Joelma Oliveira Gonzaga: “O primeiro passo para a superação de conflitos – e desafios – é o diálogo”

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Intervenção de Joelma Oliveira Gonzaga, Secretária do Audiovisual do Ministério da Cultura, nos Diálogos Culturais Luso-Brasileiros, que decorreram no passado dia 21 de abril, na Casa da América Latina, onde integrou o painel dedicado ao tema “Cinema e TV – Coproduções: desafios e oportunidades”.

O Desafio da Cocriação de imaginários

Certa feita, o escritor Ailton Krenak (líder indígena, pensador, filosofo e escritor brasileiro) compartilhou uma provocação em uma conferência realizada aqui em Portugal, e publicada em seu livro “Histórias para adiar o fim do mundo”. Para ele, em meio a uma sociedade que não tolera o mundo que dança, que canta e que faz chover, contar histórias é uma forma de adiar o fim do mundo.

O primeiro passo para a superação de conflitos – e desafios – é o diálogo. Diálogos que ponham tanto semelhanças quanto diferenças como possibilidades de conexão.

Nesse contexto, a possibilidade de cocriação de obras artísticas envolvendo agentes forjados em diferentes culturas, a partir de diferentes olhares e perceções de mundo, talvez, seja a materialização mais efetiva sobre como a criatividade humana é matéria-prima para adiarmos o fim do mundo.  Talvez, até mais do que isso: para não só adiarmos o fim do mundo, mas para plantarmos novos ciclos. Projetar futuros possíveis (e impossíveis) é papel das nossas imaginações, das nossas mentes fabulares e criativas.

Assim como reiterado pelo nosso presidente Lula, vamos retomar o protagonismo do Brasil no cenário internacional, retomando e ampliando nossa participação em acordos de coprodução e protocolos de cooperação internacional. O Brasil já possui 12 acordos bilaterais de coprodução e participa de um acordo multilateral internacional. Mas nossa intenção no campo audiovisual é ampliar esse escopo, estreitando laços com diferentes países, aproximando mercados, compartilhando investimentos, narrativas e estéticas.

A Comunidade de Países de Língua Portuguesa tem lugar estratégico nesse novo momento da nossa política interna e de diálogo cultural internacional.
Especialmente porque é uma comunidade estruturada a partir de um dos elementos centrais para a partilha simbólica: a língua. Temos uma língua em comum, e tantas outras semelhanças e diferenças, que é isso que dá beleza a essa Comunidade.

Mas acreditamos que podemos ser mais audaciosos em nossas partilhas entre povos, fortalecendo coproduções, intercâmbios profissionais, difusão de obras e espaços de encontro e formação.

Neste passo, nossa Secretaria do Audiovisual, nesses primeiros 3 meses de governo já reuniu com mais de 18 entidades representativas do setor no Brasil, além de agentes do mercado. Estamos em plena articulação para atuação no campo internacional em parceria com Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – APEX e o Instituto Guimarães Rosa, integrante do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, através de reuniões periódicas buscando traçar planos que materializem o reposicionamento do audiovisual brasileiro.

A escritora Carolina Maria de Jesus (escritora, compositora e poetisa brasileira), nos contou, no livro “Quarto de Despejo”, que sonhava em virar homem, porque só lia nomes masculinos como defensores da pátria. Semear imaginários múltiplos é algo urgente, e necessário. E sempre levando em consideração a primeira pessoa no singular e do plural. Não por acaso, Carolina Maria de Jesus dá nome a uma chamada pública recém lançada pelo Ministério da Cultura do Brasil, através da nossa secretaria de Formação, Livro e Leitura, para premiar novas publicações de escritoras.  Não por acaso, nos próximos dias a Secretaria do Audiovisual do Brasil irá lançar uma chamada para fomentar a produção de longas-metragens de cineastas.

Esses são apenas dois exemplos de ações que estamos construindo na gestão da Ministra Margareth Menezes e do presidente Lula, que gostaria de compartilhar com vocês, como exemplos desse novo momento que emerge no Brasil e que queremos difundir pelo mundo. São tantas histórias que precisam ser contadas, ou recontadas, que, se depender da nossa imaginação, o fim do mundo estará muito distante.

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