Webinar: O Mercosul, a sua relação com a União Europeia e o mundo pós Covid-19
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___________________________________________________________________________________A Pandemia provocada pelo Covid-19, as medidas implementadas pelo Governo do Paraguai e no contexto global do Mercosul, as negociações com a União Europeia, foram muitos os temas abordados nesta conversa entre o Ministro dos Negócio Estrangeiros do Paraguai, Antonio Rivas Palacios com a presidência pro tempore do Mercosul e José Ignacio Salafranca, Vice-presidente da Fundação Euroamerica, que aqui tentamos resumir.
Antonio Rivas, Ministro dos Negócio Estrangeiros do Paraguai, explicou que no seu país, no inicio de março, se estabeleceu uma “quarentena inteligente” de combate à pandemia, dentro da quarentena obrigatória, que consistiu em manter alguns setores da economia a laborar, como a construção civil, porém isso não impediu uma retração, principalmente nas exportações, importações e consumo interno. Mas deve-se notar que dentro de toda a região – que terá um déficit médio do PIB de 5,3% –, o Paraguai terá uma leve queda de 2,5%, esperando que até o final da pandemia o país tenha uma recuperação mais rápida, como afirma a revista The Economist. Continuando, António Rivas referiu ainda que, no quadro de coordenação estabelecido dentro do Mercosul foi decidido uma redução tarifária abrangendo os medicamentos, insumos e instrumentos médicos que possam ser determinantes para o combate ao Coronavirus. Os Fundos Estruturais do Mercosul, que não podem ser comparados com os da União Europeia, são muito importantes, pois definiram apoios determinantes, numa decisão histórica, num recorde de aprovação: em três dias esses fundos foram aprovados e destinados ao apoio a todo o sistema de saúde dos quatro países. É por isso que é importante enfatizar o seu apelo ao entendimento entre todos, de forma a garantir que a integração é um mecanismo, uma alavanca, ajudando a fortalecer o sistema de cooperação global.
Em relação ao Acordo UE-Mercosul, António Rivas, salientou que a Argentina em nenhum momento abandonou o quadro negociador do Mercosul com a União Europeia. Verificou-se ainda a manifestação da Argentina em permanecer nas negociações com a Coreia, Canadá, Singapura e Líbano. Reforçou a importância que, ao nível dos quatro países do Mercosul, as linhas de ação sejam mantidas em relação às negociações externas do Mercosul, ratificando o compromisso com a continuidade e a conclusão antecipada das negociações com a União Europeia, traduzidas na assinatura do Acordo e também com os países da EFTA. Dentro das apostas do Mercosul é importante destacar, como aspecto positivo, o facto de os países deste bloco serem produtores de alimentos, e a atual crise fará com que a primeira coisa que cada país compre ou precise – especialmente aqueles países que não são produtores de alimentos , como alguns países árabes – seja alimentos. Daí o compromisso do Mercosul em fortalecer e acelerar a matriz de produção de alimentos. Essa situação beneficiará o Mercosul, bem como outros países da União Europeia, que também são produtores de alimentos.
José Ignacio Salafranca, vice-presidente da Fundação Euroamerica recordou que o acordo EU/Mercosul leva já 20 anos de negociações e é um dos cinco blocos comerciais mais importante do planeta (…) “Para nós, como União Européia, o Mercosul, com um Produto Interno Bruto de 2,2 mil milhões e um mercado representando 275 milhões de pessoas, é um mercado realmente interessante e muito promissor; não apenas por causa do que significará na economia tarifária, mas também pela exportação de alguns produtos nos quais a União Europeia realmente tem grandes necessidades (…) Com um comércio inicial de 80 mil milhões de euros, torna a relação entre os dois blocos ainda mais crescente (…) Devemos trabalhar muito mais na divulgação dos benefícios deste Acordo: como ele ajudará a criar empregos, facilitar uma troca muito mais exclusiva de produtos e serviços e, acima de tudo, proteger, de certa forma, os cidadãos europeus que decidiram mudar-se para países latino-americanos, neste caso o Mercosul; como por exemplo, o caso de um cidadão francês que decidiu produzir queijo Gruyere na Argentina. Não temos de o punir por essa iniciativa, mas beneficiá-lo porque o Mercosul se torna uma extensão econômica, comercial e também cultural da Europa na região” salientou.
Enquanto presidente pro tempore do Mercosul, Antonio Rivas, sente-se otimista, pretende realizar um trabalho de lobby com alguns Parlamentos Europeus para que se possa explicar melhor as oportunidades criadas por este Acordo que, mencionando o caso do Paraguai, espera um aumento de 10% do PIB com a sua assinatura e implementação. A particularidade da relação América Latina-União Europeia são os laços históricos; o acervo comunitário é muito importante. “O motor fundamental da unidade em termos da cooperação é a Conferência Ibero-Americana. Porque note-se, se há uma coisa devida à Cimeira Ibero-Americana, é que a cooperação atinge o povo, os cidadãos. Por outro lado, precisamos de uma maior presença da Europa na América, porque precisamos continuar a trabalhar com países com os quais temos tantos vínculos, tendo como locomotivas dessa união Espanha e Portugal. Há espaços que criam oportunidades e hoje a China está aproveitando esse espaço que está sendo deixado para trás. É por isso que reiteramos mais uma vez a importância da presença européia na América Latina” apelou o Ministro no final da sua intervenção.
Conversa completa aqui: IV WEBINAR. Reflexiones en directo