José Vieira Lima: “Os efeitos da COVID-19 estão a fazer-se sentir e o seu impacto continuará a sentir-se nos aspectos económicos, sociais e organizativos das empresas”
Etiquetas: José Vieira Lima, México, Portugal Business Center
___________________________________________________________________________________José Vieira Lima é fundador do Portugal Business Center do México, uma estrutura empresarial que promove e apoia a integração de empresas portuguesas e mexicanas que tenham interesse no mercado mexicano.
A Casa da América Latina conversou com ele sobre este negócio, necessariamente afetado pelos tempos de pandemia vividos a nível mundial.
– O que é o Portuguese Business Center? Como e quando foi criado?
O PBC foi criado em 2015 através de um protocolo assinado na cidade México na altura pelo AICEP, Embaixada de Portugal no México e Banco Espírito Santo. Hoje funciona já como uma instituição de caráter privado para apoiar a integração de empresas portuguesas e mexicanas que manifestam interesse no mercado mexicano.
– Que empresas portuguesas integram o Portuguese Business Center e com que finalidade?
Desde a sua origem passaram pelo PBC empresas portuguesas e mexicanas como:
→ Ecochoice SA de CV – Energia
→ Saraiva e Associados – Arquitetura
→ JJTomé SA de CV- Sistemas eléctrico alta,baixa e média tensão
→ Controlar North America SA de CV – automatização e sistema de teste funcional
→ Marktorne SA de CV – Infraestrutura
→ Mep Latino America- Infraestrutura
→ Lodge – Sistemas de mobilidade
→ ENC – Energia Bio-Gas
– Além das portuguesas, há outras empresas de outras proveniências? Quais?
Sim empresas mexicanas com capital misto (português e mexicano)
→ Marktorne SA de CV
→ MEPLatinoamerica SA de CV
→ Lodge SA de CV
– As empresas que integram o Portuguese Business Center mantêm-se desde a sua criação até aos dias de hoje?
O modelo do PBC é o de apoiar as empresas a entrar no mercado mexicano mitigando os risco do processo às empresas que, ao fim de 3 anos devem, e se assim o considerarem necessário à sua expansão, sair do PBC para instalações próprias.
Assim aconteceu com a Controlar North America SA de CV , Lodge SA de CV e JJTomé SA de CV.
– As empresas que vos procuram e que vocês ajudaram e ajudam começaram já a sentir os efeitos da pandemia? Se sim, quais empresas e que efeitos?
Os efeitos da COVID-19 estão a fazer-se sentir e o seu impacto continuará a sentir-se nos aspectos económicos, sociais e organizativos das empresas. Contudo, é neste momento que as empresas se devem preparar para a resposta e os benefícios que este mercado regional apresenta a médio e longo prazo.
– O Portuguese Business Center também sente os efeitos da pandemia? Em que medida?
Tal como outras empresas, o impacto sente-se ao nível de como suportar os trabalhadores do PBC (não perder conhecimento adquirido é importante), e cuidar os aspectos da liquidez da empresa para o momento de regresso, em Junho.
– Uma vez que o Portuguese Business Center é, como o próprio nome indica, um modelo de negócios, como acha que esse modelo vai ser afetado pela pandemia da Covid-19?
O PBC acaba por ter ser afectado da mesma forma que as empresas que se encontram a operar dentro dos seus escritórios. Assim, procuramos apoiar estas empresas nos aspectos de contingências laborais, acordos bancários e mitigação de riscos operativos. Isto porque o PBC conta com recursos técnicos de apoio legal, fiscal, contabilidade e gestão de riscos.
– E como acha que se pode ajudar as empresas a minimizar os danos provocados pela pandemia?
A vantagem de estar no PBC em circunstâncias como estas é o facto de ter uma melhor mitigação de riscos e gestão de custos de operação, dadas as condições técnicas e de gestão do PBC.
– O Portuguese Business Center apoiou a edição de um livro de poesia de Mariana Bernárdez, durante a Feira do Livro de Gualalajara, quando Portugal foi convidado de honra. Nesse sentido, permito-me perguntar-lhe se, pessoalmente e durante dos dias de confinamento a que estamos sujeitos, tem lido poesia. Se sim, que poetas? E o que aconselharia aos leitores portugueses?
É parte da responsabilidade social do PBC, e sempre que possível, apoiar a integração da cultura entre os dois países. Sem dúvida que tive o privilégio de ler o livro da poeta mexicana (que por certo tem ascendência Galega e Andaluza) Mariana Bernárdez, e que é membro do sistema nacional de criadores de arte, e recentemente distinguida com o reconhecimento Barbara Andrade por parte da Universidade Ibero Americana pela sua trajetória académica e contribuição social.
Os dois livros de Mariana Bernardez, “Aliento” e “Escribeme en los Ojos” estão traduzidos para português pelo nosso querido poeta Nuno Júdice.
Sobre os livros que me dediquei a ler nesta quarentena, e dado que cresci em Moçambique e que tenho um certo carinho pela literatura do continente africano, aqui vai uma breve lista.
→ Todos Cuenta, Narrativa Africana Contemporánea (1960-2003) – Textos de Difusión Cultural de la UNAM
→ La Expedición al Baobab – Wilma Stockenstrom
→ Los Desorientados – Amin Maalouf
Entrevista realizada por Raquel Marinho