Panamá e o renascimento económico da AL
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___________________________________________________________________________________Ao longo da última década, a América Latina enfrentou uma série de desafios (sociais e económicos) que a ajudaram a “deixar de ser parte do problema, para se tornarem na solução”. A frase é repetida um pouco por toda a gente, de sociólogos a economistas, de políticos a cidadãos comuns. Se tivermos ainda em conta os números, a América Latina está bem posicionada para se tornar numa das regiões mais prósperas do mundo.
À riqueza natural da região junta-se o posicionamento geográfico, uma população vasta, jovem e com formação e os inúmeros benefícios fiscais para as empresas. Não admira por isso que o número de empresas europeias e asiáticas a chegar à América Latina cresça de dia para dia.
Luis Felipe Muñoz, coordenador de Negócios Internacionais da Câmara de Comércio, Indústria e Agricultura do Panamá, que esteve em Portugal para o 1º Fórum de Exportadores organizado pela AIP_CCI no Centro de Congressos da Junqueira, em Lisboa, concorda com a ideia de renascimento económico da América Latina.
Luis Muñoz, que participava numa reunião Casa da América Latina, lembrou que o Panamá, apesar de ser um dos mercados mais pequenos da região, é muito procurado como “plataforma de ligação para outros mercados da região”. Este fator tem ajudado a que, nos últimos anos, se registassem crescimentos estáveis na ordem dos 5% a 6% (acima da média registada na América Latina).
Apesar da sua reduzida dimensão geográfica, o Panamá concentra nas suas fronteiras números impressionantes. De acordo com Luis Felipe Muñoz, existem no país “mais de 100 agências bancárias internacionais”. Além disso, recebe um grande número de viajantes em trânsito pelo continente americano e graças ao Canal do Panamá “cerca de 3% de toda a mercadoria mundial passa pelo país”.
Estes números podem vir a aumentar em breve. No último ano, o Panamá celebrou acordos com várias transportadoras aéreas europeias (entre elas a Lufthansa e a TAP) no sentido de garantir uma ligação directa entre a Europa e o Panamá – e daí a “mais de uma centena de cidades em toda a América Latina”, frisou o coordenador.
Benefícios para as empresas
Tanto no Panamá como nos países da América Latina existem as chamadas zonas francas. “São grandes áreas de terreno, pensadas para atrair as maiores empresas multinacionais”, esclarece Luis Filipe Muñoz, antes de acrescentar que as zonas francas “apresentam inúmeros benefícios fiscais, e infra-estruturas como portos e aeroportos”. Uma vez aí instaladas, as empresas passam a usufruir de benefícios como a isenção de impostos e rendas mais baratas e, acima de tudo, de acordos comerciais e de circulação que o país tem com quase todos os países do mundo.
“Empresas como a americana Caterpillar, que exportam muito para a América Latina, acabaram por se mudar para esta região evitando custos exagerados com impostos e deslocações constantes”, exemplificou. Além disso, o estabelecimento destas empresas implica uma troca de conhecimento especializado que pode “beneficiar as empresas locais”.
À procura de aumentar investimento estrangeiro, Luis Felipe Muñoz identifica “os serviços, o turismo e a construção de infra-estruturas, sejam elas de saúde, de educação, residenciais e obras públicas no geral” como as melhores áreas para investir. Mas além da construção e dos serviços, o Panamá está interessado em fomentar o crescimento do sector primário. Muñoz conta ainda que o Governo panamenho está a estudar políticas que permitam uma articulação entre a produção agrícola e o sector do comércio, tendo em vista a exportação de bens produzidos no país, como “café, ananás ou melão” ao abrigo dos acordos de livre comércio com países que vão desde o Chile a Singapura.
A relação com a Europa
Já a relação entre o Panamá e a Europa é bem mais recente, mas nem por isso menos frutuosa. “Em 2012, celebramos acordos com a União Europeia que eliminaram várias taxas e facilitaram a obtenção de certificações que antes eram obtidas de forma bilateral. O custo do euro face ao dólar encarecia muito as nossas trocas comerciais, mas agora é mais barato importar e exportar entre os dois continentes”, explica o dirigente.
É uma oportunidade de ouro que as relações entre os dois blocos sejam “mais intensas” e para que países como Portugal entrem definitivamente naquele país. “A nossa relação com Portugal está principalmente ligada à indústria têxtil, do calçado e da metalurgia”, esclarece. Contudo, Muñoz é claro ao afirmar que os dois países ainda “não se conhecem o suficiente” e que por isso a “presença portuguesa no Panamá e vice-versa não é tão grande quanto poderá ser”.
Antes da despedida, Luis Filipe Muñoz elogiou a relação qualidade-preço dos produtos portugueses e deixou um apelo aos produtores locais: “Venham às feiras internacionais da América-Latina e tragam representantes de várias áreas, como a restauração, a produção de vinho ou o calçado. Queremos muito este ano ter uma representação de produtos portugueses na Expocomer 2016 que se realiza de 9 a 12 de março. Trata-se de uma das maiores Feiras Comerciais da América Latina. Quatro dias de contactos com mais de 2.500 compradores e representações de todos os continentes. Estamos convictos que a casa da América Latina poderá dar um excelente contributo para a vinda desta representação”.