Latino-América Duo ao vivo na CAL

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10 de maio
21h30
Auditório da Casa da América Latina
Entrada: 7€ (não possuímos multibanco)

O duo brasileiro Latino-América Duo apresenta um concerto de música brasileira e latino-americana, dia 10 de maio, às 21h30, na Casa da América Latina.

A Casa da América Latina conversou com um dos músicos, José Daniel.

O Latino-América Duo nasceu quando e porquê?

O Latino-América Duo nasceu em 2009 nos corredores do conservatório de música da universidade federal de Pelotas, que é no extremo sul do Brasil. Há uma tradição de música muito grande nessa cidade, é o quinto mais antigo do Brasil. Nós éramos colegas da faculdade de música e estudámos essa tradição da guitarra clássica. E um dia resolvemos experimentar uma milonga, que é um género muito comum na nossa região, e gostámos do resultado. E aí o trabalho começou a surgir e tornou-se profissional mas começou como uma brincadeira despretensiosa de dois colegas.

Isso significa que inicialmente vocês tiravam, digamos, um partido lúdico desse encontro.

Sim. Acho que é uma das características do nosso trabalho. Porque surgiu esse nome? Porque como nós moramos no extremo sul do Brasil, ao mesmo tempo que temos influência da chamada música brasileira também temos uma influência muito grande da música da chamada América Hispânica. Então descobrimos que a nossa música, na verdade, é latino-americana. O nosso repertório brinca com as origens, várias origens, e tenta misturar melodias, misturar temas, e trazer a cultura popular para o palco, e que essa cultura popular tem uma riqueza como as demais. Claro que é uma música de origens populares mas o tratamento que lhe damos é totalmente erudito.

E como é que resulta essa mistura entre a erudição e a origem mais popular? Qual a sonoridade que resulta daí?

Eu sempre falo nessa palavra, “mosaico”. Acho que as nossas duas guitarras formam um grande mosaico sonoro. 

Mas como falaria desse ambiente sonoro?

Uma aguarela sonora que procura representar as diversas possibilidades da guitarra. Consideramos a guitarra uma mini-orquestra e tentamos extrair essa possibilidade de sons. É uma salada de frutas.

Então estavam a estudar música quando se conheceram e mantêm-se a estudar música mas agora em Portugal, é assim? 

Exato. 

Como é que isso aconteceu?

Tanto o Alexandre como eu nos conhecemos na gravação. Depois eu fiz um mestrado no sul e o Alexandre foi para o Rio de Janeiro fazer o mestrado, e no meio de tudo isso o duo foi seguindo. E até a coisa do disco surgiu assim, porque pensámos que se não tivéssemos um CD o duo terminaria. Então o disco surgiu como uma necessidade de manter o projeto. Quanto à ligação a Portugal, eu vim primeiro, sou neto de um português e então já tinha ligação familiar, para fazer o doutoramento em música na Universidade de Aveiro. O Alexandre Simon foi para o Canadá estudar e tocar guitarra. No ano passado, a meio do ano, eu comentei com ele que estava a gostar muito de estudar em Portugal e sugeri-lhe que viesse para cá. E agora, 10 anos depois, voltámos a ser colegas mas em Portugal, e no doutoramento. E desde então retomámos os trabalhos com o Duo.

E é neste âmbito que surge o disco.

É nesta âmbito que surge o disco, e até a questão do Duo já virou tema da investigação do doutoramento. Estou a estudar os processos de elaboração de arranjos para duo de guitarras.

E o Alexandre Simon está a estudar o quê?

A investigação dele é sobre novos compositores para guitarra do sul do Brasil. O objetivo é que tanto o meu trabalho como o do Alexandre resultem num novo disco.

Mas a vossa investigação e a vossa prática na guitarra traz algum elemento ou as pessoas vão encontrar sonoridades que já conhecem?

A minha investigação em particular procura explorar as possibilidades ao máximo. Eu acredito que este trabalho possa ter outras possibilidades de pensar a guitarra a partir da relação corporal e do background do instrumentista. Porque é justamente isso. Utilizar a nossa bagagem cultural para gerar novos produtos artísticos, novas músicas.

A guitarra, sendo um instrumento acompanhador, cada vez ganha mais espaço como protagonista e isso interessa-nos. 

O que diria às pessoas que vão ver-vos na casa da América Latina?

Bem, o nosso concerto acontece para celebrar os 10 anos do Duo, e vai ser o lançamento do nosso disco na Europa e de uma digressão que estamos a construir ainda. Oficialmente é na Casa da América Latina que apresentamos o disco, e procuramos apresentar um panorama sonoro e cultural do Brasil e da América Latina, em especial da América do Sul, trazendo obras de autores de diversas regiões. Começamos com música do centro do Brasil, como Pixinguinha e Ernesto Nazaré, depois descemos para o sul do Brasil e tocamos uma suite do Thiago Colombo chamada Suite Gauchesca, então já é uma outra música. Depois trazemos uma música tradicional da região do Pampa, tentando evocar a planura da região, desses campos verdes, a milonga, e isso é música tradicional. E aí vamos chegar à grande Buenos Aires e ao nuevo tango do mestre Astor Piazzola. E depois vamos subindo no mapa e vamos para o Paraguai e aí vamos tocar uma obra do Agustín Barrios Mangoré, que foi o primeiro guitarrista do mundo a fazer um registo fonográfico da guitarra, olha que interessante! E ainda vamos à Venezuela e tocamos um tema do Rodrigo Riera.

Então, é difícil resumir mas vamos tentar levar para as pessoas parte do panorama da cultura do Brasil e da América Latina através da música. Que acho que reflete a cultura de cada país e de alguma maneira a música reflete esses elementos.

Fala disto com grande paixão. 

Ah sim. Agora tocou num ponto que é importante. Enfim, a vida é maravilhosa e sendo algo precioso penso que temos de a viver com intensidade e paixão e a música exige essa paixão. Então, sim, há a paixão com o instrumento e há a vontade de chegar às pessoas. Na verdade fazemos esse trabalho com a guitarra para chegar às pessoas. Porque a música é um idioma universal e se em algum momento as pessoas forem tocadas pelo nosso trabalho, mesmo que só por 5 segundos, nós já cumprimos o nosso papel. E temos uma grande vontade de cada vez chegar a mais pessoas.

Entrevista feita por: Raquel Marinho

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