Até à Cimeira Ibero-americana de Andorra

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A Fundacíon Euroamerica promoveu a 30 de março, uma conversa com a Secretária-Geral Ibero-americana, Rebeca Grynspan, antecipando a XXVII Cimeira Ibero-americana que, devido à situação pandémica, teve de ser adiada, celebrando-se de forma virtual, no próximo dia 21 de abril de 2021.

Em 2020 Andorra assumiu a Secretaria Pro Tempore no final da última Cimeira de Antígua e manteve essa responsabilidade até agora. Durante o exercício da Secretaria Pro Tempore, esse país coordenou, junto com a Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB), todas as reuniões, fóruns e reuniões preparatórias da Cimeira, que terá como lema “Inovação para o desenvolvimento sustentável – Objetivo 2030. A Ibero-América enfrenta o desafio do coronavírus ”, que reunirá Chefes de Estado e de Governo de 22 países ibero-americanos. Temas como as alterações climáticas e financiamento através do FMI também serão temas fulcrais da Cimeira.

O Secretário-Geral do Serviço Europeu para a Ação Externa, Stefano Sannino, apela na sua intervenção inicial, ao esforço coletivo para criar condições para sociedades mais igualitárias também na América Latina e destaca o trabalho que a União Europeia tem feito para a transição Verde e a agenda digital, fatores decisivos na construção de sociedades mais inclusivas, “até porque estamos a iniciar uma novo marco financeiro 2021/2027, onde esses temas estão muito presentes e devem ser aproveitados”, referiu.

A América Latina, uma das regiões mais atingidas pela pandemia – “representa entre 25 e 30 por cento das mortes no mundo” -, sofreu no último ano o “duplo golpe” que supõe, por um lado, a crise sanitária e, de outro, o declínio econômico. O tema das vacinas e o risco financeiro que correm os Estados na sua produção e certificação é uma realidade que deve ser debatida.

Perante a carta de Werner Kogler, Vice-chanceler austríaco líder do Partido “Os Verdes” ao Primeiro Ministro Português, contra a ratificação do Acordo UE/Mercosul, sugerindo uma única declaração de salvaguarda aos aspetos ambientais, a posição de Rebeca Grynspan foi perentória: “A UE não pode perder esta oportunidade, até porque quase todos os países europeus têm acordos bilaterais, com quase todos os países da América Latina. Os acordos são de longo prazo, são acordos de muitas décadas, não podem ser algumas desconfianças, de alguns países que destruam o trabalho de décadas de negociações. Espanha e Portugal apoiam entre muitos outros”. Salientou ainda que estão na agenda da presidência portuguesa a modernização dos acordos de México e Chile, também por isso, a Secretária-geral não acredita na melhoria da proteção do meio ambiente sem acordos.

Rebeca Grynspan, referiu-se ainda ao XIII Encontro Ibero-americano de Negócios, uma atividade oficial da XXVII Cimeira que se realizará nos dias 19 e 20 de abril, organizado pela Secretaria-Geral Ibero-americana-SEGIB, Conselho de Empresários Ibero-americanos-CEIB e Confederação Empresarial de Andorra-CEA. O Encontro enquadrado na Cimeira centra-se na inovação para o desenvolvimento sustentável e na recuperação pós-COVID-19, com especial ênfase na inovação nas vertentes sanitária, social, económica, jurídica e ambiental, que reflete o lema da Cimeira: “Inovação para o Desenvolvimento Sustentável.” O compromisso com a Agenda 2030 e a vontade de contribuir para a realização dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de uma perspetiva puramente empresarial, aproveitando os desafios e oportunidades que eles representam, será um dos desígnios deste Encontro. Destacou-se ainda a grande preocupação com as PMEs, com a necessidade de encontrar outro modelo produtivo, porque o que existe, como provam as milhares de falências durante a pandemia, não resulta.

Encerrando este colóquio Rebeca Grynspan mencionou a possibilidade de um novo super-ciclo de matérias primas que beneficiará o Sul da América Latina, com a China a duplicar o seu PIB daqui até 2028, injetando na economia mundial muitos milhões de dólares, contudo, para o que possa ser uma grande oportunidade para a AL, também terá os seus riscos. “Para bailar com elefantes há que ter muito cuidado” alertou.

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