TAP: agora companhia de duas bandeiras

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[Testemunho de Pedro Castro – Area Manager Latin America para a TAL Aviation Group]

O dia 24 de Junho ficou marcado pela assinatura da privatização da TAP. A tão-aclamada companhia da “nossa” bandeira passou, oficialmente, a ter duas bandeiras – a Portuguesa e da maior potência da América Latina.

A TAP é já a companhia que mais passageiros transporta entre a Europa e o Brasil e vice-versa utilizando para isso o aeroporto de Lisboa como sua base – nem a actual companhia “de bandeira” do Brasil, a TAM, consegue tamanha proeza, surgindo apenas a um distante segundo lugar.

Esta posição dominante no mercado foi atingida graças às metas e estratégias laboriosamente trabalhadas pela equipa de Fernando Pinto durante 15 anos longos – estratégia essa que foi ajudada por alguns factores externos, como o crescimento económico do Brasil e como a falência da companhia VARIG que possuía uma vasta rede de destinos na Europa. A administração da TAP soube aproveitar esta oportunidade única e fazer da TAP e, consequentemente, de Lisboa o aeroporto de transito preferido entre o Brasil e a Europa. A TAP, com a sua dimensão relativamente pequena, conseguiu impor-se a outras companhias – como a TAM, a Iberia, a Lufthansa e a Air France – igualmente bem posicionadas para ocupar esse espaço.

Chegar ao primeiro lugar é difícil – manter o primeiro lugar é ainda mais difícil é. É neste contexto que o desenvolvimento das relações com a companhia aérea Brasileira Azul, proporcionado por esta privatização, irá reforçar a TAP no Brasil e permitir um acesso ainda mais profundo ao mercado Brasileiro.

Garantir que a companhia da “nossa” bandeira tenha todas as condições para continuar a ser também a companhia de “bandeira” da maior economia da América Latina nas suas deslocações para a Europa, só pode ser interpretado como uma vitória e uma mais-valia para Portugal. Não só para o nosso turismo, como também para o nosso tecido empresarial – criar o acesso, fortalecer os laços, estabelecer pontes e posicionar-se no mercado, eis alguns dos ingredientes fundamentais para o sucesso em qualquer negócio.
A TAP tem, agora mais do que nunca, duas bandeiras e numa economia cada vez mais global e globalizante isso é uma garantia para o futuro.

Ao mesmo tempo, a TAP lançou-se recentemente numa nova conquista latino-americana com a abertura de rotas para Bogotá e Panamá. A Azul, voando apenas dentro do Brasil e para a Florida, é uma companhia completamente desconhecida nos restantes países da América Latina. Os novos accionistas já determinaram os próximos objectivos imediatos: mais Brasil e mais Estados Unidos. Isto poderá dar a entender que o projecto de aprofundar a presença da TAP noutros países latino-americanos ficará, por ora, adiado. Como se de uma telenovela se tratasse, teremos de aguardar pelas cenas dos próximos capítulos para saber se a presença da TAP na região ficará restrita apenas a “mais Brasil” ou se retoma a sua ambição “mais latina”.

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