A Casa da América Latina apresenta, no seu site oficial, a exposição virtual Viagens na Terra do Nunca, do fotógrafo Paulo Velosa.
As fotografias retratam realidades vividas na península de Yocatan, no México, testemunhadas na primeira pessoa por Paulo Velosa, e que transmitem uma sensação de ausência de limites temporais e espaciais, que o autor experimentou na terra que outrora os Maias povoaram.
“A praia, deserta, é muito longa, com uma areia muito clara e fina. É interrompida por rochedos sobre os quais se erguem as ruínas da cidadela fortificada que em tempos os Maias construíram.
A atmosfera é quente, a água do mar morna. Sopra uma brisa fresca e oiço apenas o som do mar e dos pássaros. Estou no México, na península de Yocatan, mais precisamente em Túlum.
Embora tenham decorrido quatro meses desde que parti de Lisboa, a sensação que tenho é que deixei Portugal à uma imensidão de anos, quase como se tivesse partido num século já passado. Cada mês é mais uma etapa da rota delineada há bastante tempo, que me tem levado de uma terra para outra, de cidade para cidade, de país para país. O tempo passa muito rápido, preenchido sempre com uma infindável sucessão de acontecimentos.
Cada dia, mesmo preenchidos com problemas ou contrariedades, é uma recordação que nunca poderei esquecer. Cada dia é mais um dia na terra do Nunca!
Vivo cada dia como se o passado não existisse e o futuro fosse uma ilusão.
A realidade que sinto é apenas este momento em que escrevo nesta praia onde estou. Toda a vastidão do universo estende-se apenas até ao limite da minha visão; o horizonte, o céu, a praia. Tudo o que existiu ou existirá é apenas ficção.
O tempo e o espaço deixam de ter contornos bem definidos, referenciados não por unidades temporais ou métricas, mas pelas dimensões abstratas da perceção.
Viajar na terra do nunca é descobrir esse território interior onde a harmonia entre nós próprios e o universo se estabelece.”
Paulo Velosa