Economia do Mar, uma fonte perene do eco-sistema civilizacional

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Durante o restante mês de Setembro, sempre à terça-feira, a Casa da América Latina vai publicar neste espaço um capítulo do ensaio “Economia do Mar”, escrito por Bartolomeu Lança (co-fundador MAR7 – Associação para o Desenvolvimento da Economia do Mar do Distrito de Setúbal)

A relação do Homem com a água reveste-se de notáveis condições, sendo provavelmente o inicial elo entre a natureza e transformação da sociedade. Das primeiras idas às massas aquáticas para saciar a sede, dos primeiros transportes do precioso líquido até à comunidade como forma de proteção dos ataques de animais, às primeiras formas de arte nos utensílios que demonstram o incrível processo de abstração e memória (passado-presente-futuro), aos anónimos navegadores que há milénios cruzam os oceanos da Terra, até às modernas navegações e às contemporâneas políticas do direito marítimo, da soberania e das vias de comunicação, o mar é o cenário da globalização com uma transversalidade total, das ciências às religiões, da destruição pelas catástrofes naturais, da construção à expansão das nações, e, uma significativa fonte quer de alimento como de energia, geradora de riqueza aos povos pela proximidade e abundância, mas também de pobreza pela escassez e afastamento geográfico dos corpos de água.

Em plena primavera do século XXI vive-se numa época de avanços tecnológicos importantes, que revelam ser exequível e economicamente viável o usufruto dos recursos marítimos num horizonte sustentável dado o nível de crescimento a longo prazo e as tendências demográficas em busca de segurança alimentar e de fontes alternativas dos minerais, o aumento do comércio marítimo e a inevitável urbanização costeira rápida, entre outros factores que devem balizar o conceito de Economia do Mar. Considerando estes pressupostos, poderá então o mar ser um desígnio para o futuro? Como os governos, e outros organismos da sociedade, se podem e devem alinhar? Que riscos inerentes existem? Quais os desafios humanos e naturais que se enfrentam? Quais são as oportunidades de investimento? Que oportunidades se podem desenvolver para a inovação das indústrias já existentes? E que práticas permitem a transição para a sustentabilidade sócio-ambiental? Como gerar métodos focados em promover e restaurar a saúde dos oceanos? São perguntas, a par de tantas outras, que certamente os entendidos nas matérias da governação e da diplomacia devem procurar responder, fomentando a discussão e a fraterna aproximação de ideais numa perspectiva de melhoria das condições de vida dos cidadãos.

Num contexto de princípios, os trabalhos nos assuntos do mar são multi-sectoriais, abrangentes e horizontais, pela essência são uma sociedade em estado líquido que pode avançar identificando estratégias-chave que acompanhem e reconheçam a importância dos elementos intervenientes na Economia do Mar, das mais indigentes populações costeiras às plataformas e portos-de-mar com maior capacidade de execução.

Saiba-se aplicar o conhecimento com prudência e será provável que o mar assuma mais uma vez a força económica vital para potenciar uma crescente onda de prosperidade em todo o mundo.

Restantes capítulos:
parte 2 / parte 3 / parte 4

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