Miguel Angel Prestol: “A Rep. Dominicana está em condições de exportar uma série de produtos agrícolas de alta qualidade”

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Entrevista com o Embaixador da República Dominicana em Portugal, Miguel Angel Prestol, no âmbito do Portugal Exportador 2021


– Embaixador da República Dominicana em Portugal, Miguel Angel Prestol, em que medida são estes eventos importantes para as relações comerciais entre Portugal e o seu país?

Bem, indiscutivelmente, este tipo de eventos representa um fator de uma importância singular para a República Dominicana na medida em que nos aproximamos mais das iniciativas que têm os empresários portugueses para a recuperação da economia, sobretudo num tempo como este em que a pandemia do covid-19 afetou tanto as economias dos nossos países, e em que precisamos de estudar iniciativas de recuperação da economia.

Obviamente, atrair investimentos, examinar os campos em que Portugal pode efetuar trocas com a República Dominicana na área do comércio, da indústria, do turismo, e distintas facetas que são do máximo interesse para a República Dominicana.

– Imagino que o turismo seja o setor mais importante nas relações comerciais entre a República Dominicana e Portugal. Ou é outro?

O turismo é um setor de máxima importância porque não é segredo para ninguém que Portugal chegou a ter um ‘boom’ turístico extraordinário antes da pandemia, ao nível de mais de 20 milhões de turistas por ano, segundo o que aprendemos aqui. 

A República Dominicana também levava uma tendência extraordinária na receção de turistas, não só daqueles que vão a Punta Cana e a Samaná, mas também todo o turismo que vai a Santo Domingo, a Puerto Plata, à Bahia de Las Aguilas e outros pontos interessantes do turismo no país. 

Nós pretendemos que, ampliando as frequências de voos daqui da Europa, e desde já, daqui particularmente de Portugal, se possa unir, por exemplo, Porto com Punta Cana por via aérea, e temos estado empenhados que precisamente no Porto se consiga o estabelecimento de um Cônsul Honorário que possa manter, vamos dizer, a dinâmica de relações, de maneira a que possamos incentivar mais a propaganda turística da República Dominicana. E assim, desde já, procurar que o turismo que vai à República Dominicana se interesse por Portugal, que tenhamos lá a promoção para favorecer Portugal, mas que também Portugal nos dê a oportunidade de incentivarmos essa propaganda. Quero ainda dizer que estou em conversações com executivos de companhias aéreas e tudo isso para ver em que medida nós conseguimos uma maior frequência de voos e, no final, podermos aumentar os números de visitantes que vão passar algum tempo de férias, desfrutar das praias dominicanas, sobretudo na época de frio, porque lá temos um verão permanente, e são muito belas e agradáveis.

– Para além do turismo, quais são os outros setores de negócios que podem ser explorados entre Portugal e República Dominicana?

Para além do turismo, a mim parece-me que se podem unir negócios no que tem a ver com a produção agrícola. A República Dominicana está em condições de exportar uma série de produtos agrícolas de alta qualidade, como o ananás, a manga, a banana, e uma série de outros produtos. À parte disso, podem estudar-se áreas que tenham a ver com a tecnologia que, indiscutivelmente, é uma linha no presente que requer uma dinâmica especial, uma vez que o mundo caminha para a quarta revolução industrial, como é sabido, e, portanto, a área tecnológica constitui outro fator importante. 

Mas, para além disso, há também, por exemplo, a indústria da nossa zona franca, que tem uma alta produção de têxteis. Vocês aqui em Portugal têm produção de vinhos de alta qualidade, de azeite, e Portugal poderia encontrar nichos de mercado na República Dominicana e nós, ao mesmo tempo, por exemplo, no que toca à indústria do rum, à indústria agroindustrial. 

São diversas facetas que podíamos estudar entre Portugal e a República Dominicana. 

A nossa embaixada está precisamente a elaborar projetos para procurar uma forma em que ambos os países possam beneficiar dessa linha de negócios, que podem fortalecer as relações comerciais com a República Dominicana. 

Queria acabar esta amável entrevista expressando o desejo muito marcado do governo do nosso Presidente Luis Abinader de que as autoridades portuguesas se decidam a estabelecer uma embaixada na República Dominicana, uma embaixada em Santo Domingo. Porque é certo que o embaixador português que está no México é concorrente na República Dominicana, muitos portugueses residentes em Santo Domingo e também, sobretudo, os empresários dominicanos, os comerciantes, que querem ter maior contacto com Portugal vêm-se afetados pela falta de uma embaixada que possa estabelecer o contacto, como nós estamos aqui em Portugal. 

Já a nossa embaixada está estabelecida há quase 20 anos em Lisboa. Mas estamos à espera, já tratámos com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, e prometeu-nos que em breve, diminuindo a pandemia, vão fazer um esforço para se tentar estabelecer a embaixada de Portugal na República Dominicana. Esse é um factor para nós essencial, para ter uma maior aproximação, uma relação mais estreita com Portugal, que não se limite só à área do turismo. 

Nós recebemos, entre os turistas que vão a Punta Cana, uma grande quantidade de portugueses, mas estamos empenhados numa aproximação dos distintos pontos de vista, cultural, desportivo, de produção, distintas áreas da economia. 

Um destes dias irá uma comissão de empresários portugueses à República Dominicana para estabelecer contactos com outros empresários e com instituições públicas, como a que é aqui a Câmara Municipal. Também o Ministério de Obras Públicas da República Dominicana e outras autoridades, empresários privados, etc., vão estabelecer contactos. Na realidade, temos muito empenho nesta aproximação entre Portugal e a República Dominicana.


Entrevista realizada por Raquel Marinho

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