Adriana Hernandez: “Os jantares temáticos são como ter uma pequena Colômbia em casa”

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Inspirado nos autocarros típicos da Colômbia, La Chiva dá nome ao projecto de sucesso de uma família colombiana apaixonada pela gastronomia do seu país. Por ocasião do Mercado da América Latina, Adriana Hernandez conversou com a CAL sobre esta iniciativa e quais as expectativas que deposita no evento de final de Setembro.

Qual a história dos elementos desta família que atualmente são tidos, por vários críticos, como os melhores da cozinha colombiana em Portugal?

Há sete anos, o governo português entrou em contacto com o meu pai, que é médico, por força da falta de médicos nos hospitais e centros de saúde do país. Assim, mudámo-nos para Portugal: eu, os meus pais, o meu irmão e a minha filha. Inicialmente, o meu marido ficou na Colômbia mas, pouco tempo depois, acabou por vir também com a mãe. E é precisamente por causa da minha sogra que começámos este projecto: fruto da idade, estava com algumas dificuldades em arranjar emprego e aproveitava o tempo que tinha livre para dedicar-se à cozinha; assim, surgiu a ideia de rentabilizar o seu trabalho em casa, vendendo a sua comida para fora. Acabou por tornar-se uma forma de matar as saudades do nosso país, conjugando receitas mais tradicionais, feitas pela “avó”, com pratos com maior notoriedade, como as empadas colombianas gourmet e as arepas de milho branco moído, por exemplo. Também tivemos a sorte de, quando surgiu esta ideia, ser a altura do Natal e a Embaixada da Colômbia pediu-nos para sermos nós a fazer os preparativos gastronómicos para a festa de Natal da Embaixada, dando a conhecer La Chiva ao mundo.

O projecto é bastante recente mas as críticas positivas e as recomendações são já uma constante. Qual o segredo para este sucesso?

Oficialmente, o projeto tem aproximadamente um ano – apesar de já termos tido algumas participações em feiras e eventos antes do oficializar do La Chiva, inclusive com a preciosa colaboração da Casa da América Latina. Em relação ao segredo do sucesso que temos tido, penso que se deve, essencialmente, ao amor com que cozinhamos cada prato, que é feito como se fosse para a nossa família. A atenção ao detalhe, desde a confecção à preparação da embalagem, sem esquecer o lacinho, é o que nos distingue. O sabor acompanha com amor. Aproveito para explicar o nome La Chiva: fomos buscá-lo à tradição colombiana. Antigamente, quando não havia transportes próprios para as deslocações até às aldeias e vilas, este autocarro encarregava-se de levar até às pessoas os alimentos que estas precisavam, desde as galinhas ao milho. Nós fazemos o mesmo: vamos a casa dos portugueses entregar os sabores da Colômbia.

Atualmente, só vendem os vossos produtos por encomenda. A transição para uma loja é tida como um objetivo?

Sim, o nosso projeto, a longo prazo, é ter um espaço próprio aberto ao público. Atualmente, também estamos a trabalhar, através de uma importadora, para trazer produtos típicos da Colômbia e de outros países latino-americanos, tais como farinhas, doces e bebidas. A ideia passa por ter uma pequena loja online com estes artigos à venda, na qual os interessados podem adquiri-los desde Portugal.

A componente virtual está muito presente neste projecto. Neste sentido, qual a importância das redes sociais na divulgação da marca?

A importância é enorme! O projecto atingiu uma dimensão muito maior a partir do momento em que criámos contas no Instagram e no Facebook. Estas ferramentas, chamemos-lhes assim, possibilitaram aos interessados um acesso muito mais direto ao que nós fazemos e tudo isto à distância de um clique. Outro aspeto muito importante na divulgação da marca foi “o boca a boca”, a partilha da experiência entre amigos e familiares.

A maioria das encomendas são solicitadas para festas e eventos ou para refeições individuais?

Temos das duas. Há uma parte que encomenda para ter em casa, porque este tipo de comida que fazemos – as empadas, as arepas e os buñuelos, especialmente – são o petisco ideal para quando as pessoas têm vontade de comer algo com o sabor tradicional colombiano à distância de uns passinhos. As famílias colombianas e latino-americanas residentes em Portugal também representam uma parte significativa da nossa clientela. Depois, temos a outra parte: a das festas, eventos e feiras. Aproveito para dizer que nos sentimos bastante apoiados pela Embaixada da Colômbia, que nos convidam de forma regular para eventos, especialmente os mais voltados para as comunidades, pois fazem questão de partilhar a nossa gastronomia com pessoas de outros países.

Fale-nos um pouco sobre o conceito dos jantares temáticos.

Os jantares temáticos são como ter uma pequena Colômbia em casa. Disponibilizamos duas opções: ou vamos a casa das pessoas cozinhar – é uma partilha que muitas vezes acaba por ser um workshop – e é um convívio muito familiar ou vamos entregar as refeições já prontas, conforme os pedidos. Os portugueses são muito receptivos à nossa gastronomia: gostam de conhecer e de experimentar!

À imagem da Bolsa de Turismo de Lisboa e da Feira de Empreendedorismo Imigrante, sentem que o Mercado da América Latina pode ser um veículo importante na exposição do La Chiva?

Estamos muito entusiasmados com o Mercado da América Latina porque achamos que é um dos maiores eventos em que já participámos! Pelo local [Mercado da Vila, em Cascais], penso que vai contar com muitas pessoas de fora e é uma excelente oportunidade para mostrar a outra face da Colômbia, que não a do crime e do narcotráfico. A nossa gastronomia possibilita que as pessoas concebam a Colômbia como um país recheado de outras temáticas e valias interessantíssimas. A título mais pessoal é uma excelente oportunidade para La Chiva crescer enquanto projecto e abrir novos horizontes, dando a conhecer aos visitantes do mercado e turistas o melhor que a gastronomia colombiana tem para oferecer.

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