Pequeno-almoço com Embaixador de Portugal em Espanha, João Mira Gomes
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___________________________________________________________________________________Com a próxima presidência temporária da União Europeia a partir de janeiro de 2021, que corresponderá a Portugal, a Fundación Euroamerica recebeu virtualmente o Embaixador de Portugal em Espanha, João Mira Gomes. Nas palavras do Presidente da Fundação Euroamérica, Ramón Jáuregui, “num momento de extraordinária importância para a União Europeia, onde todos esperamos que em Janeiro os fundos de reestruturação da Europa comecem a funcionar e tenhamos um período de recuperação que se prolongará por alguns anos”.
A intervenção do Embaixador estruturou-se nos seguintes pontos:
– Relação entre Portugal e a América Latina, indicando que esta teve início em 1500 com a chegada ao Brasil de Pedro Álvarez Cabral, país irmão de Portugal, que tem o português como língua oficial e que está na origem da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Tudo isso sem prejuízo da estreita relação que mantêm com o resto da região, bem como com os Estados Unidos e Canadá. Com um grande número de portugueses a viver no continente, optaram por uma rede de ensino de português.
Disse ainda que o Brasil é o primeiro mercado latino-americano para as exportações portuguesas e sede de grande número de investimentos diretos portugueses. Existem também importantes investimentos brasileiros em Portugal, como o cluster aeronáutico português em Évora, a Embraer, que também representa um reforço da cooperação científica e tecnológica entre os dois países. Mas também é crescente o interesse das empresas portuguesas no mercado latino-americano, tanto pelo México e Colômbia, como também pelo Chile, Peru, Uruguai e Argentina – estando presentes nos setores agroalimentar, turismo, energia, setor vitivinícola e farmacêutico – destacando a importância da América Latina como um todo para Portugal.
– Relações entre a UE e a América Latina: “Embora, felizmente, Portugal e Espanha não sejam os únicos “amigos” da América Latina dentro da UE, são os mais empenhados em promover a América Latina como uma prioridade da política externa europeia, com base na premissa de que partilhamos os mesmos valores e objetivos”, afirmou. Embora neste momento a prioridade seja o combate à pandemia em cooperação com os países da região, há outros temas muito importantes que devem continuar a ser promovidos, como o diálogo político -recebendo as Cimeiras da UE com o México e o Brasil-; a questão comercial – é preciso avançar nos processos de aprovação dos Acordos Comerciais entre a União Européia e Mercosul, México e Chile, apontando um facto importante: o que a UE investe como um todo na América Latina é superior ao total de Investimentos da UE na China, Índia, Japão e Rússia; o diálogo sobre as mudanças climáticas ou a questão social, porque a crise que temos na Europa por causa da Covid vai ser ainda mais grave na América Latina. Por isso, afirmou que, se a América Latina é tão importante para a União Europeia, devemos desenvolver uma relação estratégica mais combinada e flexível.
– Cimeira Ibero-americana: Portugal e Espanha têm outra plataforma para as relações com a América Latina, que é a Conferência Ibero-Americana, em conjunto com Andorra, que acolhe a Cimeira em Abril do próximo ano. Uma importante área de cooperação com Espanha, Portugal e Andorra é a inovação para o desenvolvimento sustentável, o objetivo 2030, e esta Cimeira pode também ser um momento chave para revitalizar a Conferência e estabelecer um diálogo político ao mais alto nível no âmbito da Conferência Ibero-americana. Aproveitou ainda para destacar a relação cada vez mais estreita entre a Cimeira Ibero-americana e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, reafirmando a relevância que a língua e a cultura têm nas relações entre o mundo lusófono e o mundo hispânico.
– Situação na Venezuela: a crise na Venezuela tem conseqüências diretas sobre a estabilidade da América Latina, pois complica muito a cooperação regional. A UE apoia a realização de eleições livres e participativas na Venezuela. O Alto Representante Josep Borrell está tentando encontrar uma plataforma de diálogo, uma questão que não é fácil, mas necessária.
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