Skip to main content

Rigoberta Menchú Tum, Prémio Nobel da
Paz em 1992, foi uma das convidadas das Conferências do Estoril. Esta ativista
dos direitos humanos guatemalteca falou num painel dedicado à pobreza global,
ao lado de Edmund Phelps (Prémio Nobel da Economia em 2006) e de Bernard
Kouchner (Prémio Nobel da Paz em 1999).

A intervenção
de Rigoberta Menchú Tum não se alongou além dos 15 minutos mas foram os
suficientes para deixar recados em várias direções e a vários setores da
sociedade.  

Começou por lembrar os números impressionantes da pobreza no mundo, mais de 4 mil milhões de pessoas, para dizer que mais importante do que este número grande é cada um dos cidadãos que o representa: “somos a espécie humana, e esta espécie carece de igualdades, carece de oportunidades e carece de uma vida melhor.” Lembrou, a título de exemplo, que a pobreza é também não ter sequer um sítio para dormir. “Quando falamos da pobreza falamos de várias doenças, falamos de falta de oportunidade para ter casa, falamos de abandono total em lugares inóspitos. Há zonas do planeta onde não existe energia elétrica, onde não existe água potável, onde ainda não chegaram as vacinas.”

 class=

Mas, para
Rigoberta Menchú Tum, falar de pobreza é também falar da indústria de armamento
porque “o pressuposto das armas supera
toda a expectativa da própria humanidade”
, e da corrupção que considera ser
um crime contra a humanidade: “A
corrupção é um mal que está em todas as partes, não tem estatísticas. Então, se
falamos de pobreza não podemos deixar de falar das armas, da corrupção, da
impunidade.”

Referiu
também a distribuição desequilibrada da riqueza – “100 magnatas do mundo têm a maior quantidade da riqueza mundial”
, e foi nessa altura que sublinhou a importância de cada cidadão na ajuda ao
próximo: “Nós não somos magnatas mas
podemos ajudar uma pessoa, podemos dar esperança, podemos acompanhar as vítimas
dos crimes contra a humanidade.”

Depois da
intervenção principal onde falou para uma vasta audiência, Rigoberta Menchú Tum
deu uma conferência de imprensa onde referiu o problema das migrações: “Há países onde as pessoas não podem viver
por causa da violência e têm de procurar alternativas. As causas das migrações
continuam a ser económicas e políticas, continua a ser a desigualdade.”

Lembrou
também a importância da imprensa e da juventude, em quem continua a acreditar
para fazer a mudança que considera necessária: “Para mim, primeiro a juventude tem de saber quem é. Quem sou eu? Quais
são as coisas que posso fazer? Não apenas imaginar um mundo bonito mas sim
perceber o que posso fazer. E depois, com que recursos posso trabalhar.”

Sublinhou a ideia de que “é preciso ser
realista e é preciso procurar soluções”
mas nada chega sozinho, ou seja, “as pessoas têm de se empenhar.”