A Casa da América Latina apresenta a exposição baseada no livro fotográfico Mama Meche: La Fiesta Interminable, editado pela AVE Editora, cuja realização foi possível graças ao apoio de pequenas empresas e população regional.
O livro foi apresentado na Feira do Livro de Fotografia de Lisboa 2017, na qual os autores estiveram presentes graças ao Ministério de Relações Exteriores do Peru, à Embaixada do Peru em Portugal, à Câmara Municipal de Carhuaz e ao apoio da Dircetur. Entre os fotógrafos que participaram contam-se Adrián Portugal, Marco Garro, Max Cabello, Miguel Valverde Robles, Eva Valenzuela, Steven Guío, Jhonny Norabuena, Richard Alegre e os irmãos Rubén e Marco Coral.
A festa de Mama Meche
A festividade da Virgem de las Mercedes, conhecida como Mama Meche pelos seus devotos, tem lugar no mês de setembro na cidade ancashina de Carhuaz, localizada no coração dos Andes peruanos. O ponto fulcral da mesma é a criação de vínculos de colaboração e irmandade entre os crentes, que podem durar toda uma vida.
Os mordomos começam, desde o início do mês de setembro, a recordar os seus “quellis” (licitadores) do seu compromisso em os apoiar. Assim, os “quellis” inundam as ruas com a sua alegria, levando as oferendas (as quais estão sujeitas ao compromisso de reciprocidade andina). Nove dias antes do momento centrral de festejo, celebra-se a Novena, que consiste na realização de missas oferecidas por cada um dos mordomos. O 23 e 24 de setembro são os dias principais, reinando a devoção pela padroeira. As celebrações são encabeçadas pelas autoridades e pelos mordomos. Após alguns dias de calma, surge a Octava: presta-se homenagem a Mama Meche através da dança. Os peregrinos e camponeses são os protagonistas desta fulgurante celebração.
A festa de Mama Meche é uma demonstração notável da transmissão de culturas características do Peru e da América Latina. O culto cristão remonta a Espanha, mas adquire uma série de características que enraízam as culturas pré-hispânicas. Desta forma, a Virgem é, não só a mãe de Jesus Cristo, mas também uma deusa andina à qual se mantém o culto. É a protetora de um povo que vive feliz sob o seu manto.