Encenadores debateram teatro na Trindade

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Claudio Hochman, António Terra, Elmer Veckio Mendoza, Marcos Flecha e Kenia Liranzo, os encenadores das peças apresentadas na Mostra Latino-Americana de Teatro, encontraram-se no dia 17 de Setembro, no Teatro da Trindade, para uma conversa sobre a situação do teatro e as diversas influências que marcaram o seu trabalho.

O argentino Claudio Hochman, autor de Que no lo vea mi madre, afirmou que “há muito de instintivo” no que faz. O teatro deve, no seu entender, ser feito necessariamente tendo em mente o seu público, pondo de parte a “lógica hermética do teatro experimental”, como muito do que, diz, é feito em Portugal e na Europa.

O encenador de Dona Margarida, Antônio Terra, disse que a crise económica dos últimos anos tornou o público de teatro menos previsível, mais diluído e abrangente. O luso-brasileiro, a viver em Portugal há 15 anos, considerou ser sua tarefa “travar a carnavalização” da encenação de origem brasileira em Portugal. Considerou ainda curioso que, no teatro português, trabalhar o olhar e o corpo seja incomum: “uma vez uma pessoa disse-me que nunca foi ensinada a gritar”.

Elmer Veckio Mendoza, o autor e encenador de Eu, a mulher macaco, referiu que a peça foi “uma criação colectiva” e progressiva. Sobre a sua obra, Mendoza afirmou: “a minha essência aparece sempre na minha obra. Não consigo fugir de mim mesmo”.

O paraguaio Marco Antonio Flecha, que trouxe a Portugal Cosechero de Historias, falou da influência do passado ditatorial do Paraguai na política cultural no país. Flecha afirmou ainda que sente como sua “responsabilidade pessoal manter a tradição” de contar histórias, que tem vindo a perder peso no seu país.

Kenia Liranzo, a autora de Retorno, recordou o período em que trabalhou no Brasil como diplomata e travou contacto com vários familiares de vítimas de tráfico. Foi nessa altura que, estudando melhor o tema, começou a conceber o que mais tarde viria a ser a peça Retorno.

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