Susan Segal: Como é que a economia latino-americana recuperará do impacto do coronavírus?

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Para Susan Segal, presidente da organização empresarial Council of the Americas, a queda da produção na China devido à pandemia pode tornar-se uma oportunidade para os países latino-americanos fortalecerem a sua posição na cadeia produtiva global.

A economia latino-americana entrou em recessão. O impacto do coronavírus, e a queda nos preços do petróleo criaram a “tempestade perfeita” e, segundo estimativas, o Produto Interno Bruto da região terá uma contração de mais de 3%.

Em conversa com a Voz da América, Segal falou sobre como será a recuperação económica da América Latina quando passar a pandemia.

P: Como é que a região pode sobreviver ao impacto económico do coronavírus?

R: A oportunidade de ouro em tudo isto, na minha opinião pessoal, é que (…) uma das coisas que o coronavírus mostrou é que grande parte da cadeia de produção global está na China. Então, para onde é que se pode trazer essa cadeia de produção? Para a América do Norte, América Central e América do Sul.

P: De que maneira os países latino-americanos podem ocupar esse espaço?

R: Os países terão que tornar o ambiente competitivo. Não precisa ser exato em termos de custo da mão-de-obra, porque vivemos em diferentes atmosferas e realidades, mas precisa ser um pouco competitivo (…). A oportunidade de algumas empresas de tecnologia ou farmacêuticas que possuem grande parte de sua cadeia de produção na China retornar aos Estados Unidos é, na minha opinião, muito importante agora.

P: Que outros setores podem estimular a economia?

R: Há muita necessidade de infraestruturas e acho que uma das coisas boas sobre a construção de infraestruturas é que elas criam empregos rapidamente e geram crescimento. Eu acho que provavelmente há muito dinheiro multilateral para esse tipo de programas; construindo portos, estradas, ferrovias (…) no Brasil ou no México, acho que existem oportunidades desse tipo prontas para começar.

P: Que políticas os governos devem adotar para promover a recuperação?

R: Políticas favoráveis ​​ao investimento e um estado de direito consistente. Os programas sociais são críticos, mas também criam uma estrutura de investimento com regras claras para promover o investimento doméstico. Acho que é o momento em que o setor privado da América Latina terá que se levantar e trazer parte de seu dinheiro para apoiar os seus países.

P: Há algum momento histórico que eu possa seguir como exemplo?

R: Vamos pensar no que aconteceu quando Franklin Delano Roosevelt se tornou presidente dos Estados Unidos [durante a Grande Depressão] (…) ele entrou, estabeleceu uma rede de segurança social e depois teve uma grande despesa tributária. A ideia é que necessário algum gasto fiscal, a combinação de uma rede de segurança social, regras claras de investimento, estímulo fiscal e apoio óbvio dos mercados.

P: Qual é o papel das organizações multilaterais na recuperação?

R: Não será necessário apenas investimento do setor privado. O BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento] tem um grande papel, o Banco Mundial também (…), os países precisarão ter acesso à dívida e, francamente, terão que refinanciar grande parte da dívida que atualmente têm, esperançosamente de forma voluntária e organizada.

Fonte: ¿Cómo se recuperará la economía latinoamericana del impacto del coronavirus?

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