O Foro La Toja decorreu a 1 de abril em Lisboa na Fundação Calouste Gulbenkian. Perante a encruzilhada estratégica, onde a Europa se encontra, esta iniciativa teve como objetivo juntar diferentes protagonistas da cena política internacional, que abordaram diversas perspetivas num mundo cada vez mais incerto e imprevisível.
As questões de Defesa no cenário de uma nova ordem mundial, marcada pelas recentes propostas dos EUA, dominaram o debate. O ex-primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy defendeu que os europeus têm de cumprir os seus compromissos em matéria de segurança “é preciso gastar mais em defesa e não fazer demagogia”, salientou. “Não podemos adiar mais, esperar mais, procrastinar. Temos de investir, temos de contribuir para uma comunidade europeia de segurança e defesa”, referiu o Ministro dos Negócios Estrangeiros Português, Paulo Rangel. A propósito, o ex-vice-presidente da Comissão Europeia e ex-chefe da diplomacia europeia Josep Borrell, acrescentou que “nenhum país europeu tem neste momento capacidade para se defender sozinho” mas alertou que “suspender a ajuda ao desenvolvimento é mais grave do que Trump dizer que não quer ajudar a defender a Europa”.
“É o momento da Europa celebrar uma segunda Aliança Atlântica”, tendo como principais aliados “os países da América Latina”, o secretário-geral ibero-americano Andrés Allamand responde com este desafio à Europa, que não consegue operacionalizar o acordo União Europeia – Mercosul, mesmo “acreditando ser mais importante do que nunca neste momento”, defende o ministro da Agricultura espanhol, Luis Planas. Augusto Santos Silva, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e presidente da Assembleia da República, afirmou que é preciso a Europa “deixar de falar apenas e só em aumentar a percentagem do PIB que gasta em Defesa para se rearmar”. Considera essa linguagem é “muito perigosa” e esta visão “muito estreita”, alegando que a necessidade de investir mais em Defesa tem que ser aproveitada para “reforçar a competitividade e recuperar o atraso tecnológico”. Destacou ainda a sua visão sobre o presidente dos EUA, Donald Trump, que não é “nem o alfa, nem o ómega disto. É um ator, é o porta-voz e, em alguns momentos, é o instrumento de um projeto de poder” das empresas tecnológicas. O Presidente da República Português, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que a União Europeia deve ter “uma defesa própria”, com Portugal e Espanha no “núcleo duro”, admitindo que alguns Estados-membros queiram ficar de fora desse projeto. Esta “é uma fase decisiva” para a União Europeia, que tem de se manter “unida, forte e progressista” e lutar pelos valores democráticos, reforçou.
Publicado: Abril 2025