Mariano Jabonero – COVID-19: ameaças e oportunidades para a educação ibero-americana
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___________________________________________________________________________________“Nos passados dias 21 e 22 de novembro, realizámos em Lisboa uma importante conferência internacional sobre as línguas portuguesa e espanhola, um evento em que foi destacado o enorme potencial destas comunidades linguísticas, que integra cerca de 800 milhões de pessoas. Na ocasião, partilhámos informações e experiências e participámos em debates sobre as diferentes políticas que podem contribuir para a coesão e o desenvolvimento das nossas comunidades e dos nossos países ibero-americanos, destacando-se em particular a política educativa.
A pandemia do novo coronavírus veio alterar as prioridades e tem tido um impacto sem precedentes sobre as nossas economias, sociedades e sistemas educativos. Do ponto de vista económico, o cenário que se avizinha não poderia ser pior. Recentemente, a Comissão Económica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (CEPAL) estimou em 1,8%, a queda do PIB na região ibero-americana, uma estimativa que acaba de ser corrigida pelo Banco Mundial, que prevê uma queda significativa do PIB ibero-americano na ordem dos 4,6%. Esse valor pode piorar devido a quedas significativas nas principais economias da região, hoje lideradas pelo México, com um valor negativo que já ultrapassa 6%, a Argentina com uma queda de 5,2%, ou o Brasil com cinco pontos no vermelho. Apenas a República Dominicana e a Guiana parecem, de momento, estar livres desta catástrofe económica. Neste lado do Atlântico, a situação não é menos perturbadora: as previsões para Portugal já referem uma recessão de 3,7% e para Espanha uma queda que pode ultrapassar os 4,5%. Apesar disso, a recuperação nos dois países peninsulares pode vir a ser mais rápida do que a dos países do continente americano.
Este cenário macroeconómico tem consequências nas políticas sociais, no desenvolvimento e no bem-estar da comunidade ibero-americana. As repercussões são certamente sérias: passaremos de 186 milhões de pobres para 220 milhões, para além de outros 91 milhões de pobreza extrema; a oferta de emprego será drasticamente reduzida, penalizando especialmente jovens e mulheres. Importa salientar que as mulheres, além de desempenharem a maior parte das tarefas domésticas, estão na primeira linha da luta contra a pandemia, representando cerca de 75% no apoio aos idosos, aos dependentes e nos serviços de saúde. Finalmente, os sistemas de segurança social terão sérias dificuldades em dar a resposta que os cidadãos merecem.”
Artigo completo: COVID-19: ameaças e oportunidades para a educação ibero-americana