Mercosul e a Aliança do Pacífico em negociações com a União Europeia

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As opções de convergência entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico nas negociações com a União Europeia foram o mote para uma mesa redonda, realizada no passado dia 27 de outubro, no ISCTE-IUL, mediada pelo professor e Ex-Embaixador do Paraguai em Portugal, Luís Fretes Carreras, e com a participação do Ex-Embaixador da Argentina em Portugal, Jorge Arguello, e do professor doutor Bruno Cardoso Reis.

Fretes Carreras começou por salientar que o “espírito integracionista que presidiu à criação do Mercosul e da União Europeia, pautado pelos valores de solidariedade e direitos humanos sucumbiram a outras expetativas, tais como, a garantia de que os mercados possam ser competitivos”. Quais são então as novas possibilidades de convergência num contexto novo? – é a pergunta que lança ao orador convidado Jorge Arguello.

“Terminou a sintonia política que existia na América Latina com Chaves, Kirchner, Evo Morales, Rafael Correa, uma sintonia que fechou a região ao mundo”, explicou Arguello. Na Argentina, com Macri, inicia-se um novo ciclo, tendo sido definidas quatro prioridades:

A primeira é o acordo União Europeia/Mercosul, onde, estranhamente Donald Trump, tem um papel determinante ao por fim aos acordos de Parceria Trans-Pacifico (TPP), Transatlântico de Comércio e Investimento (TTIP), e fazendo avançar as negociações EU/Mercosul”, explicou. Angela Merkel, por seu lado, esteve na Argentina, e está convicta de que haverá um princípio de acordo para o final deste ano. “Eu acredito que este acordo será finalmente possível, pois estão reunidas as três condições para que este seja possível – decisão política, vontade política e contexto propício”, salientou.

A segunda é a abertura de negociações Aliança do Pacífico/Mercosul. Mesmo tendo em conta que, na Aliança do Pacífico (AP), o México é o país mais industrializado, e o comércio intra-zona da AP seja muito baixo versus um Brasil e Argentina com desenvolvimentos industriais interessantes e um Mercosul com um comércio intra-zona bastante ativo. “São duas realidades muito distintas, mas novos desafios foram colocados à região”, afirmou.

A terceira e a quarta prioridades são a realização da Cimeira da Organização Mundial de Comércio, que se realiza entre 10 e 14 de dezembro, em Buenos Aires, e a integração da Argentina na presidência do G20. “Esta Cimeira a realizar-se em Buenos Aires e é um sinal forte de mudança da economia argentina. Para esta reunião, o primeiro país que a Argentina convidou foi o vizinho Chile. Um sinal. O México será confrontado com o novo destino na América Latina. Esperam-se novas decisões”, refere, acrescentando que, por outro lado, “pela primeira vez haverá uma procura de uma agenda para a América Latina no contexto do G20, uma oportunidade que não pode ser desperdiçada”.

A terminar, Jorge Arguello refletiu sobre o “secretismo” como um inimigo das diferentes negociações. “Aquilo que não conheço, sou contra. O secretismo impede a partilha com as comunidades que servimos, comunidades que se colocam contra as negociações, porque desconhecem os termos em que se baseiam. Tem de haver uma maior partilha. E quanto ao protecionismo dos países emergentes? Porque não falar do protecionismo europeu e norte-americano?”, avançou.

O diplomata defendeu ainda que “estamos a viver novos tempos”, caracterizados pela “ausência de líderes fortes” e por “novas regras de jogo”, para as quais as instituições e os governos se devem preparar, sob pena de “perderem o comboio perante desafios que não são de amanhã, mas de hoje”.

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