Entrevista a Oliva Maria Dourado Martins

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Oliva Maria Dourado Martins está entre os vencedores do Prémio Científico Casa da América Latina/Banco Santander Totta 2013. Com a tese Marketing Social: uma aplicação ao comportamento do aleitamento materno, cujo abstract está disponível para consultaOliva Martins venceu o prémio na categoria de Ciências Económicas e Empresariais. Segue-se uma curta entrevista concedida pelo autor à CAL:

O que a levou a escolher o tema do aleitamento materno, analisado à luz do conceito de marketing social, como tema da sua tese de doutoramento?

Ter recebido uma educação familiar, fundamentada na valorização das pessoas, favoreceu imenso. Aprendi a ser mãe com a minha mãe, e com meu pai aprendi a amar qualquer ser humano só pelo facto de ser um ser humano. Além disso, o apoio familiar, particularmente do meu marido (e dos nossos filhos), ajudaram a avançar com um tema menos usual e, assim, superar os possíveis obstáculos da escolha. Penso também que há uma força maior que rege o Universo; e acredito que essa “força” fez com que tudo acontecesse: Estava à procura de um tema quando um colega de doutoramento (Emerson Mainardes) chamou a minha atenção. Desde a época da faculdade que alimento uma paixão pelo marketing e o Emerson sabia disso quando levantou a questão. Por outro lado, o facto de ter dois professores maravilhosos na universidade a estudar esse tema, a professora Arminda Paço e o professor Ricardo Rodrigues, foi decisivo para a opção.

O que destaca das conclusões do seu estudo e do processo da sua elaboração?

Como todo o trabalho de investigação, o resultado não é mérito meu. Apenas constatei factos. As conclusões da pesquisa apenas confirmaram o que as conselheiras e consultoras de lactação já sabiam: valorizar a auto-estima da mãe, apoiando-a nas suas decisões, é fundamental para ela se sentir segura e assim poder optar e ter sucesso com o comportamento. Toda a mãe quer o melhor para o seu filho, por isso qualquer que seja a sua decisão será sempre nesse sentido. Quanto ao marketing social, este estudo pode ser a base para o desenvolvimento de um plano ou programa de mudança comportamental, promovendo sempre as mudanças estruturais antes das mudanças no indivíduo para assim ampliar a sua eficácia e eficiência. Ou seja, o marketing social pode promover a mudança comportamental utilizando os mesmos instrumentos, técnicas e princípios que comprovadamente fazem sucesso no marketing comercial. Do processo, destaco o compromisso das pessoas com o tema, assim como a sua relevância. O trabalho das pessoas que protegem, promovem e apoiam o aleitamento materno e que de alguma forma estão envolvidas com o comportamento, particularmente o trabalho das consultoras e conselheiras de lactação em Portugal (muitas vezes um trabalho voluntário), é fundamental para que as mães amamentem. Tenho de registar também a disponibilidade de todas as pessoas que colaboraram com a pesquisa, quer nas entrevistas, quer nos questionários. E aproveito aqui para agradecer a essas pessoas.

Que importância tem o Prémio Científico CAL/Banco Santander para a prossecução do seu percurso profissional?

É claro que o prémio é fundamental para a continuidade do meu trabalho, tanto como docente quanto como investigadora; mas, muito mais importante do que a prossecução do meu percurso profissional penso que é o efeito que pode causar nas investigações seguintes: é possível prever a relevância que o prémio pode ter na escolha dos próximos tópicos de pesquisa, uma vez que são bem aceites pela sociedade, e consequentemente o efeito que pode gerar na motivação de outras pessoas para estudar temas que sejam socialmente responsáveis. Dessa forma, é possível gerar uma “bola de neve” de bons resultados e perceber que o mundo será muito melhor se todos nós estivermos bem. Além disso, particularmente no âmbito da saúde, a Organização Mundial de Saúde (OMS) já chama a atenção para o elevado custo gerado na cura de um único paciente comparativamente aos inúmeros benefícios (e baixo custo) de acreditar e promover a prevenção. Em seguida apresento a transcrição da missão de parceria que a OMS propõe, e que se encontra (em inglês) no site institucional:

“Partnership’s mission

The Partnership Mission has been reshaped to take account of the developments to date, and the role that the Partnership is best placed to play within the global-health architecture. It reflects the discussions at the Board Retreat, the comments made by members during the consultative process and the Board discussion and decision at the June 2011 Board meeting. The Partnership’s Mission is as follows:Supporting Partners to align their strategic directions and catalyse collective action to achieve universal access to comprehensive, high-quality reproductive, maternal, newborn and child health care.

Health care” in this context is broadly defined as including the social and environmental determinants of health as well as medical care and services. This is aligned with internationally agreed definitions of health care. For example, the 1978 Alma Ata Declaration defines primary health care as: “essential health care based on practical, scientifically sound and socially acceptable methods and technology made universally accessible to individuals and families in the community through their full participation and at a cost that the community and country can afford to maintain at every stage of their development in the spirit of self- reliance and self-determination. It forms an integral part both of the country’s health system, of which it is the central function and main focus, and of the overall social and economic development of the community”.

The Mission statement helps to focus the activities of the Partnership and its constituent Partners. It focuses on ensuring that all agreed essential RMNCH interventions are accessible to, and therefore implemented by, high-burden countries. This includes advocating and working towards conducive policy environments and sufficient human and financial resources, and meaningful inclusion in these processes of all important stakeholders, including current constituencies of the Partnership.22 For the avoidance of doubt, it is worth repeating that the Partnership does not displace or replicate existing governance, accountability and delivery structures of individual Partners.”

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