Francisco estava a ditar versos a uma dona de casa em Minas Gerais.

A autora, que estudou Filosofia e Educação Religiosa, foi a primeira da sua família a ver o oceano, a estudar na universidade e a sonhar escrever um livro, informação que pode ler-se na sua biografia publicada pela organização do Prémio Griffin. A mesma biografia recorda que, em 1998, o Jornal de Poesia da Biblioteca Nacional do Brasil fez uma sondagem junto de intelectuais brasileiros sobre os 20 mais importantes poetas do país e Adélia Prado ficou em 4º lugar.

O Prémio Camões foi instituído em 1998 pelos estados português e brasileiro com vista a estreitar os laços culturais entre os vários países lusófonos e enriquecer o património cultural e literário da língua portuguesa. Tem o valor de 100 mil euros e já foi atribuído em anos anteriores a autores como João Barrento, Manuel Alegre, Paulina Chiziane, Chico Buarqie, Germano Almeida, Raduan Nassar, entre outros.

O Prémio Machado de Assis foi criado em 1941 pela Academia Brasileira de Letras, e distingue autores brasileiros pelo conjunto da sua obra. Tem o valor de 100 mil reais, que serão entregues a Adélia Prado numa cerimónia a realizar no próximo dia 19 de julho, data de aniversário da da Academia Brasileira de Letras.
Em anos anteriores, foram distinguidos com o Prémio Machado de Assis autores como Rubem Fonseca, Ferreira Gullar, Érico Veríssimo, João Guimarães Rosa, Cecília Meireles ou Mário Quintana, entre outros.

A poeta mineira tem vários livros publicados em Portugal. “Bagagem” (2002), “Solte os Cachorros” (2003) e a antologia “Com Licença Poética”, com seleção e prefácio de Abel Barros Baptista, todos editados pela Cotovia. Em 2016, a Assírio & Alvim lançou a antologia “Tudo que Existe Louvará”, organizada e prefaciada por José Tolentino Mendonça e Miguel Cabedo e Vasconcelos.
É desse título que retiramos o poema que se segue.

 

A Paciência e Seus Limites

Dá a entender que me ama,

mas não se declara.

Fica mastigando grama,

rodando no dedo sua penca de chaves,

como qualquer bobo.

Não me engana a desculpa amarela:

«Quero discutir minha lírica com você.»

Que enfado! Desembucha, homem,

tenho outro pretendente

e mais vale para mim vê-lo cuspir no rio

que esse seu verso doente. 

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