Abraham Escobedo-Salas (México) vencedor na categoria de melhor documentário dos Prémios Sophia Estudante

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No Fim do Mundo, de Abraham Escobedo-Salas (México) foi o vencedor na categoria de melhor documentário dos Prémios Sophia Estudante, representando a Universidade Lusófona na edição de 2021.

Através de uma emissão, online, a Academia Portuguesa de Cinema revelou os 16 filmes vencedores dos Prémios Sophia Estudante. No total, concorreram a esta edição do galardão 83 curtas-metragens realizadas por estudantes de 20 escolas com cursos de cinema e audiovisual de todo o país.

A Academia Portuguesa de Cinema instituiu os Prémios Sophia Estudante como forma de incentivar e premiar os futuros cineastas como também estimular os institutos de ensino e o seu corpo docente a partilharem os resultados dos trabalhos desenvolvidos em contexto escolar.

O curso frequentado por Abraham Escobedo-Salas é realizado num contexto mais vasto, integrado no DOC NOMADS Erasmus Mundus Joint Master Degree (EMJMD) em Documentary Filmmaking, que é um programa de pós-graduação internacional de dois anos, em tempo integral, ministrado por um consórcio de três universidades europeias de destaque em três países: Portugal, Hungria e Bélgica.

A Casa da América Latina teve oportunidade de conversar um pouco com o jovem realizador mexicano:

Como acontece um realizador mexicano ser premiado em Portugal? 

Tudo começou com a integração no Erasmus Mundus. Os Mestrados Conjuntos Erasmus Mundus são programas de estudos integrados a nível de mestrado. Os programas são concebidos e ministrados por uma parceria internacional de instituições de ensino superior de diferentes países em todo o mundo.Tem sido muito importante: aprendes outros modos de vida, dos países onde estás, outras formas de trabalhar, etc.

Pode antecipar um pouco sobre o filme?

Cecilio, um viciado em drogas em dificuldades, encontra-se à margem da sociedade,  e atravessa um mundo abandonado enquanto tenta alcançar a sua família abalada, que é a única esperança de um caminho de volta à recuperação.

Como foi filmar em Portugal, um ambiente tão diferente?

Rodámos num ambiente adverso, desolado, num bairro em ruínas, e foi necessário superar a estranheza inicial dos seus habitantes. Na verdade, ser mexicano foi um fator essencial, ajudou a dissipar qualquer suspeita de que pudesse ser uma ameaça, e foi possível imergir na realidade do bairro, e compreender como vivem os seus moradores, com uma dignidade notável, na pobreza extrema.

– Uma experiência positiva?

Definitivamente. Tenho também que expressar a minha gratidão pelo apoio que senti no programa DOC NOMADS, que me permitiu ampliar tanto conhecimento e partilha.Muitas vezes há uma leitura do trabalho documental como algo meramente de registo, quando na verdade, vai muito mais além. Cada ser humano é nutrido pela experiência, cria os seus vínculos, e um projeto como estes torna claro como temos que ser mais tolerantes, abertos a conhecer melhor o mundo, graças a uma formação predominantemente humanista, a par com a cinematográfica. É-nos proposto aprofundar a reflexão, a análise, o ponto de vista. Aí sim, está a verdadeira riqueza desta experiência.


Entrevista realizada por Bernardo Vilhena

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