Gioconda Belli, poeta nicaraguense vencedora do XXXII Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-americana, publicada em Portugal
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___________________________________________________________________________________A poeta e romancista Gioconda Belli, vencedora do Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-americana no ano passado, está pela primeira vez publicada em Portugal.O livro, que reúne poemas de 1972 a 2023, chama-se “Sonhos que Nunca Dormem”, tem tradução de Nuno Júdice e edição Exclamação.
A autora, que se define como poeta, romancista, feminista e humanista, deu uma entrevista à Casa da América Latina por ocasião da atribuição do Prémio Rainha Sofia onde refletiu sobre o seu país, o exílio em Espanha a que se vê obrigada, a importância da poesia em tempos de guerra entre outros assuntos. Pode consultar a entrevista aqui.
Se ainda não conhece a poesia desta autora nicaraguense, deixamos-lhe um dos poemas agora disponíveis em Portugal no livro Sonhos de Nunca Dormem, edição Exclamação e tradução de Nuno Júdice.
Que és, Nicarágua?
Que és
senão um triângulo de terra
perdido na metade do mundo?
Que és
senão um voo de pássaros
guardabarrancos
cenzontles
colibris?
Que és
senão um ruído de rios
levando as pedras polidas e brilhantes
deixando pegadas de água pelos montes?
Que és
senão seios de mulher feitos de terra,
lisos, espetados e ameaçadores?
Que és
senão cantar de folhas em árvores gigantes
verdes, emaranhadas e cheias de pombas?
Que és
senão dor e pó e gritos na tarde,
– «gritos de mulheres, como de parto» – ?
Que és, Nicarágua,
senão punho crispado e bala na boca?
Que és,
Nicarágua, para me doer tanto?