Peça de teatro “Intimidade Indecente” pela terceira vez em Portugal

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A peça de teatro brasileira “Intimidade Indecente” está pela terceira vez em Portugal, e estará em cena pelo país até março. A Casa da América Latina conversou com a produtora Ana Rangel e o ator brasileiro Marcos Caruso.


Ana Rangel, não é a primeira vez que a produtora Plano 6 traz esta peça a Portugal. Na verdade, é a terceira. No entanto, eu queria que a apresentasse para quem ainda não a viu. Como é que falaria dela?

Bom, eu acho que o facto de não ser a primeira vez que ela está em Portugal já diz muita coisa, não é? Na verdade, já é a terceira vez que esta peça está em Portugal, com três atrizes diferentes. Indo assim especificamente ao ponto, nós trouxemos “Intimidade Indecente” num primeiro ano em que só fez Lisboa, o sucesso foi logo incrível e revelador da carreira que ainda tinha para fazer. E, portanto, no ano seguinte o espetáculo voltou com o mesmo elenco para fazer algumas cidades e novamente Lisboa. Foi um sucesso incrível, e atrevo-me a dizer que é uma das peças “joias da coroa” que nós gostamos de apresentar porque, pessoalmente, também gostamos muito e identificamo-nos muito. Achamos que é uma peça muito especial. Voltou 10 anos, praticamente, depois. 10 anos de desafios aos atores para voltarem, que foram sendo, não diria, ignorados, mas foram sempre ultrapassados pelas vontades de se fazerem coisas diferentes, e fomos fazendo outros trabalhos. Mas o nosso Marcos Caruso acabou por ceder à tentação – eu acho que esta também é uma peça especial para ele -, e assim, em 2018 voltámos com o espetáculo, já não com a Irene Ravache porque não podia, e convidámos a atriz Vera Holtz. O espetáculo volta a Portugal e volta a registar um sucesso inacreditável. Depois, enfim, fomos assolados por uma pandemia, e a verdade é esta: eu não acredito que haja uma peça mais adequada para nós voltarmos aos palcos. É uma peça muito atual que fala de sentimentos, de carinhos, de necessidade de estar perto e, portanto, ela está mais atual do que nunca. Volta agora com uma terceira atriz. O leque de atrizes maravilhosas é também um ponto a salientar neste espetáculo. Temos agora a Eliane Giardini e, enfim, estamos de volta e vamos a cidades que ainda não foram feitas. Continuamos a receber apelos de cidades para que as possamos visitar e continuamos a receber do público esta ideia: “que bom que estão de volta, vou ver outra vez!”.

Então e, para quem não conhece, qual é a história desta “Intimidade Indecente”. Como é que descreveria sem revelar tudo?

Tem uma frase na sinopse que diz “os encontros e desencontros numa relação num casamento”, mas eu diria que, sobretudo, a frase que define melhor isto é uma grande história de amor.


Marcos Caruso © Plano 6

Marcos Caruso, está em Portugal pela terceira vez para representar esta peça. Se tivesse de escolher as palavras certas para a apresentar, para dizer às pessoas porque que é que elas devem vir vê-la, o que é que diria?

Por uma necessidade de se emocionar. Através da arte, através da vida, através da identificação imediata com o que acontece no palco e acontece no seu dia-a-dia. Uma vontade de se divertir muito, a peça é muito muito divertida. Dentro de uma relação quotidiana de um casal que vai envelhecendo, envelhece 10 anos, mais 10, e depois mais 10, e acaba por ver não só a si mesmo, como vê os seus pais, como vê os seus amigos, como vê os seus parentes, como vê os seus filhos. A peça é um grande espelho.

E ajuda a refletir, imagino.

A peça tem 3 coisas que são essenciais para o teatro: ela cumpre a função do teatro na sua totalidade quando ela diverte, emociona e faz-nos refletir. Porque existem peças em que a pessoa se diverte e sai muito feliz por ter rido, outras emociona-se um pouco, outras apenas nos fazem refletir. Quando o teatro consegue um texto, e interpretações, e direção e produção, quando tudo se junta numa união de qualidade para fazer com que estas três coisas aconteçam, acontece o que chamamos de um mega sucesso, vai além do sucesso.

“Intimidade Indecente” não é um sucesso, é um mega sucesso. Duas pessoas não falam para duas, duas pessoas falam para quatro, quatro para oito, é uma progressão não aritmética, é uma progressão geométrica no “passa a palavra”. Porquê? Porque as pessoas precisam dizer para as outras – “vá assistir, não perca isso!”. Ela cumpre essa tríade, digamos assim, que o teatro necessita.

E não há melhor marketing do que, de facto, o “passa a palavra”, não é?

Sem dúvida!

Agora, o Marcos Caruso conhece já o nosso país, não só com esta peça, com outras também. Como é que é regressar aqui, com tanta periodicidade?

Eu tenho o privilégio de poder ter estado em Portugal por mais 10 vezes, porque fui trazido pela Plano 6, que é quem está a produzir o espetáculo. Este espetáculo não é um espetáculo com produção brasileira, é um espetáculo com produção portuguesa. A Plano 6 acreditou tanto nesta peça que fez a sua própria produção. A primeira produção foi brasileira, e agora voltamos pela segunda e pela terceira vez.

Voltar a Portugal é voltar a mim, como ser humano. Eu sempre digo: “porque é que você ama Portugal?”. Eu não amo o país Portugal, eu amo o povo português. Eu já disse isso em algumas oportunidades e não me canso de repetir porque é verdade: o povo português é um povo que olha nos olhos, é um povo que se preocupa com o outro, é um povo que tem a palavra fraternidade à frente da palavra generosidade, bondade, qualquer outra palavra. A palavra fraternidade diz muito, diz tudo, eu trato o outro como se fosse um irmão. Nós no Brasil também fazemos isso, mas nós somos um pouco mais desleixados, vocês são mais atentos. Então, voltar a Portugal é voltar à raiz do ser humano. Para mim é voltar a mim.


Datas em cena:

Lisboa -Teatro Tivoli BBVA – de 26 Jan a 20 Fev.
Faro – Teatro das Figuras – de 24 a 26 Fev.
Porto – Teatro Sá da Bandeira – de 02 a 06 Mar.
Póvoa de Varzim – Cine-Teatro Garrett – 08 e 09 Março
Braga – Theatro Circo – de 10 a 12 Mar.
Madeira – Funchal – de 16 a 19 Mar.

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