Rede de Cidades Magalhânicas: A volta ao mundo que inicia a globalização

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A Casa da América Latina entrevistou Nelson Fernández, Diretor de Relações Internacionais e Cooperação da Intendência de Montevideu, no âmbito do VI Encontro da Rede Mundial de Cidades Magalhânicas, da qual Lisboa assumiu a presidência. Montevideu é ainda membro observador, mas Nelson Fernández reconhece a importância da Rede para a sua cidade.

A Rede Mundial das Cidades Magalhânicas foi constituída em 2013 na cidade de Sevilha. É uma entidade associativa que pretende comemorar o 5º Centenário da Primeira Volta ao Mundo pelo navegador português Fernão de Magalhães. Lisboa assegura a presidência da Rede até à abertura das comemorações dos 500 anos da Primeira Volta ao Mundo, que se iniciarão em 2019.

Qual a importância da Rede Mundial das Cidades Magalhânicas para a união entre continentes?

Representa a união entre quatro continentes. É a primeira vez que Montevideu engloba a Rede, ainda que apenas como membro observador. Ainda não somos membros mas achamos que o papel da Rede é muito importante. Quando se cumpriram 500 anos da chegada de Cristóvão Colombo à América todo continente festejou muito, quando se cumpriram 500 anos da chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil todo o mundo festejou, por isso, também o início da primeira volta ao mundo é uma marca que deve ser destacada.

De acordo com os cronistas, Montevideu recebeu o nome que tem graças a um vigia da Nau de Fernão de Magalhães. Ele disse “monte vide eu!”, quando vinham a navegar pelo Mar Dulce ou Río de La Plata e ao longo do mesmo puderam ver o cerro de Montevideu, que tem mais de 100 metros. Quando se olha para o Uruguai, o que avistamos normalmente é país muito plano, não temos montanhas. A partir daí, todos começaram a tratar esta zona por esse nome, por mal de formação.

Penso que a Rede é também importante para a humanidade, já que esta volta ao mundo pode ser entendida como o início da globalização, que, por sua vez, trouxe vantagens e desvantagens. Vantagens, porque passou a existir uma rota para conseguir a seda e as especiarias, e desvantagens, pois a deslocação de europeus para a região introduziu enfermidades que dizimaram muitos nativos. Todos os dados históricos deverão servir para aproximar as culturas entre os países nos dias de hoje. Num mundo que tem guerra, que tem fome, discriminação e separação, esta rede deve tentar aproximar os povos e resgatar a memória dos descobridores. Aqueles que começaram uma viagem sem saber o final, e por isso estamos muito contentes por começar a fazer parte deste caminho.

Que conclusões tem tirado do VI Encontro da Rede Mundial das Cidades Magalhânicas em Lisboa?

Estamos a observar e vamos levar para o nosso perfeito os dados e conclusões que aqui tiramos depois deste encontro. Acho que é provável que venhamos a ser membros plenos da rede. Tanto Montevideu como Lisboa são membros da União de Cidades Capitais Ibero-Americanas. Já trabalhamos juntos nessa rede e, de facto, Lisboa assegura a vice-presidência da Europa, enquanto Montevideu assegura a vice-presidência do Cone Sul, e, portanto, é essencial que tenhamos boas relações.

Que tipo de oportunidades oferece a economia uruguaia em termos de investimento?

Tivemos uma grande embaixadora de Portugal no nosso país, Luísa Bastos de Almeida. Ela foi uma grande impulsionadora do investimento português no Uruguai, e agora temos uma embaixadora do Uruguai em Lisboa, Brigida Scaffo, que também é muito ativa, e que vai certamente impulsionar esse tipo de relações e oportunidades. No Uruguai temos investimentos provenientes de muitos países. Temos as energias renováveis, a hotelaria, a importação, a celulose, a indústria da carne… O Uruguai é um país muito aberto, e acho que pode ser um ótimo destino para as empresas portuguesas. Se é um local onde os americanos, os chineses, os finlandeses investem, também é um bom alvo para os portugueses e iremos recebê-los sempre com muito gosto.

O que ficou salientado na audiência das cidades com o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém?

É um grande senhor. É uma honra poder ter conhecido e participar deste encontro. Foi muito direto e apoiou o trabalho da Rede. Deu as boas vindas a todas as cidades, o que é bastante importante, tendo em conta que faz também parte do papel do governo nacional beneficiar um trabalho que oferece oportunidades para valorizar uma história que é comum entre países.

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