Melingo: “O tango e o rock são paralelos”

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Daniel Melingo, cantor de tango argentino, está em Portugal para apresentar o seu novo disco Lynchera em dois concertos que contam com o apoio da Casa da América Latina. Falámos com Melingo na Casa da América Latina, onde teve ocasião de se encontrar com alguns dos seus fãs.

Começando pelo princípio, passe a expressão, como teve início a sua carreira musical?

Comecei por influência da minha família: do lado da minha mãe, os meus tios eram todos artistas de tango, bailarinos e músicos, e os meus primos eram músicos de rock. Já na família do meu pai, os meus avós eram músicos de ópera, cantores e violinistas. Fui formado por três influências distintas: o tango, a ópera e o rock. Não me recordo ao certo do momento em que comecei a tocar e a cantar, era muito miúdo. Aos 15 anos ingressei no conservatório e tocava clarinete e aos 18 entrei na Universidade de Música… O início? Não sei, sempre me lembro de ter a música por companhia num ambiente familiar musical.

Nos seus tangos aborda certos temas que o rock toma como seus, como a violência, o sexo, as drogas. Esta escolha tem a ver com a sua condição de roqueiro?

Esses são um pouco também os temas do tango; o nosso rock nacional é uma parte do tango. O rock, na forma como o escrevemos em espanhol, tem algo parecido com os ambientes de lunfardo e os ambientes de tango, de sordidez, de violência, de prostituição. Então os ambientes, as palavras e as vozes que ouvimos no tango são, também, utilizadas para o rock. As letras do tango e do rock têm um paralelismo, isto é dito pelos grandes escritores de tango e os grandes escritores de rock.

E porque descreve histórias tão tristes nas músicas que canta?

Porque faz parte do dramatismo do tango e do ambiente do lunfardo. O lunfardo não é apenas voz. É, também, um ambiente de prostituição e crime.

Pensa que os portugueses vão entender as suas letras em lunfardo?

Claro, não tenho dúvidas, porque as minhas canções são entendidas até na Finlândia e noutros lugares muito longínquos. É justamente disso que trata a interpretação e a linguagem universal que é a música: da transmissão de sentimentos.

Que novidades trazem os seus dois concertos em Portugal?

Vou apresentar o meu novo disco Lynchera. Lynchera é uma voz lunfarda que saiu ao mundo; este disco tem doze canções novas. Quase todas fazem parte deste novo espectáculo, a que acrescentarei outras mais emblemáticas de discos anteriores. O disco já está à venda em Portugal.

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