Raymond Castillo: “A Açucarfm trabalha para ser uma referência cultural em Lisboa”

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Raymond Castillo e Ela Hamadyk são duas das vozes da Açucarfm, programa de rádio emitido em direto na Horizonte FM (92.8), todos os sábados entre as 18 e as 19 horas. Em entrevista à Casa da América Latina, o dominicano e a polaca falaram sobre este projecto e conjeturaram o que será o Mercado da América Latina.

A Açucarfm é, atualmente, o único programa de rádio em Portugal cujo conteúdo é falado integralmente em castelhano. Como surgiu esta ideia?

Raymond: Em primeiro lugar, quero agradecer, em nome da Açucarfm, a oportunidade que nos foi dada por parte da Casa da América Latina (CAL) para falarmos um pouco sobre o nosso projecto. Aliás, faz agora um ano que a CAL nos abriu as portas e começou a apoiar o nosso projeto. A Açucarfm nasce de uma necessidade de demonstrar ao público em geral – portugueses e hispanofalantes – que também existe um pequeno espaço na rádio dirigido para a comunidade latino-americana, no qual fica patente a nossa forma de estar: o “sorrir para a vida”, uma maneira positiva de enfrentar os desafios.  Foi esta perceção que nos fez “pôr toda a carne no assador” e lançar-nos neste projecto. À imagem da CAL, a Açucar tenta ser uma referência cultural junto das comunidades residentes em Portugal.

O projecto ainda é bastante recente. Como tem visto o crescimento deste e qual o feedback que têm tido, não só das comunidades, mas também dos portugueses?

Ela: Começámos o projecto de raiz, mais chegados à comunidade dominicana. Entretanto, começámos a interagir com mais nacionalidades, nomeadamente com venezuelanos, mexicanos, cubanos, colombianos e assim sucessivamente. Com o avançar dos programas, fomos notando também a participação de bastantes portugueses. O crescimento tem sido bastante grande e sustentado. Atualmente, grande parte das pessoas oriundas da América Latina com quem falamos já sabem o que é a Açucarfm e, a pouco e pouco, temos vindo a tentar integrar os portugueses dentro do projecto.

Raymond: Vou contar-vos uma situação que aconteceu há pouco tempo: fizemos um programa a falar da bachata [dança originária da República Dominicana] e tivemos dominicanos e portugueses a trocar ideias sobre esta dança. Foi interessantíssimo, porque houve uma enorme diversidade de informação que contribuiu para que ambos os lados se apaixonassem, ainda mais, pela bachata. É precisamente este tipo de interacção que queremos fomentar. 

Para além da música, é notório um cuidado em abordar outras temáticas como a informação e a educação. A conjugação destes três pilares é imprescindível para dar a conhecer a cultura latino-americana?

Raymond: Sem dúvida! A América Latina não é só salsa, bachata e merengue. Há muitos outros elementos culturais da América Latina que ainda hoje se desconhecem. Mesmo entre as comunidades latino-americanas há palavras e expressões que são completamente diferentes e isso é incrível! Toda esta diversidade cultural enriquece o nosso programa. É claro que o nosso objetivo primordial passa por entreter mas também tentamos deixar uma mensagem positiva e de esperança, bem como informações culturais relevantes.

Ela: Outra das nossas missões é tentar abarcar toda esta cultura latina que existe em Lisboa, e em Portugal, entrando em contacto com os empreendedores latinos que têm algum negócio por cá e dar-lhes visibilidade, proporcionando-lhes promover o seu projeto na nossa emissão.

 “Sonríe, somos pura Vida.!” é o lema da Açucarfm, algo que fica bem patente nas vossas emissões. Para além da língua, sentem que é este sorriso na voz que vos distingue?

Ela: [risos] Esse sorriso é genuíno! Esta alegria é algo muito característico dos latino-americanos e mesmo quando estamos no estúdio, estamos sempre a rir-nos!

Raymond: Tenho de concordar com a Ela: quando entramos no estúdio, somos invadidos automaticamente por uma energia mágica que não consigo explicar! Um dos traços mais importantes das pessoas oriundas da América Latina é que, apesar das dificuldades e das complicações, tentam sempre ser positivos! Este lema é o que simboliza a nossa comunidade. Na República Dominicana dizemos que “quando se fecha uma porta, abrem-se cinco” e é este espírito que tentamos transmitir! Estamos cansados de ouvir constantemente notícias negativas… Humildemente, penso que conseguimos relevar o que há de bom na nossa cultura.

Quais os objetivos que pretendem alcançar a médio prazo?

Ela: A ideia, desde o início, foi fazer emissões diárias, mas temos os nossos compromissos profissionais, que nos impossibilitam, por agora, de levar avante este sonho. Por outro lado, este projecto necessita de, entre outras coisas, tempo e carinho, que só se consegue com mais pessoas envolvidas.

Raymond: A questão dos patrocinadores também é importante. Como em qualquer negócio, os patrocínios são algo fundamental e estamos a abertos a todo o tipo de contactos neste sentido. 

Já pode levantar um pouco o véu sobre as novidades prometidas para setembro?

Raymond: Em setembro temos várias supresas! Por casualidade, este verão foi uma óptima “plataforma”, através da qual conhecemos outras pessoas, mais “família”. Entre outras coisas, temos uma entrevista fantástica mas não podemos adiantar muito mais!

Ela: Têm de estar atentos aos nossos programas!

Também em setembro (28, 29 e 30), a Açucarfm marcará presença no Mercado da América Latina, no Mercado da Vila, em Cascais. Quais as expectativas que depositam neste evento?

Raymond: Essencialmente, esperamos ter a oportunidade de mostrar-nos a quem ainda não nos conhece, de transmitir a nossa energia e a nossa essência! Não esquecendo que no segundo dia do evento, sábado, a nossa emissão vai ser em direto do Mercado, que vai representar um desafio incrível a vários níveis! O nosso propósito a curto prazo é dispor de meios para poder realizar este tipo de iniciativas fora do estúdio de forma mais frequente, porque lhe confere um grau ainda maior de genuinidade.

À imagem do vosso projecto, este espaço pode ser entendido como uma plataforma de divulgação do que melhor se faz na música, artesanato e dança na América Latina? 

Raymond: Se há portugueses que adoram a República Dominicana e a América Latina na sua totalidade, há lugar para continuar a oferecer o melhor da nossa cultura. Existe um nicho de mercado que pode ser aproveitado para mostrar e divulgar a nossa essência e identidade e é neste sentido que a Açucarfm trabalha, para ser uma referência cultural em Lisboa.

Ela: Sem dúvida! Mesmo entre os países latinos, que muitas vezes desconhecem os elementos culturais dos seus vizinhos!

A Casa da América Latina, responsável pela organização do Mercado da América Latina, é um dos patrocinadores institucionais da Açucarfm, tendo já colaborado juntos em diversas ocasiões. Qual a importância desta parceria para o vosso projecto?

Raymond: A CAL foi o nosso primeiro parceiro institucional e ficámos muito contentes porque queríamos associar-nos a alguma entidade credível que pudesse confirmar o valor daquilo que estamos a fazer aos olhos do mundo. Esta parceria serve, também, para que outras entidades possam certificar-se de que o nosso projecto é algo sério e valoroso, qualidades que nos são conferidas por termos o apoio da CAL.

Ela: Para além do que o Raymond já disse, temos objectivos comuns, no que à ligação cultural entre a América Latina e Portugal diz respeito. Tanto a Açucarfm como a CAL têm um compromisso social muito elevado. Estamos muito satisfeitos e agradecidos!

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