De Pre-fil: Diálogos México-Portugal

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A Casa da América Latina, nos dias 15, 16 e 18 de outubro, a associou-se à Fundação Saramago e ao Instituto Cervantes de Lisboa e co-organizou uma série de eventos que envolveram escritores, editores, promotores culturais e diplomatas de ambos os países, como preâmbulo e reflexão antes da grande festa que acontecerá em Guadalajara no final do ano.

A Casa da América Latina esteve presente na primeira das três sessões, que se dividiu em três partes distintas. Porquê Portugal? foi a pergunta que deu início à primeira parte da sessão, na qual os convidados referiram os motivos que levaram Portugal a ser o país convidado de honra da edição deste ano da Feira do Livro de Guadalajara.

Numa mesa de oradores composta por Manuela Júdice, Alfredo Pérez Bravo, Marisol Schultz e Cármen Beatriz López Portillo, foi a Secretária-Geral da Casa da América Latina a primeira a fazer uso da palavra. A comissária da presença portuguesa na FIL de Guadalajara, alvo de inúmeras referências elogiosas ao trabalho desenvolvido no âmbito da FIL durante a sessão, começou por saudar e apresentar o elenco convidado para a sessão, confessando-se, em tom humorístico “um pouco confundida”, por força do duplo papel que desempenhava naquela mesa – aludindo à heteronímia de Pessoa – Secretária-Geral da CAL e Comissária da Participação Portuguesa na FIL. No único discurso em português da primeira parte desta sessão, Manuela Júdice abordou o programa português que vai estar presente na FIL e destacou a importância deste evento para Portugal.

Alfredo Pérez Bravo apontou a programação da FIL como “magnífica” e descreveu o papel da Secretária-Geral da Casa da América Latina neste evento como “impressionante”. Por fim, o Embaixador do México em Portugal referiu-se à presença portuguesa no México como “a mais importante de sempre”. “É a primeira vez que Portugal tem um espaço tão importante no México: são nove dias em que a cultura portuguesa vai captar as atenções dos latino-americanos, por força da magnitude do evento em questão”, concluiu.

Um vídeo sobre a presença de Portugal no evento, que tem vindo a ser transmitido nos mais variados canais da televisão mexicana, e outro em jeito de resumo do que é a FIL Guadalajara antecederam a intervenção de Marisol Schultz.

A Diretora da Feira do Livro de Guadalajara explicou as razões que levaram à escolha de Portugal “Um dos motivos pelos quais Portugal foi eleito Convidado de Honra da edição deste ano foi a sua proposta cultural. Além disso, era o país ideal, já que com a sua presença completaríamos a participação de países da Ibero-América. Naturalmente, consideramos que a riqueza cultural lusa será um grande contributo, e estar na FIL é a vitrine ideal para que o mundo hispanohablante descubra o que é Portugal na atualidade, que conheça a sua música, a sua gastronomia, a sua literatura, as suas artes plásticas e cénicas, todo o espírito que caracteriza esta espantosa cultura”.

O encerramento da primeira etapa desta sessão coube a Cármen Portillo. A Reitora da Universidade del Claustro de Sor Juana, que surpreendeu ao apontar a gastronomia como um dos pontos culturais mais importantes em exibição nesta edição [que contará com a presença de inúmeros chefs portugueses], destacou que “uma das influências mais importantes da vida de Sor Juana Inés de la Cruz vem precisamente de Portugal”. “Os textos que escreveu foram feitos a partir do diálogo com Portugal”, finalizou.

A segunda parte da sessão iniciou-se ainda no decorrer da manhã, tendo como pano de fundo O poder da cultura e dos livros.

Neste encontro moderado por José María Santos Rovira (Universidade de Lisboa), e que teve como tónica as relações entre o poder e a cultura, Marcelo Teixeira disse que os livros “sempre tiveram uma relação de alguma ambiguidade com o poder”. “Os livros, que são um instrumento de poder, são naturalmente uma ameaça aos poderes estabelecidos”. O editor da Parsifal recordou ainda José Vasconcelos, escritor, advogado e filósofo mexicano que “desempenhou um papel fundamental na instrução das classes populares”.

O Diretor do Projeto Sete Palavras Rafael Ibarra, fez uma pequena descrição deste, antes de referir alguns problemas que os agentes literários – escritores, editores, entre outros – independentes sentem no mercado. Por sua vez, Francisco Ruiz, Diretor do Fundo de Cultura Económica (FCE) para a Europa, frisou a responsabilidade do fundo que representa: “Chegar a cada vez mais leitores, através das diversas plataformas existentes”.

A terceira e última parte da sessão continuou à tarde, desta feita com A noção de “trans-ibericidade” (transiberismo), numa mesa que contou com a presença de Pablo Raphael, da Embaixada do México em Portugal, e de Isabel Araújo Branco, da Universidade de Lisboa.

As duas últimas sessões de De Pre-fil: Diálogos México-Portugal tiveram lugar nos dias 16 e 18 de Agosto na Fundação Saramago e no Instituto Cervantes de Lisboa, respectivamente.

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