Sociror: “CAL abriu-nos portas nas embaixadas”
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___________________________________________________________________________________A Sociror é uma empresa de Alenquer que extrai e trabalha rochas ornamentais. A Casa da América Latina falou com José Bernardino, o Director Geral da Sociror, sobre os planos da empresa na América Latina e sobre o papel que a Casa da América Latina desempenhou para que a Sociror pudesse chegar mais facilmente àquela região.
A sua proactividade é já conhecida: não só conhece o processo todo de extracção e tratamento da pedra, mas também contacta directamente com o cliente final. Esteve recentemente na América Latina, não foi?
Sim, vim há semanas de lá. Fiz 19 voos. Estou a fazer uma prospecção de todo o mercado latino-americano, de todos os países.
E tem encontrado receptividade?
Sim. Acho que o mercado da América Latina vai estar interessado no meu produto pelo menos até 2025 ou 2030. É um mercado em crescimento. O Chile é para mim a maior referência, um país magnífico, estável, seguro. Na Colômbia estarei em breve presente numa feira. Estou também a trabalhar no Peru, com dois clientes, e tenho perspectivas de futuro lá. No Equador estarei em Agosto. O Panamá é talvez o país onde é mais difícil entrarmos, nós latinos, porque culturalmente estão mais próximos dos Estados Unidos.
Contacta directamente com os empresários locais, na América Latina. Como chega até eles?
É fácil. Há redes sociais, Câmaras de Comércio. Faz-se o trabalho de casa, bate-se à porta das pessoas, marca-se uma entrevista, espera-se.
O papel de entidades intermediárias é então fundamental.
Sim. Mais as embaixadas até do que as Câmaras de Comércio, porque estas recebem uma percentagem, não estão tão abertas ao público quanto as embaixadas. A Casa da América Latina neste sentido é como as embaixadas. Foi muito importante para a minha ida para a América Latina.
O seu plano é trabalhar directamente com vendedores de pedra trabalhada na América Latina, não tenciona colocar a SOCIROR a fabricar na região.
Exactamente. O nosso foco é o empresário e o cliente final; não temos contacto directo com a realidade legal dos países porque não queremos instalar-nos na América Latina. O importante para nós é conquistar a preferência dos arquitectos, que procuram sempre inovar nas obras que projectam, por isso a nossa pedra agrada-lhes.
Qual é o principal objectivo da Sociror na América Latina?
Queremos estar no topo, nos próximos dez anos, no mercado dos mármores. Queremos ter uma grande percentagem.
Quanto é uma percentagem grande, do seu ponto de vista?
Não quero dizer, mas uma quota de mercado interessante. A América Latina é uma das regiões que mais crescerão nos próximos anos. A Ásia é um caso diferente: compra matéria-prima, não compra produto acabado. Há muitos produtores de pedra em Portugal que estão a vender blocos de pedra para a China, que a trabalha e depois vende-a mais barato do que nós na Europa. Já vi venderem 40% mais barato. Parece-me uma política errada, porque os industriais portugueses lucram tanto com os 10% de produtos acabados que vendem como com os 80% de blocos que vendem a países asiáticos.
No mercado nacional a procura diminuiu muito nos últimos anos. Quão grande é a necessidade de exportar?
Só temos mesmo esse caminho. Não é preciso que o empresário fale inglês ou outra língua local. Só precisa de ser sério, humilde e ter um bom produto final. Não há outra forma.
Falou da Casa da América Latina, que foi intermediária no processo da sua ida para a região. Que papel foi exactamente o da CAL?
A Casa da América Latina abriu-me portas nas embaixadas. Esse é um excelente contributo, facilita muito o trabalho do empresário. A Casa da América Latina não dá o peixe, mas faz conhecer melhor o mar, o horizonte. Sem a Casa da América Latina o processo teria sido mais demorado, mais lento. E hoje, com a crise que vivemos, não podemos esperar mais tempo, temos de agir com a maior rapidez possível.