Diogo Canavarro: “know-how” europeu e recursos latino-americanos são o “casamento perfeito” da Energia Solar

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Diogo Canavarro foi um dos vencedores do Prémio Mário Quartin Graça, na vertente de Tecnologias e Ciências Naturais, com a tese “Advances in the design of solar concentrators for thermal applications”, apresentada na Universidade de Évora, e que oferece contributos significativos no âmbito da análise de concentradores solares térmicos.

Qual a importância da atribuição do Prémio Mário Quartin Graça?

O reconhecimento e valorização das áreas do saber reveste-se de uma importância crucial, pois representa um estímulo indispensável ao desenvolvimento das mesmas. Nesse sentido, o Prémio Mário Quartin Graça revela-se como um prémio muito pertinente ao destacar as áreas das ciências e tecnologias, mas também as ciências humanas e ciências económicas. O facto do prémio ser atribuído pela Casa da América Latina/Banco Santander Totta destaca-se ainda por marcar uma diferença positiva na nossa sociedade, pois permite difundir estes trabalhos através de instituições de relevo no panorama nacional bem como em países da América Latina, com quem tanto temos em comum. Estou seguro de que este prémio permitirá incentivar outros alunos e investigadores a apresentarem os seus trabalhos e verem o seu reconhecimento chegar à sociedade civil. Em termos pessoais, é imenso o estímulo deste prémio no meu trabalho. É para mim muito gratificante ver reconhecida a importância desta investigação para o desenvolvimento nesta área e suas aplicações mas também por premiar o esforço efetuado durante vários anos. Em particular desejo também que este prémio possa fomentar as relações entre Portugal e os países da América Latina, países onde a energia solar tem e terá no futuro um papel cada vez mais preponderante.

Como surgiu o seu interesse pela área dos concentradores solares para aplicações térmicas?

Tive desde sempre um grande interesse pelas ciências e tecnologias, em particular por aquelas ligadas ao sector da energia e ambiente. Mais tarde, a minha formação em Engenharia Física Tecnológica no Instituto Superior Técnico (IST) levou-me ao encontro das energias renováveis que me pareceram desde logo como uma via muito interessante e lógica para enfrentar os fortes desafios energéticos e ambientais que se avizinham. Tive nessa altura o privilégio de ter sido orientado pelo Professor Manuel Collares-Pereira e Doutor Júlio Chaves, dois reconhecidos especialistas na área da energia solar que me transmitiram os seus conhecimentos sobre as aplicações térmicas a altas temperaturas para a produção de eletricidade termosolar, tanto na tese de mestrado (IST) como de doutoramento (Universidade de Évora/Cátedra Energias Renováveis).

Qual a importância desta tecnologia num momento em que existe uma preocupação crescente com a temática da Energia Solar?

Os concentradores solares térmicos são de uma extrema relevância para o cenário de transição energética dos próximos anos. Para além de utilizarem um recurso renovável como é o sol (sendo uma tecnologia dita ‘limpa’), estes sistemas são bastante modulares e flexíveis e o seu espectro de aplicações é imenso: produção de eletricidade por via térmica, produção de calor de processo para a indústria, arrefecimento solar ou ainda a dessalinização são apenas algumas das áreas onde estas tecnologias têm e terão um papel importante.

Na América Latina também se observa um crescente interesse pelo setor…

Sim, está a crescer bastante. A nossa cátedra de Energias Renováveis tem, inclusivamente parceria com universidades no Chile, no Brasil (Pernambuco), está atribuída também uma bolsa para um aluno brasileiro vir fazer a sua tese sobre a minha orientação… E a América Latina tem o recurso – o sol. Um dos pontos com maior valor de radiação solar do mundo é o Deserto de Atacama no Chile. Mas, por outro lado, na América Latina não estão tão desenvolvidos em termos conceptuais. Na Europa temos mais know-how. Eles têm a vontade e os recurso, pelo que se dá um casamento perfeito.

E que novas abordagens se podem prever a partir das conclusões do estudo?

As abordagens passam essencialmente por melhorar a eficiência dos atuais concentradores, quer pela operação a temperaturas mais elevadas quer pela melhoria de eficiência global de conversão, tendo sempre em vista a redução de custos.

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